"Minhas amigas e meus amigos, o presidente da República vem se pronunciar em cadeia nacional de rádio e televisão a fim de cumprir um dever cívico, o de alertar a sociedade para um fato que não pode passar desapercebido, porque interfere na vida institucional da nação. Quero falar da imprensa brasileira.
Antes de ir ao centro da questão, declaro que considero a imprensa uma das mais importantes e necessárias instituições de um país. Liberdade para informar tudo, principalmente sobre os governantes, é condição primeira da democracia, de maneira que sempre fui e sempre serei um defensor intransigente da liberdade de imprensa, da liberdade de informar.
A imprensa brasileira é uma das mais livres do mundo. Aliás, muitos dizem que ela abusa dessa liberdade, mas meu governo - e eu mesmo - jamais consideraremos que liberdade pode ser muita. Quanto mais liberdade, melhor. Contudo, a liberdade de imprensa deve vir sempre acompanhada de responsabilidade e de honestidade.
A imprensa pode ter preferências políticas e ideológicas. Nos Estados Unidos, por exemplo, grande parte dos meios de comunicação fazem opções eleitorais, apóiam este ou aquele candidato, sem problema nenhum. O problema existe quando a imprensa faz escolhas políticas e não diz que fez. Quando isso acontece, ela está enganando seu público.
A imprensa brasileira sempre fez suas escolhas políticas no decorrer da história e essas escolhas mudaram os rumos da nação. Os grandes jornais, tevês e rádios sempre derrubaram e elegeram governos. A revolução de 31 de março de 1964, que desembocou na ditadura militar, foi possível graças à imprensa. O primeiro presidente eleito pelo voto direto depois da ditadura, foi eleito graças ao forte apoio que recebeu da imprensa.
O sentido deste pronunciamento é o de avisar aos brasileiros que a chamada grande imprensa de seu país tem lado na disputa política. A oposição ao governo Lula conta com grande simpatia dessa grande imprensa, da escrita e da eletrônica. Os veículos de imprensa que apóiam o governo ou que não atuam inclinados para algum lado político são todos de menor porte, com menor alcance, e, em geral, estão restritos à internet.
Como presidente da República, julgo que é importante prestar contas dos atos do governo que presido e quero que a imprensa acompanhe e fiscalize a forma como este ou qualquer outro governo está administrando os recursos públicos e sobre como está planejando estrategicamente a condução do país. Contudo, como venho me sentindo prejudicado por uma cobertura jornalística da grande imprensa claramente simpática às teses da oposição ao meu governo, quero exercer um direito inalienável de qualquer brasileiro, o de liberdade de expressão.
Quero recomendar aos brasileiros que prestem muita atenção no que a imprensa diz do governo que presido. Prestem atenção se essa grande imprensa fiscaliza os adversários políticos desse governo onde eles também são governo, nos Estados e Municípios, com o mesmo ímpeto que fiscaliza o governo federal. Não peço, portanto, que o governo que presido não seja investigado, mas que todos os governos, de todas as esferas da administração pública, sejam de que partido forem, sejam investigados da mesma forma.
E, principalmente, se a visão crítica sobre governos - que deve sempre existir na imprensa - é para todos ou somente para alguns, sempre do mesmo partido. Qualquer governante que não tiver ninguém se opondo a ele na imprensa, é porque é amigo dessa imprensa. Imprensa não deve ter amigos no poder, deve olhar o poder de forma crítica sempre, seja quem for que ocupe o poder. Quando a imprensa poupa de críticas e investigações algum governante, é preciso desconfiar.
De resto, peço aos brasileiros e à imprensa que continuem investigando e criticando o governo que presido, mas que a imprensa imite o conjunto da população e seja investigativa e crítica em relação a todos os políticos e não só a alguns. Que ela não recuse investigar denúncias contra uns e se empenhe em só investigar denúncias contra outros.
Muito obrigado."
Não, caro leitor, infelizmente o pronunciamento acima não foi feito pelo presidente Lula em cadeia de rádio e tevê e nem em qualquer outro fórum. Saiu da minha cabeça. É o que eu gostaria que Lula fizesse. Só que ele não faz. Chega a ser impensável que faça. É uma pena, porque ele deveria fazer. E, em minha opinião, em cadeia nacional de rádio e tevê e no horário "nobre". Vocês não concordam?
