27/06/2007

Qual a droga




A Polícia prendeu o diretor da Universidade Livre do Mar e da Mata (Maramata), José da Silva Almeida, nomeado pelo prefeito Valderico Reis. O diretor é acusado de usar laranjas para comprar carros novos e por comandar o tráfico de drogas na região. As acusações não são de hoje. Tempos atrás, José Almeida, conhecido como "Almeidinha" foi preso e depois ficou foragido da Justiça, acusado destes mesmos crimes.


Agora, com esta nova ação da Justiça, não se sabe se a droga que a polícia se refere é a tal da "erva maldita" ou o "governo maldito" que o "inocente" Almeidinha participa.

Bilhete de Renan pede socorro ao PSDB


O fotógrafo Alan Marques, da Folha de S.Paulo, conseguiu esticar suas lentes e flagrar o conteúdo do bilhete entregue pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), ao líder do PSDB na casa, Arthur Virgílio (AM), na sessão de ontem. O texto diz o seguinte:


“Arthur, Precisamos resistir ao esquadrão da morte moral. Quem me conhece, sabe do meu comportamento. Para punir alguém, é preciso ter quebra de decoro e prova. Fora disso é imprensa opressiva. Você precisa me ajudar.


Renan”

ONU estima em nove bilhões o numero de habitantes da terra em 2050


O mundo terá em 2050 cerca de 2,5 bilhões de habitantes a mais do que hoje, elevando o total de moradores do planeta a 9 bilhões, estima um relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) divulgado nesta quarta-feira.


E até 2030, cinco bilhões de pessoas viverão nas cidades, o equivalente a 60% da população, disse o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA).


No ano em que o mundo ultrapassa uma marca de mais de 50% de seus 6,6 bilhões de moradores vivendo em centros urbanos, o UNFPA dedicou seu relatório anual Situação da População Mundial 2007 ao tema da urbanização.


O crescimento urbano ocorrerá quase que exclusivamente no mundo em desenvolvimento, onde em 2030 viverão 80% da população das cidades, disse a ONU.


Em 30 anos, a população urbana nos países ricos aumentará em apenas 100 milhões de pessoas, o equivalente a 11% da população urbana atual nesses países (veja quadro).


Na América Latina, 200 milhões de moradores urbanos adicionais até 2030 significarão um aumento de 50% em relação a hoje.


Já na Ásia e na África, carros-chefes do crescimento das cidades, a população urbana dobrará neste período.


Com as cidades desses continentes crescendo ao ritmo de um milhão de habitantes por semana, quase sete em cada dez cidadãos urbanos serão asiáticos ou africanos em 2030, previu o estudo.



Favelas


O cenário de concentração do crescimento urbano em cidades do mundo em desenvolvimento fez o UNFPA alertar para a conseqüente explosão das favelas.


Atualmente, um bilhão de pessoas vive em favelas, 90% das quais estão nos países em desenvolvimento e 40% na Índia ou na China.


"Na África Subsaariana, a urbanização tornou-se virtualmente sinônimo de crescimento das favelas; 72% da população urbana da região vive sob condições de favela, comparados a 56% no Sul da Ásia", disse o relatório.


"A população de favelas na África Subsaariana quase dobrou em 15 anos, alcançando cerca de 200 milhões em 2005."


Para os brasileiros, as favelas viraram a maior ilustração das grandes cidades, com milhões de habitantes. Mas o relatório ressaltou que a maior parte do crescimento se dará em cidades de menos de 500 mil habitantes.


"É preciso concentrar a atenção onde o crescimento é maior", afirmou a diretora-executiva do UNFPA, Thoraya Ahmed Obaid.


"Portanto, é preciso prestar maior atenção às cidades menores, proporcionando-lhes recursos como informação e assistência técnica (para encarar desafios futuros)."


Migração campo-cidade


O relatório disse que o crescimento urbano do futuro não se dará pela migração do campo para as cidades, e sim pelo próprio aumento das populações que já vivem nelas, e criticou políticas oficiais de alguns países de proibir ou desencorajar a movimentação do mundo rural para o urbano.

Tais políticas, hoje comuns, por exemplo, na China, também caracterizaram a América Latina nos anos 70.


"A transição urbana na América Latina ocorreu apesar de muitas políticas antiurbanas explícitas. De modo geral, a transição urbana foi positiva para o desenvolvimento", observou o relatório.


