26/04/2008

Seriamos naturalmente medíocres?



Quando foi fundada nos idos de mil quinhentos e trinta e seis, nossa Ilhéus começava ali uma sina que marcaria sua historia quase quinhentista, a sina de ser medíocre, não a cidade é claro, uma das mais belas do Brasil, medíocre é a sua gente, somos-nos, calma, é claro que toda regra tem exceção, em nosso caso muitas e boas exceções, a nossa mediocridade não é exatamente individualizada neste ou naquele ser, nosso exercício de mediocridade é coletivo, uma síndrome, algo que exercemos de forma natural, mais ou menos inimaginável, mas que ao longo dos anos tornou-se uma indesejável sombra no nosso caráter coletivo.

Em 1718 quando os naturalistas alemães Philipp von Martius e Johann Batist von Spix aportaram por aqui coletando plantas que formaria mais tarde o herbário mater da botânica moderna, assim descreveram a Ilhéus que viram no inicio do século XVIII: ...Atualmente a povoação não tem uma só casa sólida, pois o Colégio dos Jesuítas, construído em 1723 com grés e tijolo, desabitado e abandonado já começa a cair em ruínas. A vila e toda a freguesia contam hoje com apenas 2.400 almas, embora seja cabeça de comarca... Quanto à educação, diligencia e atividades, são os habitantes desta região muito inferiores aos mineiros, mesmo os das vilas menores... Indolência e miséria andam também aqui de par, e, satisfeitos com seu estado de constante ociosidade, sem aspiração mais elevadas, os habitantes de Ilhéus descuidam tanto da agricultura que eles próprios não raro passam fome...

Essas impressões pouco lisonjeiras de viajantes, naturalistas, escritores e outros, se repetem em relatos diversos de muitos que aportaram por aqui ao longo destes quatro séculos e meio (Príncipe Maximiliano de Wied-Neuwied, Robert Ave-lallemant etc...), sempre a baterem na tecla da indolência, do descuido, pobreza, ociosidade e falta de aspirações.

Uma das marcas mais clara da nossa mediocridade coletiva é nosso caráter antropofágico, não aceitamos e nem gostamos do sucesso dos outros principalmente se este outro for nosso conterrâneo. Desconfia-se de todos, se alguém melhora na vida “foi golpe” se outro alguém é contemplado com uma capacidade brilhante um intelecto culto “é chato ou louco”, se é político é ladrão, se da uma opinião é lobista, é vendido, é governista ou ante-governista. Assim vamos eternizando nossa pobreza material e intelectual, nossa habilidade para o ignóbil, haverá sempre um rótulo a ser colado neste elemento ousado que ousa ter opinião e atitude. Nosso esporte predileto é ser gentil à frente e deletério as costas.

Contemporânea de Salvador, Recife, São Vicente, Olinda e Rio de Janeiro, parte ativa no cenário teatral de epopéia colonizadora Lusitânia, perdemos o bonde da historia em algum momento do passado. Dirá alguém que foram as intermináveis batalhas contra os índios como se não fora assim por toda a costa brasileira. Melhor que outras cidades tivemos sempre uma geografia privilegiada, localização centralizada na costa, abundância de terras férteis e clima propício.

Qual teria sido nosso pecado original? Qual víbora a nos servido a maçã do paraíso? Seriam as amendoeiras, arvore exótica carregadas de maus presságios nossa áspide?

A bem da verdade e justiça seja feita, os ilheenses nunca se acovardaram, basta rememorar as vitoriosas batalha contra a invasão de corsários franceses, lutas heróicas contra soldados holandeses a serviço de Mauricio de Nassau, todos enxotados na ponta do sabre por bravos ilheenses, propositadamente e rapidamente esquecidos.

Em nossas ruas brotam nomes de figuras sem a menor importância para nossa historia quando poderíamos estar orgulhosamente a passear por ruas batizadas com nomes de ilustres ilheenses; Catussadas, João Mangabeira, Mario Pessoa, Nelson Schaun, Epaminondas Berbet de Castro, Adonias Filho, Moema Parente Augel, Baltasar da Silva Lisboa, André Mauricio de Carvalho, Reizinho, Florianel Portela, Mario Gusmão, Saul Barbosa, Aldair, Jojo de Olivença entre outros mil.

