UMA VERDADE INCONVENIENTE
Causei certo espanto em meus alunos, durante uma aula, quando afirmei: “A mídia não é confiável”. Afirmo isso com a certeza de quem pesquisa o tema e vê os abusos cometidos e as verdades fabricadas, em função da agenda política e comercial das empresas de comunicação.
Assim como os meus alunos, a maioria esmagadora da população não tem essa percepção e atribui uma grande credibilidade a esse setor (ver texto publicado em 23/01).
Na semana passada, quando o Banco Central anunciou que nossas reservas cambiais eram suficientes para pagar a dívida externa, o Jornal da Globo se apressou em esclarecer: o governo Lula não tem qualquer mérito no bom momento da economia. “O que nós estamos assistindo é o triunfo da ortodoxia econômica. Nós fizemos de 94 para cá a introdução de uma série de políticas econômicas (câmbio flutuante, superávit primário e meta de inflação) que foram grandes mudanças”, afirmou o comentarista Carlos Alberto Sardenberg, fazendo uma explícita alusão ao governo FHC.
“Para o economista Paulo Rabello de Castro, os bons números nas contas externas vieram com a ajuda do cenário internacional favorável nos últimos anos”, afirmou a mesma matéria do JG. Nenhum contraditório, nenhuma afirmação positiva sobre a atuação do governo Lula. A mídia quer fazer a cabeça da população e, por isso, não pode dar espaço para pensamentos diferentes. Isso não é jornalismo.
É óbvio que depois de mais de cinco anos de atuação, o governo atual tem mérito pelo sucesso da economia. Mas, como a mídia comercial está comprometida com a eleição de Serra, Alckmin ou ainda qualquer outro candidato viável da direita, os veículos se apressam em explicar que o governo Lula não faz nada de bom.
É importante lembrarmos de alguns números, que demonstram como o governo anterior deixou a desejar na condução da economia. Segundo o Banco Central, em janeiro de 1995, quando FHC tomou posse, a dívida interna correspondia a 20,7% do PIB. Oito anos depois, em dezembro de 2002 quando FHC deixou o governo a dívida interna atingiu a marca absurda de 52,36% do PIB. Já a dívida externa, passou de 19,9% do PIB (em 1995) para 41,8% do PIB (em 2002).
Para a mídia comercial – também chamada de PIG (Partido da Imprensa Golpista), pelo jornalista Paulo Henrique Amorim – os fatos são uma verdade inconveniente e, por isso, precisam ser deturpados.
http://jlfreire.blog.uol.com.br/
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