Artigo - Julio Gomes de Almeida
Terra Magazine - O Banco Central, na Ata de sua última reunião que decidiu pela manutenção da taxa básica de juros em 11,25% a.a., surpreendeu ao anunciar que cogitou um aumento da taxa Selic. O argumento básico ventilado pelo órgão foi que o crescimento da demanda interna tem sido muito elevado. No final de semana foi a vez do Ministro da Fazenda se mostrar preocupado com maior consumo e seus possíveis efeitos sobre os preços. O Ministro acenou com restrições para os prazos dos financiamentos ao consumidor.
Terra Magazine - O Banco Central, na Ata de sua última reunião que decidiu pela manutenção da taxa básica de juros em 11,25% a.a., surpreendeu ao anunciar que cogitou um aumento da taxa Selic. O argumento básico ventilado pelo órgão foi que o crescimento da demanda interna tem sido muito elevado. No final de semana foi a vez do Ministro da Fazenda se mostrar preocupado com maior consumo e seus possíveis efeitos sobre os preços. O Ministro acenou com restrições para os prazos dos financiamentos ao consumidor.
Como cabe ressaltar, uma pressão de demanda não acende o perigo da inflação por si só; para que desperte aumentos de preços é necessário que ao lado disso a oferta de bens e serviços na economia não acompanhe a sua trajetória. O ponto básico da avaliação dos riscos de inflação está, portanto, na análise comparativa dos ritmos projetados para a demanda, de um lado, e para a oferta, de outro.
No cotejo das tendências de demanda com a oferta, a evidência das últimas pesquisas da FGV e da CNI vai na direção de que os investimentos realizados no ano passado já se traduzem em aumento de capacidade produtiva, fator que levou ao estancamento dos aumentos do grau de utilização de capacidade que vinham ocorrendo ao longo do ano passado como resultado de um ritmo de expansão da demanda maior do que a oferta doméstica, algo que não se traduziu em pressão sobre os preços devido ao aumento das importações. A propósito, os dados para a importação no primeiro bimestre desse ano, que registram acréscimo na compra de bens de capital ao redor de 50% em comparação com o primeiro bimestre do ano passado, é um indicador forte de aceleração dos investimentos na economia.
Isso deve reforçar a continuidade do crescimento da capacidade de produzir da indústria, permitindo que a aceleração da demanda do final do ano passado e o bom ritmo do consumo no início de 2008 sejam satisfeitos sem que a inflação aumente. Talvez resida em uma subestimada avaliação do ritmo com que a capacidade produtiva passou a crescer no Brasil, depois de transcorridos os períodos normais entre as decisões de investir e a real incorporação de nova capacidade ao processo produtivo, a principal diferença entre os argumentos apresentados pelo Banco Central em sua Ata, os quais, de certa forma, o Ministro da Fazenda endossou, e uma avaliação alternativa, mais otimista, sobre as perspectivas futuras de inflação. [...]
[...] Em suma, os sinais do início do ano para o consumo parecem evidenciar a manutenção do dinamismo do final do ano passado, período no qual se deu uma aceleração das vendas reais do varejo, mas não é clara uma nova aceleração do consumo. O resultado excepcional das vendas do varejo para janeiro em parte foi motivado por promoções realizadas pelo comércio e que compensaram um resultado de vendas de dezembro que não correspondeu inteiramente às expectativas do setor. Tampouco está definida a tendência do crédito, especialmente no caso dos financiamentos para as famílias, devido ao seu encarecimento em razão do aumento do IOF e da elevação dos spreads bancários. As maiores taxas dos financiamentos podem levar a um recuo da elevada expansão do crédito para pessoas físicas e desacelerar o crescimento do consumo.
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