Para ilustrar esse quadro de descuido com nossa própria alma, com nossa memória, com nosso passado é de se perguntar se seria concebível em outro lugar civilizado do planeta que uma cidade com quase quinhentos anos não cultivasse um museu se quer?

Se pudemos nos orgulhar de nossa Academia de Letras, da nossa tradição literária, não poderemos jamais esconder a vergonha de nunca termos tido a vontade e coragem de cumprir a mais obvia das nossas obrigações de cidadania, dedicando um museu a nossa própria historia, aos homens e mulheres que construíram essa terra, ao nosso sangue e nosso suor.

Seria bobagem de minha parte realçar os mil encantos naturais de Ilhéus, as belezas impares, as estórias incríveis, os romances impossíveis, as batalhas memoráveis, isso os ilheenses estão cansados de saber, o que nos não sabemos é valorizar nossas perolas, é realçar nossa importância, não sabemos nos vestir de altivez e orgulho, empunhar a espada de Jorge contra o dragão da maldade, as maldades de nossas cabeças vazias e medíocres que nos acorrenta a nossa pequeneza em não conseguirmos traçar uma dúzia de palavras em meia dúzia de linhas que definam quem somos o que queremos e para onde queremos ir.

Este debate sobre o novo porto realça o que nos ilheenses temos de melhor e de pior em nossas almas. Os interesses coletivos são facilmente varridos para debaixo dos tapetes das vaidades, a nobreza do embate intelectual termina na pobreza dos xingamentos a razão necessária é trocada pelo emocionalismo barato, os interesses de alhures é mais importante do que de todos.

Não tive a honra de nascer ilheense, tenho somente o orgulho de ter me tornado ilheense e a gloria supremo de ter gerado filhos ilheenses, mas tenho sim um coração em eterno transbordo de amor por essa terra, não devo isso a você, devo as pessoas mais humildes os ilheenses catadores de caranguejo a natureza gigantescamente verde e azul, aos rios, matas e colinas, a brisa fresca do inicio da tarde, ao mar da Bahia a Lagoa Encantada, ao mirante da Conquista e ao cheiro do cacau.

No entanto, não tenho duvida da mediocridade latente, da postura leniente em relação à cidadania, da falta de visão de futuro, me envergonha ver pessoas aplaudindo pintura de muro e tapa buracos como obras do divino.

Que teremos a dizer sobre as milhares de crianças a cheirar cola e fumar crak que perambulam pelos morros e ruas? Como aceitar a mendicância epidêmica? As calçadas quebradas? Os carros estacionados no caminho do cidadão? Os mangues sendo invadidos? Os esgotos sem coletas? A pestilência mal cheirosa que invade as narinas em cada esquina?

Por que não antes de ser contra ou a favor do porto sermos todos a favor de Ilhéus? Você pode me explicar? Ou sua mediocridade não deixa?

Que viva Ilhéus, que viva Jorge.



Gerson Marques

Este artigo pode ser lido também no blog http://www.r2cpress.com.br/

24/04/2008

Em busca da crise




A coluna de Jânio de Freitas


na Folha hoje

A tentativa de fabricar uma crise militar pelos demo-tucanos

As portas estão abertas, e hoje haverá quem tente escancará-las, para um investimento fácil, no Brasil, além das aplicações nas suas Bolsas e nos seus juros. É o investimento em uma crise militar, no qual há mais aplicadores, muito mais do que supõem os otimistas da democracia, entre civis. Por exemplo, no PSDB e no DEM-PFL, que pretendem tentar, logo mais, a convocação do general Augusto Heleno Ribeiro Pereira para outra palestra incandescente, desta vez no Senado, sobre a oposição de militares à política indigenista do governo.

Nessa iniciativa em que se unem os comandos dos dois partidos oposicionistas, a busca de oposição ao governo se confunde com a atitude de oposição à ordem institucional da democracia incipiente. No mínimo, é um ato irresponsável de desespero pelo aturdimento, decorrente da própria incapacidade de encontrar políticas inteligentes de oposição e, como conseqüência, perspectivas promissoras para os seus partidos.