"Uma atitude proativa em relação ao inevitável crescimento urbano teria minimizado muitas de suas conseqüências negativas, particularmente a formação de favelas e a falta de serviços urbanos para os pobres."



http://www.bbc.co.uk/portuguese/

Jornalismo de resultados

O novo ombudsman da Folha de S. Paulo, Mário Magalhães, começou muito bem no serviço. Todo domingo tem um texto contundente apontando as bobagens que aparecem no jornal. Na última edição, dedicou a abertura da coluna ao irmão do presidente Lula que tanto sucesso andou fazendo na impressa apressadinha. Magalhães concorda com Elio Gaspari: Vavá foi linchado na imprensa. Corretamente, o ombudsman reclama porque a Folha não citou o nome do irmão de Lula na chamada de capa sobre o indiciamento dos suspeitos nas investigações da Operação Xeque-Mate. Vavá, como se sabe, não foi indiciado...A seguir, o texto de Mário Magalhães:



Questão de equilíbrio: se Vavá enrolado valia manchete, Vavá se desenrolando merecia ao menos um título na página mais nobre do jornal Folha de São Paulo


O aposentado Genival Inácio da Silva, irmão do presidente da República, ganhou a manchete da Folha em quatro edições de junho.


A primeira contou que a Polícia Federal qualificou Vavá como suspeito de tráfico de influência e exploração de prestígio. A terceira transcreveu gravações em que o indiciado usa o nome de Lula para obter dinheiro. Na segunda e na quarta, o chefe do Executivo manifestou convicção da inocência do irmão.


Na terça, o Ministério Público Federal acusou 39 pessoas por vários crimes, mas não incluiu Vavá na denúncia. Considerou que não havia provas contra ele na operação batizada como Xeque-Mate.


Era obrigatória a menção, em título da Primeira Página, à decisão favorável ao cidadão antes em apuros. Na edição São Paulo da quarta, o título ignorou a vitória de Vavá: "Compadre do presidente e mais 38 são denunciados".


"Dois pesos, um erro grave". Não bastava o texto da chamada da capa informar que a acusação não atingia Vavá, era preciso destacar. Questão de equilíbrio: se Vavá enrolado valia manchete, Vavá se desenrolando merecia ao menos um título na página mais nobre.


Na edição Nacional, concluída às 21h06, a Folha havia titulado na Primeira Página "Ministério Público denuncia compadre de Lula e poupa Vavá". Não era bem isso.Como explica o "Aurélio", "poupar" também tem o sentido de "ser tolerante" e "indulgenciar". O verbo editorializa, emite opinião subliminar em espaço impróprio.Pedi um comentário à Redação, que respondeu: "Na edição São Paulo (0h19), ocorreu uma rediagramação da Primeira Página em razão da nova crise aérea. A denúncia do Ministério Público, no entanto, continuou na submanchete, mas o título passou de três para duas linhas [...]".


Mais: "Nas duas edições, as chamadas relativas ao caso afirmaram com todas as letras que o irmão de Lula não havia sido denunciado e que o Ministério Público Federal pedira mais apurações sobre o suposto lobby praticado por Genival Inácio da Silva (Vavá)".
Em suma: notícia ruim para Vavá ocupou manchete; boa, limitou-se às letras pequenas do texto da chamada.

Quatro meses antes do golpe de 64, CIA taxava Goulart de "oportunista" e listava os principais inimigos no Brasil



De um calhamaço de 11 mil páginas de documentos TOP SECRET que a Central de Inteligência Americana (CIA) divulgou hoje, com análises do período da guerra fria, um diz respeito diretamente ao Brasil.


A título de avaliar a disputa entre a União Soviética e a China por influência na América Latina, em primeiro de novembro de 1963 os analistas da CIA descreveram a situação no Brasil:


"Neste país, que tem metade da população da América Latina e que é o maior alvo comunista no Hemisfério Ocidental, o grande e semi-legal Partido Comunista (PCB), de Luis Carlos Prestes, por anos tem tentado com algum sucesso expandir a influência do partido na vida política brasileira explorando a complexa rede de relacionamentos entre as forças de esquerda e as forças nacionalistas", diz o texto.


