Moradores da Comunidade de São Francisco do Paraguaçu, no recôncavo baiano, que se reivindicam como descendentes de quilombolas e querem a titularidade da terra, acusam a Rede Globo de "veiculação de uma reportagem fraudulenta e tendenciosa, sem oferecer à comunidade nenhuma oportunidade para se defender".A reportagem, feita pela TV Bahia e reproduzida pelo Jornal Nacional no dia 15 de maio, afirma mostrar "o resultado estarrecedor de uma investigação" na região.
Segundo a reportagem, não haveria ali descendentes de quilombolas, mas apenas pescadores.Em nota a comunidade contesta e diz que "sequer foi ouvida, visto que a equipe de reportagem se recusou a registrar qualquer versão contrária aos interesses dos fazendeiros, cortando falas e utilizando de métodos persuasivos, já que demonstrou expressamente o objetivo de manipular e deturpar a realidade, inclusive".
Vendo a reportagem no Jornal Nacional, lendo a nota que a contesta e assistindo ainda a um vídeo, produzido em 2006 pela Associação de Advogados de Trabalhadores Rurais e a Pastoral dos Pescadores, sobre os moradores São Francisco do Paraguaçu, a conclusão que se chega é que há algo mais que uma discussão racial em São Francisco do Paraguaçu.
Se são descendentes de quilombolas ou não, eu não sei, mas o que fica claro é que existe um grave conflito agrário na região e a reportagem da TV Bahia, afiliada da rede Globo, consciente ou não, foi até lá prestar um serviço aos poderosos da região ao tentar desmoralizar gente humilde, trabalhadores.
Se verdadeiro o conteúdo do vídeo "Território ameaçado - A luta quilombola em São Francisco do Paraguaçu" de 2006, é possível se ter uma idéia do tamanho da covardia que pode ter sido a reportagem da TV Bahia, tentando desmoralizar pessoas que lutam por um minúsculo pedaço de terra, gente ameaçada por jagunços e policiais, pela justiça, pelo executivo e agora, pelo poder da mídia.
Um pequeno detalhe chama a atenção. A reportagem coincidentemente foi feita depois que o Incra publicou que deveria "finalizar até o final de maio" relatório e mapa da região para a publicação nos diários oficiais do Estado e da União. Muita coincidência, não?
Um comentário:
Não pensem que isso seja um caso isolado. As notícias do Globo são as piores, as mais imprecisas, as mais tendenciosas, as mais contrárias aos princípios do bom jornalismo e menos comprometidas com a verdade, que já vi. E olha só: E cresci assistindo TV mexicana.
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