Demarcação da Reserva Raposa Serra do Sol foi feita no governo PSDB-PFL (aliança demo-tucana) de FHC

Nada se salva na iniciativa, originária dos senadores Sérgio Guerra e Arthur Virgílio, presidente e líder do PSDB no Senado, em momento de contraditório esquecimento. Seu apoio à corrente das Forças Armadas ainda proveniente do regime militar, agora de volta à ação publicamente política, desconsidera um dado fundamental: foi o governo do PSDB que fez a demarcação da reserva indígena Raposa/Serra do Sol. E as razões pelas quais militares atacam a política indigenista do governo Lula advêm, todas, da modalidade que aquela demarcação deu, com a aprovação de Fernando Henrique e do PSDB, à reserva já discutida por uns 30 anos.

O DEM-PFL não fica melhor. Sua nota de apoio ao ato no Clube Militar e ao general Augusto Heleno Pereira, que incluíram a exigência peremptória de que o governo faça a "mudança imediata" da política indigenista e suspenda a homologação da reserva, foi primária como teor e também irresponsável como propósito. Nem como oportunismo barato, em um partido que vê Lula carrear suas velhas bases nordestinas e nortistas, o açodamento teria sentido. A nota não chegou a um só daqueles eleitores evaporados, e de outros não traria nem um só voto para os demistas - que, se vê mais uma vez com esse caso, não justificam que a mídia os chame de "os democratas".

O requerimento de convocação do general, prometido para hoje na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado, refere-se a depoimento em sessão secreta. Nada mais vazio, em política, do que o sentido de secreto. A maioria dos presentes estará logo pronta a abastecer jornalistas (muito agradecido, pelo que me toca) de relatos do que foi dito e quem o disse na sessão secreta. O pormenor no requerimento é, digamos, uma concessão ao pudor. Mesmo porque Arthur Virgílio, em seu primeiro comentário à exaltada manifestação do general, ao apoio contraditório juntou a ressalva de que a manifestação militar era imprópria por ser pública e por ser no Clube Militar.

General Heleno e suas ligações com o juiz Lalau

Secreta ou não, a pretendida convocação tem óbvia finalidade agitadora - nem haveria como ter outra. O general Augusto Heleno Pereira, tido como identificado com a velha linha dura, constitui-se em uma figura polêmica. Chegou ao noticiário por ocasião das investigações em torno do (ex) juiz Nicolau dos Santos Neto, quando foram descobertos quase 200 telefonemas desse hoje condenado para o Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, cerca de metade reconhecida pelo general como destinada a ele.

A polêmica passagem do general Heleno pelo Haiti

Em junho de 2004, o general Augusto Heleno Pereira assumiu a chefia da Força de Estabilização do Haiti (chamada Minustah), tropa composta pela ONU com 6.500 soldados de 12 países para deter a desordem posterior à derrubada, pelo governo Bush, do presidente (eleito) Jean-Bertrand Aristide. Em março de 2005, porém, foi lançado nos Estados Unidos e na Suíça o relatório "Mantendo a paz no Haiti?", do Centro de Justiça Global e da Universidade Harvard, com críticas severas envolvendo o comando do general brasileiro.

Eis um trecho:
"A Minustah tem dado cobertura à campanha de terror da polícia nas favelas de Porto Príncipe. E mais impressionante do que a cumplicidade com abusos da Polícia Nacional do Haiti são as acusações de violações de direitos humanos perpetradas pela própria Minustah". Seguiam-se casos, com dados. O general, como esperado, refutou as críticas. Mas já provocara um incidente internacional, alguns meses depois de chegar ao Haiti: atribuiu a violência no país ao então candidato democrata à Presidência dos EUA, John Kerry, que criticara a derrubada de Aristide. O general, como foi dito à época, "recuou das declarações".

Com apenas um ano e dois meses no Haiti, o general Augusto Heleno Pereira deixou o comando. Sua explicação pessoal para a volta, ao chegar, foi de pedido seu, por já ter "ficado bastante lá" (a tropa e os brasileiros estão até hoje no Haiti). No discurso de passagem do comando, fizera emocionado agradecimento à família pela "força dada diante das críticas injustas".Com sua manifestação para a platéia do Clube Militar, o general Augusto Heleno Ribeiro Pereira reabriu portas para o que pode ficar como polêmica mal posta, mas há quem prefira involuí-la para crise.

http://blogdomello.blogspot.com/


Frente para revitalizar transporte marítimo


Jornal do Brasil -


O presidente da Transpetro, Sérgio Machado, disse, ontem, que a empresa vai licitar em breve o segundo lote de embarcações para a indústria naval brasileira.

