02/04/2008

VOCÊ É BAIANO OU BARIANO?


Vanda Amorim

Muita gente pergunta se sou baiana ou pernambucana, principalmente ao saberem que minha carteira de identidade foi emitida pela Secretaria de Segurança Pública de Pernambuco e que cursei jornalismo na Universidade Católica daquele estado. Sou baiana de Paulo Afonso, mas com um pé em Pernambuco - por minha mãe, Nicinha, ser de lá - e outro em Alagoas - por causa de meu pai, Nilton, alagoano brabo.

Quando eu morava em Recife (fiquei por lá seis anos), sempre que as pessoas sabiam que eu era baiana, diziam: " adoro a Bahia, as praias, o elevador Lacerda..." Percebia que elas ficavam um pouco desapontadas quando eu interrompia a divagação e dizia que eu era de Paulo Afonso. " Ah, mas você disse que era da Bahia". E eu repetia que era, mas não de Salvador. Aí era onde estava o "x" da questão. As pessoas achavam - e muitas ainda falam assim no Brasil inteiro - que a Bahia se resumia a Salvador.

Acho, aliás, que grande parte dos soteropolitano se sentiram assim nem que seja uma vez na vida - a Bahia é só Salvador. Meu filho emprestado, Cacá, quando começou a estudar, se perguntado se ele era baiano ele dizia que não: " sou soteropolitano". Muito orgulho de todos. Muitos nem sequer admitiam ser nordestinos. Hoje a coisa tá diferente, mas continuo encafifada com uma coisa: se nós baianos - e agora não falo só dos soteropolitanos - somos tão orgulhosos da nossa terra, porque muitos de nós, inclusive colegas jornalistas, ao escrever a sigla da Bahia escreve Ba, transformando de um imenso e lindo Estado em um elemento químico - o Bário? Vá lá que a imagem do Bário também parece uma festa (veja imagem abaixo), mas cada um no seu cada qual, é ou não é?

Os pernambucanos não trocam o seu Estado por padre - PE/Pe (abreviatura de padre). Os sergipanos, nossos vizinhos, não confundem seu Sergipe (SE) com o elemento químico Selênio (Se). Para os paraibanos, sua guerreira Paraíba( PB) não é Chumbo (Pb); tampouco os alagoanos trocam Alagoas (AL) por Alumínio (Al).

Aprendi, ainda no primário - hoje Ensino Fundamental - no Colégio Adozindo, com a professora Marlene, que as siglas dos estados e das regiões brasileiras são formadas por duas letras MAIÚSCULAS. Assim não fosse, nosso Nordeste (NE) seria confundido com o Neônio (Ne) e Minas Gerais (MG) com Magnésio (Mg). O Ceará (CE), com suas belas praias e sol o tempo inteiro certamente abomina ser trocado pelo radioativo Césio (Ce), aquele do acidente em Goiania, em 1987.

Tem mais: se quiserem trocar de nome, como estão fazendo, descuidadamente, muitos baianos, os catarinenses terão o Estado do Escândio (Sc), os paranaenses serão naturais de Prascodínio (Pr), os acreanos de Actínio (Ac) , os paraenses seriam de Protactínio (Pa) e os capixabas de Einstéinio (Es). Nossa cobiçada Amazônia não estaria mais localizada no Amazonas (AM), mas no Amerício (Am). Neste caso não sei se seria muito bom, porque os Estados Unidos das Américas poderia dizer que o nome é mais próprio ao seu país e querer se apossar de vez daquelas terras.

Definitivamente, não quero deixar de ser nascida na Bahia (BA) para ter no meu registro de naturalidade Paulo Afonso - Bário (Ba).

Vamos combinar uma coisa de uma vez por todas. Siglas de estados se escreve com DUAS LETRAS MAIÚSCULAS. É UFBA, não UFBa. E se vocês garantem que não estudaram isso na escola, então realmente fui e continuo sendo uma pessoa privilegiada por ter passado por professores excelentes, que tinham coragem e prazer de ensinar, mesmo em escola pública. Estudei do pré-primário ( hoje educação infantil) até o 2º ano científico ( depois 2º grau e hoje Ensino Médio) no SPEI, escolas que a CHESF mantinha em minha terra natal.

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