Segundo o documento, as forças mais importantes eram:


"Presidente Goulart, um oportunista que ascendeu ao poder com o apoio da esquerda e que desde então tem tentado aumentar seu poder pessoal fazendo concessões alternativamente à esquerda e à direita;

Leonel Brizola, cunhado de Goulart, ex-governador de Estado e agora deputado federal, que se tornou o líder demagogo anti-americano com propaganda amplamente financiada por empresários brasileiros;


Antonio Garcia, um deputado federal que tem tentado usar a organização dos sargentos do Exército para defender as causas da esquerda e se opor aos Estados Unidos;


Francisco Julião, um advogado que dirige a organização dos camponeses no estado de Pernambuco e tem relações próximas com (Fidel) Castro;


Miguel Arraes, o novo governador de Pernambuco que é fortemente pró-comunista e colocou o PCB numa posição forte em Pernambuco mas que aparentemente ainda não se submete à disciplina do partido;


uma variedade de comunistas, pró-comunistas e indecisos em diferentes escalões do governo Goulart (onde eles convivem com anti-comunistas); a minoria esquerdista na liderança das Forças Armadas; e as alas esquerdistas que existem em cada um dos partidos burgueses do Brasil.


A vida política no Brasil é um tanto complicada".


Quatro meses depois os militares derrubavam Goulart e assumiam o poder no Brasil, com apoio dos Estados Unidos.


Íntegra, em inglês:
https://www.cia.gov/

Os 5 de Sirlei e os 5 de Galdino

A única boa notícia do dia não aconteceu a tempo de chegar às primeiras edições dos jornais: o quinto facínora que espancou selvagemente a empregada doméstica Sirlei Dias Carvalho Pinto, de 32 anos, em um ponto de ônibus, no Rio, se entregou no fim da noite de ontem.

O tipo se chama Rodrigo Bassalo. Tem 21 anos. Estuda turismo. Apresentou-se acompanhado dos advogados e “ficou praticamente todo o tempo de cabeça baixa”, informa a Agência Estado.
Os outros são Rubens Arruda, 19, estudante de direito; Felipe Macedo Nery Neto, 20, também estudante de direito; Julio Junqueira, 21, dono de um quiosque na Barra; e Leonardo de Andrade, 19, técnico em informática.

Sirlei, que ontem teve alta, voltou ao hospital para fazer novos exames. Ela está com fratura no rosto e sente muita dor de cabeça – mau sinal.

Na cobertura da bestialidade, destaque para a entrevista da Folha com o pai de Rubens Arruda [que virou ele próprio notícia por ter sido alvejado no tiroteio entre policiais e traficantes na Ilha do Governador, que deixou três mortos e fechou por 20 minutos o Galeão].

O pai acha que o bando tinha bebido ou se drogado. “Uma pessoa normal vai fazer uma agressão dessas?”, perguntou ao repórter Sérgio Torres. Ele considera o filho “um garoto normal”.

Eram também cinco “garotos normais”, um deles menor, de classe média como os cariocas que espancaram Sirlei, os que atearam fogo no índio Galdino Jesus dos Santos, 44 anos, quando dormia no ponto de ônibus de uma praça em Brasília, na madrugada de 20 de abril de 1997.

Noventa e cinco por cento da superfície do seu corpo ficou queimada. Ele morreu na manhã seguinte, não sem antes perguntar: "Por que fizeram isso comigo?"

Para se divertir, diriam ao ser presos. Depois do divertimento, foram para casa dormir. Uma testemunha os viu, anotou a chapa do carro deles e chamou a polícia. Agora, foi a mesma coisa.

Os “normais” do Rio bateram em Sirlei porque acharam que ela era prostituta. Os de Brasília incineraram Galdino porque acharam que ele era mendigo.

A mídia já podia especular sobre o que acontecerá com os cinco de Sirlei. Dos cinco de Galdino, um – o menor – não chegou a ser preso. Os outros quatro, Tomás Oliveira de Almeida, Eron Chaves Oliveira, Max Rogério Alves e Antonio Novely Cardoso, desfrutam de liberdade condicional desde 2004.

Antes, os assassinos puderam trabalhar e estudar fora do presídio – uma ilegalidade, porque haviam sido condenados a prisão em regime fechado.

Puderam trabalhar, estudar – e cair na noite, conforme os jornais noticiavam de vez em quando.
Será de cair o queixo se a história não se repetir.