– Nos próximos dias vamos definir o volume do segundo lote – informou Machado que não quis precisar a data em que será definida a encomenda de novos navios, nem o porte das embarcações, "para não sinalizar ao mercado", mas afirmou que a licitação será feita nos próximos meses.

A subsidiária da Petrobras vai encomendar 16 novas embarcações à indústria nacional que deverão estar no mercado até 2012, dentro do programa de reabilitação do setor, alcançando a contratação de 42 novos navios, um dos pilares da política industrial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, desde seu primeiro mandato.

A Transpetro já encomendou 26 navios aos estaleiros brasileiros no primeiro ciclo de investimentos ao custo de US$ 2,5 bilhões que deverão ser entregues até 2010. Segundo Machado, essas encomendas serão entregues dentro do prazo previsto, mas não detalhou como está o cronograma de construção, somente afirmou que está dentro das previsões da empresa.

O programa de recuperação do setor que já foi o segundo no mundo em construção de navios medidos em tonelagem, nos anos 70, e depois saiu da listas dos principais construtores, faz parte da estratégia do governo de retomar a produção de embarcações para a marinha mercantil, indústrias naval, de defesa naval, de pesca, de apoio marítimo e portuário e náutica e de lazer.

Depois de a indústria naval ter quase desaparecido nos anos 80 e 90, gera hoje 22 mil empregos diretos e a expectativa é de chegar a 150 mil, com a contratação de mais 40 navios e 40 plataformas de exploração de petróleo nos próximos anos.

– Precisamos garantir que esses projetos sejam executados no país – disse o coordenador-geral da Frente Parlamentar em Defesa da Indústria Marítima, deputado Edmilson Valentim (PCdoB-RJ), durante o lançamento da Frente, ontem, no Salão Nobre da Câmara. A Frente Parlamentar nasce com a adesão de 100 deputados e 20 senadores.

Hoje, o Brasil depende de navios de outras bandeiras para fazer o transporte internacional de cargas que movimenta, por ano, cerca de US$ 10 bilhões no país, sendo que apenas US$ 400 milhões são internalizados. A indústria naval responde por 95% do comércio mundial e 72% da frota que faz esse transporte é dos países que concentram 50% do comércio mundial, segundo dados da Frente Parlamentar. O Brasil ocupa a 10ª posição entre os maiores produtores de embarcações por tonelagem de uma carteira de cerca de 9.400 encomendas, onde se destacam a Coréia do Sul e a China.


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De cada cem negras trabalhadoras no Brasil, 22 são empregadas domésticas, diz OIT


UOL
Da redação
Em São Paulo

De cada cem mulheres negras ocupadas no Brasil, aproximadamente 22 são empregadas domésticas. Nas mulheres brancas, amarelas e indígenas, o índice é de 13 a cada cem.

Os dados estão no estudo inédito divulgado nesta quinta (24) pela OIT (Organização Internacional do Trabalho), elaborado a partir da Pnad (Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílios), do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. No dia 27 (domingo), comemora-se o Dia Nacional da Trabalhadora Doméstica.

Essas trabalhadoras domésticas negras estão ganhando mais registro na carteira de trabalho: 17,2% de aumento, entre 2004 e 2006. Esse movimento das negras acompanha o crescimento da formalização no setor, que foi de 10,2%, no mesmo período.

Apesar disso, somente 27,8% do total de trabalhadores domésticos têm carteira assinada, segundo dados de 2006.

O trabalho doméstico conta com 6,6 milhões de pessoas no Brasil. Desse total, 93,2% são mulheres e 6,8%, são homens. Ele representa 16,7% do total da ocupação feminina no Brasil, o que corresponde, em termos numéricos, a 6,2 milhões de mulheres.

Entre os não-registrados, as trabalhadoras negras correspondem a 57,5%. As mulheres não-negras são 37%. Os homens não-negros são 2,1%; e os negros somam 3,4%.

Entre as mulheres negras que são trabalhadoras domésticas, 75,6% não têm carteira assinada. Esse percentual é de 69,6% entre as mulheres não-negras. Entre os homens, o índice é de 61,9% (negros) e 54,9% (não-negros).

Segundo o documento da OIT, isso demonstra "de maneira inequívoca que, mesmo em um campo tradicionalmente feminino e em uma situação de extrema precariedade, as mulheres, e em especial as mulheres negras seguem em situação mais desfavorável do que os homens".

