Francisco Peregil Em Madri
Celso Amorim, ministro das Relações Exteriores do Brasil desde 2003, esteve em Madri durante quatro dias antes de partir na sexta-feira para uma turnê que o levará à Arábia Saudita, Síria e Jordânia. Assinou com a Espanha um acordo sobre ciência e tecnologia. Com os países árabes espera estreitar as relações, o que não seria mal para um país como o Brasil, onde vivem 10 milhões de árabes e que aspira a ser membro permanente do Conselho de Segurança da ONU. Amorim também assume que seu país pretende ser uma referência na América Latina.
No entanto, em um problema tão candente quanto o das Forças Revolucionárias Armadas da Colômbia (Farc), o Brasil não adotou uma posição tão clara quanto a do governo venezuelano, que defende a legitimidade diplomática para a guerrilha mais antiga do continente, nem tão contundente quanto a posição dos EUA ou da UE, para os quais as Farc são um grupo terrorista. "Não creio que haja indefinição. O que acontece é que não sentimos a necessidade de ter posições muito eloqüentes. Em muitos casos a diplomacia recomenda um pouco de discrição.
No entanto, em um problema tão candente quanto o das Forças Revolucionárias Armadas da Colômbia (Farc), o Brasil não adotou uma posição tão clara quanto a do governo venezuelano, que defende a legitimidade diplomática para a guerrilha mais antiga do continente, nem tão contundente quanto a posição dos EUA ou da UE, para os quais as Farc são um grupo terrorista. "Não creio que haja indefinição. O que acontece é que não sentimos a necessidade de ter posições muito eloqüentes. Em muitos casos a diplomacia recomenda um pouco de discrição.
"Em vários casos na América Latina o Brasil teve um papel importante. Inclusive na Venezuela, quando houve o referendo revogatório (contra o presidente Hugo Chávez), criamos o Grupo de Amigos. No Haiti estamos presentes. Mas a questão é que o Brasil não tem a classificação de organizações terroristas. A única organização terrorista que o Brasil reconhece como tal é a Al Qaeda, e o fazemos acatando a determinação da ONU. Quando o Brasil puder atuar a favor do diálogo, o fará. Isso implica ser ativos, mas discretos. Não praticamos a diplomacia dos microfones."
Quanto às relações internacionais, Amorim não tem qualquer dúvida de como o Brasil deve se expandir. "Nossa primeira prioridade é a América do Sul. E podemos desempenhar um grande papel. De fato, nosso principal parceiro comercial é a América Latina, que abrange 26% ou 27% do nosso comércio; depois vem a União Européia, com 24%; depois os EUA, com 15%. Mas assim como nosso comércio é diversificado nossa maneira de nos integrarmos ao mundo também deve sê-lo. Nosso presidente tem uma grande capacidade de diálogo com todos os líderes, independentemente das simpatias ideológicas. Temos uma excelente relação com Cuba e com os EUA. Mas também temos uma dimensão global." O ministro das Relações Exteriores do Brasil se expressa em um espanhol perfeito, que aprendeu em seus anos de trabalho na Organização de Estados Americanos (OEA).
Celso Amorim lembra que o Brasil é o país que tem mais Institutos Cervantes no mundo, com nove centros. Lembra que o espanhol foi introduzido como matéria obrigatória no primário e no secundário, que cada vez mais brasileiros falam melhor o espanhol e gostaria que houvesse certa reciprocidade no esforço. Também recorda que a Espanha é o segundo país que mais investe no Brasil, depois dos EUA. "Agora só falta colocarmos a relação política entre os dois países no mesmo nível que a econômica."
Tradução: Luiz Roberto Mendes Gonçalves
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