19/06/2007

Investimentos em energia e crescimento


Antonio Corrêa de Lacerda

Elevar as taxas de investimento na economia brasileira é fundamental para sustentar o crescimento econômico. Diante da revisão dos dados macroeconômicos realizada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), que é o órgão oficial de elaboração e divulgação das contas nacionais, os investimentos, medidos pela formação bruta de capital fixo, representaram 16,8% do Produto Interno Bruto (PIB) de 2006.


Há fortes indicações de que essa taxa deverá ser elevada para 18% esse ano. Portanto, os investimentos estão evoluindo quase 8%, acima do crescimento médio do nível de atividades, de cerca de 4%. Essa é a única garantia, no médio e longo prazos, de que a capacidade produtiva e a infra-estrutura não representarão gargalos ao crescimento sustentado.


Do ponto de vista macroeconômico, levando-se em consideração a relação capital-produto da economia brasileira, o ideal seria que os investimentos viessem a representar 22% do PIB, algo que deve ser atingido nos próximos anos, a se sustentar o atual ciclo positivo.


As carências na infraestrutura brasileira demandam investimentos anuais da ordem de R$ 88 bilhões, levando-se em conta as necessidades de aportes nas áreas de petróleo e gás, saneamento, energia e telecomunicações, segundo estudos da ABDIB (Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústria de Base).


O governo brasileiro, por meio do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), prevê, para o período 2007-2010, um montante global de investimentos públicos e privados da ordem de R$ 500 bilhões, incluindo os esforços de melhoria da infra-estrutura social.


No caso do setor de energia, há consciência de que é preciso elevar a oferta em cerca de 4.000 MW (megawats) ao ano para garantir o suprimento e evitar o racionamento, como ocorreu no ano de 2001. Para isso, será necessário acelerar os investimentos na área e solucionar as pendências de licenciamento ambiental. O Brasil tem todas as condições de manter sua matriz energética fortemente baseada em ativos renováveis, uma grande vantagem competitiva, diante da carência e dos impactos dos combustíveis fósseis ao meio ambiente.


O desafio brasileiro é não somente elevar o nível de investimentos, mas criar as condições para que os gargalos da infraestrutura sejam resolvidos, de forma a não se tornarem empecilhos ao crescimento da economia. Um fator determinante para as decisões de investimentos é o aparato regulatório, e é imprescindível que as regras do jogo sejam transparentes. Observa-se uma expressiva retomada do interesse dos investidores externos.


Depois de atingirem US$ 18 bilhões no ano passado, os fluxos de investimentos diretos estrangeiros no Brasil devem ultrapassar os US$ 25 bilhões no ano corrente, consolidando a liderança do País nesse quesito na América Latina e o segundo posto entre os paises em desenvolvimento. A perspectiva do Brasil ser classificado como grau de investimento por parte da agências internacionais de classificação de risco tem sido um fator de estímulo adicional para isso.


Antonio Corrêa de Lacerda é professor-doutor do departamento de economia da PUC-SP e autor, entre outros livros, de "Globalização e Investimento Estrangeiro no Brasil" (Saraiva). Foi presidente do Cofecon e da SOBEET.


Fale com Antonio Corrêa de Lacerda: mailto:alacerda@terra.com.br

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