Analisando-se o período de 1995 a 2006, destaca-se ainda a diminuição da diferença de rendimentos. Em 1995, as mulheres negras recebiam o equivalente a 55,4% dos rendimentos dos homens brancos. Em 2006, essa diferença cai, apesar de continuar bastante elevada: as mulheres negras passam a receber 66,4%.

Os rendimentos das mulheres brancas, em 1995 e em 2005, equivaliam a 64,5% e 75,5% dos rendimentos dos homens brancos respectivamente; para os homens negros, os valores eram 69% e 87,3% respectivamente dos rendimentos dos brancos.

Para a OIT, isso significa que, "mesmo em um setor ainda bastante precário do mercado de trabalho, as desigualdades de gênero e raça reproduzem a lógica do mercado de trabalho mais amplo: os homens brancos seguem tendo os maiores rendimentos, seguidos dos homens negros e, por fim, das mulheres brancas e negras, nesta ordem".

A lei brasileira define o trabalho doméstico como aquele realizado por pessoa maior de 16 anos que presta serviços de natureza contínua (freqüente, constante) e de finalidade não-lucrativa à pessoa ou à família em sua casa.


CRESCIMENTO DE REGISTRO NA CARTEIRA (2004-2006)

Homens não-negros
5,3%
Homens negros
11,1%
Mulheres não-negras
3,5%
Mulheres negras
17,2%
Todos os domésticos
10,2%

23/04/2008

Deu no pimenta


Ranking do emprego em março

Salvador, Lauro de Freitas e Camaçari são os três municípios baianos que fazem parte do ranking dos 100 municípios brasileiros que mais geraram novos empregos com carteira assinada em março
O ranking foi elaborado pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), a partir do Cadastro Gerald de Empregados e Desempregados (Caged). Salvador aparece em 8º lugar com a abertura de 2.909 nvoos postos de trabalho.

Lauro de Freitas figura em 12º lugar, com a geração de 2.195 novos postos. Camaçari ocupa a 27ª posição. Foram 1.336 novos empregos com carteira assinada no terceiro mês do ano. Os novos postos de trabalho são calculados a partir da diferença entre contrações e desligamentos.

Itabuna e Ilhéus

Os três municípios estão localizados na região metropolitana de Salvador. Fora dele, a realidade é bem diferente para regiões como a de Itabuna. Em março, o município sul-baiano abriu somente 237 novos postos de trabalho (foram 929 admissões e 692 demissões).

Situação pior vive Ilhéus. Enquanto no Brasil foi registrado recorde de contratações com carteira assinada, o município foi na contramão e demitiu mais do que empregou. E cortou 33 postos de trabalho. Foram 596 admissões contra 629 demissões.
Nos últimos 12 meses, segundo o Ministério do Trabalho e Emprego, Ilhéus conseguiu gerar apenas 472 novas vagas no mercado de trabalho. Dá uma média de 39 novos empregos por mês.

Você pode ser o próximo



O Eduardo Guimarães, presidente do Movimento dos Sem Mídia, escreveu um ótimo artigo sobre os abusos cometidos pela mídia corporativa no caso do assassinato da menina Isabella:"É assustador como cada um que se une à turba histérica e sai dizendo que o caso está resolvido, como se fosse uma postura diferenciada e inteligente, quando não passa do mais puro exercício de irresponsabilidade que posso conceber, não percebe que está atentando contra um princípio da civilização que pretende proteger os cidadãos de injustiças, um princípio do qual qualquer um de nós pode precisar um dia."

Leia o texto completo no blog http://edu.guim.blo.uol.com.br/

Ciro pode ser a surpresa de Lula para 2010


Acabou neste instante a sabatina realizada por jornalistas da Folha de S. Paulo com o deputado federal Ciro Gomes (PSB-CE). Ela foi transmitida pelo Uol. Ciro fez uma defesa do governo Lula com a qualidade que poucos governistas têm para fazê-lo. Ele também fez sinais para Aécio, dizendo que o governador de Minas foi fundamental para que o golpe contra Lula que, segundo ele teve início na eleição de Severino Cavalcanti para a presidência da Câmara, não ocorresse.