Escrito por Eduardo Guimarães às 09h18
Antes de ir ao centro da questão, declaro que considero a imprensa uma das mais importantes e necessárias instituições de um país. Liberdade para informar tudo, principalmente sobre os governantes, é condição primeira da democracia, de maneira que sempre fui e sempre serei um defensor intransigente da liberdade de imprensa, da liberdade de informar.
A imprensa brasileira é uma das mais livres do mundo. Aliás, muitos dizem que ela abusa dessa liberdade, mas meu governo - e eu mesmo - jamais consideraremos que liberdade pode ser muita. Quanto mais liberdade, melhor. Contudo, a liberdade de imprensa deve vir sempre acompanhada de responsabilidade e de honestidade.
A imprensa pode ter preferências políticas e ideológicas. Nos Estados Unidos, por exemplo, grande parte dos meios de comunicação fazem opções eleitorais, apóiam este ou aquele candidato, sem problema nenhum. O problema existe quando a imprensa faz escolhas políticas e não diz que fez. Quando isso acontece, ela está enganando seu público.
A imprensa brasileira sempre fez suas escolhas políticas no decorrer da história e essas escolhas mudaram os rumos da nação. Os grandes jornais, tevês e rádios sempre derrubaram e elegeram governos. A revolução de 31 de março de 1964, que desembocou na ditadura militar, foi possível graças à imprensa. O primeiro presidente eleito pelo voto direto depois da ditadura, foi eleito graças ao forte apoio que recebeu da imprensa.
O sentido deste pronunciamento é o de avisar aos brasileiros que a chamada grande imprensa de seu país tem lado na disputa política. A oposição ao governo Lula conta com grande simpatia dessa grande imprensa, da escrita e da eletrônica. Os veículos de imprensa que apóiam o governo ou que não atuam inclinados para algum lado político são todos de menor porte, com menor alcance, e, em geral, estão restritos à internet.
Como presidente da República, julgo que é importante prestar contas dos atos do governo que presido e quero que a imprensa acompanhe e fiscalize a forma como este ou qualquer outro governo está administrando os recursos públicos e sobre como está planejando estrategicamente a condução do país. Contudo, como venho me sentindo prejudicado por uma cobertura jornalística da grande imprensa claramente simpática às teses da oposição ao meu governo, quero exercer um direito inalienável de qualquer brasileiro, o de liberdade de expressão.
Quero recomendar aos brasileiros que prestem muita atenção no que a imprensa diz do governo que presido. Prestem atenção se essa grande imprensa fiscaliza os adversários políticos desse governo onde eles também são governo, nos Estados e Municípios, com o mesmo ímpeto que fiscaliza o governo federal. Não peço, portanto, que o governo que presido não seja investigado, mas que todos os governos, de todas as esferas da administração pública, sejam de que partido forem, sejam investigados da mesma forma.
E, principalmente, se a visão crítica sobre governos - que deve sempre existir na imprensa - é para todos ou somente para alguns, sempre do mesmo partido. Qualquer governante que não tiver ninguém se opondo a ele na imprensa, é porque é amigo dessa imprensa. Imprensa não deve ter amigos no poder, deve olhar o poder de forma crítica sempre, seja quem for que ocupe o poder. Quando a imprensa poupa de críticas e investigações algum governante, é preciso desconfiar.
De resto, peço aos brasileiros e à imprensa que continuem investigando e criticando o governo que presido, mas que a imprensa imite o conjunto da população e seja investigativa e crítica em relação a todos os políticos e não só a alguns. Que ela não recuse investigar denúncias contra uns e se empenhe em só investigar denúncias contra outros.
Muito obrigado."
Não, caro leitor, infelizmente o pronunciamento acima não foi feito pelo presidente Lula em cadeia de rádio e tevê e nem em qualquer outro fórum. Saiu da minha cabeça. É o que eu gostaria que Lula fizesse. Só que ele não faz. Chega a ser impensável que faça. É uma pena, porque ele deveria fazer. E, em minha opinião, em cadeia nacional de rádio e tevê e no horário "nobre". Vocês não concordam?
Escrito por Eduardo Guimarães às 09h18
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