O jornalista Mino Crata postou ontem a ultima matéria em seu blog, toma a atitude de sair do ar em solidariedade ao jornalista Paulo Henrique Amorim.
Mino faz parte de um time especial do jornalismo brasileiro, tem historia e mérito a mais que quase todos os jornalistas em atividade.
Foi o primeiro editor da Veja nos tempos em que esta revista era séria, enfrentou a ditadura dentro da redação, foi perseguido e censurado inúmeras vezes.
A atitude dele em fechar um dos blog mais lidos da internet em solidariedade a PHA é a conseqüência natural de uma historia de vida marcada por uma postura humanista, democrática e solidária.
Vai nos fazer falta a qualidade e a inteligência de suas postagens, esperemos que em breve possamos divulgar e acessar seu novo endereço.
Segue abaixo seus dois últimos post, o primeiro é um tapa na cara da elite paulistana, o segundo é a despedida.
Gerson
Diatribe paulistana
Mino faz parte de um time especial do jornalismo brasileiro, tem historia e mérito a mais que quase todos os jornalistas em atividade.
Foi o primeiro editor da Veja nos tempos em que esta revista era séria, enfrentou a ditadura dentro da redação, foi perseguido e censurado inúmeras vezes.
A atitude dele em fechar um dos blog mais lidos da internet em solidariedade a PHA é a conseqüência natural de uma historia de vida marcada por uma postura humanista, democrática e solidária.
Vai nos fazer falta a qualidade e a inteligência de suas postagens, esperemos que em breve possamos divulgar e acessar seu novo endereço.
Segue abaixo seus dois últimos post, o primeiro é um tapa na cara da elite paulistana, o segundo é a despedida.
Gerson
Diatribe paulistana
Meu caro Antonio Carlos Viard, São Paulo é o recanto mais reacionário do Brasil, concordo plenamente. Sou um genovês paulistano porque de certa forma me acostumei. Mas a cidade mudou demais, aquela que conheci em agosto de 1946 era muito diferente, embora a semeadura da arrogância, a retórica da “locomotiva do Brasil” e da “metrópole que mais cresce no mundo” começassem a deslanchar. Eu era muito menino, não percebi. Um livro muito interessante, “Orfeu Extático na Metrópole”, de Nicolau Sevcenko, conta essa história e localiza o momento em que a terra das grandes greves organizadas pelos anarquistas e pelos socialistas sucumbiu diante da prepotência dos senhores de café e da indústria nascente. Início dos anos 20. Além do mais, São Paulo é feia, cada vez mais feia, e monstruosamente desigual. O atual prefeito Kassab esmera-se para tirar os postes da Oscar Freire, a rua das grifes, ou de refazer as calçadas da Avenida Paulista, enquanto a periferia, e até áreas menos plebéias, não têm esgoto e galerias de águas pluviais. Sem contar a presença avassaladora de um esgoto ao ar livre representado pelos rios Pinheiros e Tietê. De caso pensado, os donos do poder paulistano cuidaram de racionar os espaços públicos até a penúria absoluta. Houve tempo em que os habitantes iam ao aeroporto de Congonhas e, deleitados, entregavam-se à sublime diversão proporcionada por aviões que pousam e levantam vôo. Hoje vão aos shoppings, movidos pela sanha consumista, ignaros e manipulados, a desconhecerem a importância da praça onde o povo discute e enfrenta os problemas coletivos. E os senhores, cheios de empáfia provinciana na exposição de falsos refinamentos? Freqüentam a Daslu e a Expand, reúnem-se em happy hours clangorosos e pelos restaurantes de uma ridícula “capital gastronômica do mundo” onde é muito difícil comer bem, e pronunciam frases feitas, lugares comuns e banalidades, aprendidos na leitura do Estadão, da Folha, da Veja e de Caras.
enviada por mino
O último post
Meu blog no iG acaba com este post. Solidarizo-me com Paulo Henrique Amorim por razões que transcendem a nossa amizade de 41 anos. O abrupto rompimento do contrato que ligava o jornalista ao portal ecoa situações inaceitáveis que tanto Paulo Henrique quanto eu conhecemos de sobejo, de sorte a lhes entender os motivos em um piscar de olhos. Não me permitirei conjecturas em relação ao poder mais alto que se alevanta e exige o afastamento. O leque das possibilidades não é, porém, muito amplo. Basta averiguar quais foram os alvos das críticas negativas de Paulo Henrique neste tempo de Conversa Afiada.
enviada por mino
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