Ciro lembrou a recepção feita pela Fiesp a Severino logo após a sua eleição na Câmara. E lembrou que o ex-deputado foi aplaudido de pé pelos presentes, dando a entender que no golpe contra Lula estaria a elite empresarial de São Paulo.

Ciro Gomes já disse que aceita ser vice de Aécio, mas sua intenção real é ser candidato a presidente da República com o apoio de Lula e do PT. Lula pode estar testando a paciência do cearense e depois das eleições municipais este blogue não se surpreenderá se ele vier a ser convidado para um ministério mais importante onde o presidente poderá testar melhor a viabilidade eleitoral do seu nome.

Lula já disse a alguns interlocutores que Ciro deve ser entendido como uma das opções do setor governista para 2010. No PT, José Dirceu, por exemplo, vê o nome de Ciro como uma boa alternativa. Berzoini também o considera um político experiente cuja fidelidade ao governo nos momentos mais duros não deve ser desprezada. Ou seja, pode dar jogo.
Essa história de que o cabeça de chapa para 2010 tem de ser do PT é, por enquanto, uma forma de marcar posição.


http://www.revistaforum.com.br/sitefinal/blog/

PiG QUER OUTRA GUERRA DO PARAGUAI


Paulo Henrique Amorim

. O Presidente eleito Fernando Lugo, do Paraguai, anunciou na campanha que queria mais dinheiro de Itaipu para o Paraguai.

. Você, caro leitor, se fosse paraguaio, como reagiria ao fato de o Paraguai ser sócio da maior hidrelétrica do mundo e não ter energia de qualidade para fazer uma fábrica rodar direito ?

. Em quem você votaria ?

. Você, caro leitor, como brasileiro, prefere que os paises vizinhos sejam amigos e prósperos, ou prefere países vizinhos hostis, pobres e ponto de distribuição de drogas, armas, munição e contrabando ?

. Vamos ver o que disse o Ministro Celso Amorim, em Acra, em Gana, onde acompanha o Presidente Lula numa Conferência da Unctad.

“... continuar discutindo com o Paraguai normalmente como ele obter uma remuneração adequada para sua energia. Isso é justo. Agora, a maneira de fazer, nós vamos discutir.”

. Amorim também falou em o Brasil financiar a construção de linhas de transmissão, para o Paraguai aproveitar melhor a energia de Itaipu.

. E, provavelmente, através do BNDES –
clique aqui para ler a entrevista que fiz com Camilo Penna – financiar empresas brasileiras que invistam no Paraguai.

. Amorim também disse: compensar a energia paraguaia por uma defasagem, se se comparar com o que recebem usinas hidrelétricas brasileiras, esse tipo de coisa a gente pode ver.

(Uso as declarações de Amorim a partir de uma transcrição feita pela assessoria de imprensa do Itamaraty.)

. Mexer no Tratado de Itaipu não passa pela cabeça de ninguém.

. O Tratado é o “garante” para o financiamento de Itaipu, que gerou uma dívida de cerca de US$ 20 bilhões.

. Mexer na forma de fixar a tarifa pode não ser uma boa idéia – e volte à entrevista de Camilo Penna.

. Mas, compensar o Paraguai por atraso na fixação da tarifa; financiar a construção de uma linha de transmissão, ou um Pró-Álcool no Paraguai – tudo isso faz muito sentido.

. Não é o que o PiG tem dito.

. O Globo de hoje, numa página interna, anuncia: “Governo já fala em mudar tarifa”.

. Quem disse isso ?

. Ninguém.

. O Ministro Amorim não disse.

. O Presidente Lula não disse.

. O Ministro das Minas, Edson Lobão, é contra.

. Quem diz é o Globo: “Uma possível (possível !) negociação com o Paraguai, com aumento da tarifa para o Brasil, foi tema de uma reunião da coordenação política (?) do Governo ontem, com a presença do Presidente Lula.”

. Portanto, quem diz é o Globo.

. O Estadão, a Folha e especialmente o Globo assumiram a liderança de uma nova Guerra do Paraguai, remember Cerro Corá.

. O PiG tem como objetivo final derrubar o Presidente Lula.

. A nova Guerra do Paraguai ajudaria a atingir esse objetivo, respeitadas as seguintes etapas.

. Demonstrar que o Brasil se curvará diante do Paraguai, como se curvou diante da Bolívia, no gás natural.

. Que o Presidente Lula é um frouxo com os vizinhos e o Itamaraty idem.

. Que o Presidente Lula não sabe defender o interesse nacional.

. Que o consumidor brasileiro não vai mais usufruir da água de Itaipu, tanto quanto cessou o fornecimento de gás da Bolívia.

. Que o consumidor brasileiro vai pagar o pato: e energia de Itaipu vai custar preços astronômicos, como se observou com o gás boliviano.

. Pressionado pelo PiG, o Brasil vai invadir Guerra do Paraguai.

. E, em Cerro Corá, as tropas paraguaias derrotarão as desmoralizadas tropas brasileiras.

. Ipso facto, o Presidente Lula cai e o presidente eleito, José Serra, finalmente assume.

. A derrota em Cerro Corá é a crise do PiG da semana.

22/04/2008

Mantida por aparelhos




Ao longo do tumultuado período encravado entre a Primeira Guerra Mundial e a vitória dos Aliados em 1945, a fúria e a desordem dos mercados haviam colocado em risco a ordem social e econômica. Esse intervalo histórico foi marcado por instabilidades monetárias e cambiais devastadoras transmitidas por circuitos financeiros internacionais.

As disputas comerciais e as desvalorizações competitivas promoveram a contração do comércio internacional e os países envolvidos tratavam de despejar o desemprego no território do vizinho. Tudo isso em meio à intensificação dos conflitos sociais. A luta política, cada vez mais radicalizada entre a extrema-esquerda e a ultradireita, foi coroada com os espinhos da experiência nazi-fascista. Neste clima cresceu o convencimento de que o capitalismo, entregue à sua própria lógica, era uma ameaça à vida civilizada.

No pós-guerra, para evitar a repetição do desastre era necessário, antes de tudo, constituir uma ordem econômica internacional capaz de alentar o desenvolvimento. Em primeiro lugar, remover os obstáculos à expansão do comércio entre as nações e conceber regras monetárias aptas a garantir a confiança na moeda-reserva e, ao mesmo tempo, impedir o ajustamento deflacionário do balanço de pagamentos. Tratava-se, portanto, de erigir um ambiente econômico internacional destinado a propiciar um amplo raio de manobra para as políticas nacionais de desenvolvimento, industrialização e progresso social.

As novas instituições e as políticas econômicas do Estado Social estavam comprometidas com a manutenção do pleno emprego, com a atenuação, em nome da igualdade, dos danos causados ao indivíduo pela operação sem peias do “mecanismo econômico”. Eric Alliez escreveu que, durante mais de duas décadas, realizou-se a criação de um mundo fundado sobre o direito ao trabalho, que tinha como objetivo o pleno emprego, o crescimento dos salários reais.

Já nos anos 50, tempo de esplendor e glória do ideário keynesiano, o libertarianismo de Friedrich Hayek e, mais tarde, o monetarismo de Milton Friedman desataram a ofensiva contrária “aos inimigos da liberdade econômica”. Não eram ouvidos nem cheirados.

Os libertários saíram da tumba, ressuscitados pelos miasmas da “estagflação” do fim dos anos 60 e início dos 70. A partir de perspectivas teóricas distintas, os espectros do mercadismo passaram a rondar o chamado “consenso keynesiano”.

Para eles, as proezas da “era dourada” revelaram-se um doloroso engano. Engano que fez prosperar o famigerado populismo econômico, uma forma perversa de politização à outrance da economia. Parafraseando Eric Hobsbawm, a recomendação dos conservadores era dar “adeus a tudo aquilo” e, com urgência, empreender as reformas necessárias para restabelecer o funcionamento dos verdadeiros mecanismos econômicos, os únicos aptos a garantir a liberdade do indivíduo e promover a estabilidade e o crescimento a longo prazo.

Na visão liberal-conservadora, os propósitos de proteger o cidadão contra os azares e as incertezas do mercado terminariam por suscitar efeitos contrários aos pretendidos. A despeito das diferenças analíticas e de método, Hayek e Friedman sustentavam que os “anos gloriosos” estavam fadados inexoravelmente ao fracasso em sua insana tentativa de interferir nos movimentos “naturais” dos mercados. As políticas monetárias acomodatícias, combinadas com pactos “corporativistas” entre as classes sociais e grupos de interesses, levariam inevitavelmente ao baixo dinamismo e à inflação crônica e elevada.

Logo depois, os novo-clássicos, escorados na hipótese das expectativas racionais, reforçaram as tropas do reformismo liberal. Expediram uma sentença condenatória ainda mais dura contra a intervenção do Estado, ao proclamar a ineficácia das políticas fiscal e monetária em sua vã pretensão, assim diziam, de limitar a instabilidade cíclica e promover o crescimento da economia.

Os governos logo haveriam de aprender: os agentes racionais que povoam os mercados sabem exatamente qual é a estrutura da economia e, usando a informação disponível, são capazes de antecipar sua evolução provável. Não se deixam enganar, nem por um momento, pelo velho truque de estimular a atividade econômica com os anabolizantes nominais da política monetária leniente. Caso insistam nessa prática, políticos e burocratas voluntaristas, em vez de mais empregos, conseguirão apenas mais inflação, salvo na hipótese improvável de que possam surpreender e tapear permanentemente os sagazes agentes privados, implacavelmente racionais.

No início dos anos 80, a turma da economia da oferta dizia ainda mais: a sobrecarga de impostos sufocava os mais ricos e desestimulava a poupança, o que comprometia o investimento e, portanto, reduzia a oferta de empregos e a renda dos mais pobres.

As práticas neocorporativistas, diziam eles, criavam sérias deformações “microeconômicas” ao promover, deliberadamente, intervenções no sistema de preços, nas taxas de câmbio, nos juros e nas tarifas. Com o objetivo de induzir a expansão de setores escolhidos ou de proteger segmentos empresariais ameaçados pela concorrência, os governos distorciam o sistema de preços e, assim, bloqueavam os mercados em sua nobre e insubstituível função de produzir informações para os agentes econômicos.

Tais violações das regras de ouro dos mercados competitivos culminavam na disseminação da ineficiência e na multiplicação dos grupos “predadores de renda”, que se encastelavam nos espaços criados pela prodigalidade financeira do Estado.

Para acrescentar ofensa à injúria, os mercados de trabalho, castigados pela rigidez nominal dos salários e por regras políticas hostis ao seu bom funcionamento – como a do salário mínimo –, não podem mais exprimir o preço de equilíbrio desse fator de produção, por meio da interação desembaraçada das forças da oferta e da demanda.

Em matéria financeira, a teoria dos “mercados eficientes” pretendia ensinar que todas as informações relevantes sobre os “fundamentais” da economia estão disponíveis em cada momento para todos os participantes dos mercados que avaliam os títulos de dívida e os direitos de propriedade.

A ação racional dos agentes, diante das informações existentes, seria capaz de orientar a melhor distribuição possível dos recursos entre os diferentes ativos. Essa teoria procurava afirmar que, em condições competitivas, não podem existir estratégias “ganhadoras” capazes de propiciar resultados acima da média.

Na última semana, em meio a mais uma hemoptise dos mercados infectados, o consultor Rod Arnott arengava para uma platéia de 200 acadêmicos, gente da área financeira. Perguntou aos ouvintes se acreditavam na Hipótese dos Mercados Eficientes. Ninguém levantou o braço. Em seguida, indagou qual deles utilizava a desditosa hipótese em seus artigos, assumindo que ela seja verdadeira. Quase todos levantaram as mãos.

Nos idos de 1994, Matt Ridley, conhecido zoólogo e economista diletante, autor de vários ensaios científicos, proclamou, em uma de suas inúmeras catilinárias contra o Estado: “A pouco conhecida Nona Lei da Termodinâmica ensina que quanto mais um grupo se apropria do dinheiro do contribuinte, mais ele demanda e mais ele reclama”. Bravo! Sucessor do pai como presidente do Northern Rock, Ridley foi dispensado da função em outubro de 2007, quando o banco declarou-se insolvente, afogado em empréstimos podres. O governo inglês injetou 16 bilhões de libras nos cofres do Northern e, logo depois, viu-se obrigado a estatizar o falecido.

A revista The Economist rezou o epitáfio do ex-banqueiro Ridley: “Ele seguiu um modelo agressivo de negócios, cruzou os dedos e apostou que a liquidez estaria sempre ali”.

Quando o negócio foi à garra, seu colega de estudos na universidade, o celebrado George Monbiot, não deixou barato: “O libertário foi obrigado a recorrer ao abominável Estado”. Fontes bem informadas atestam que Ridley passou a concentrar suas energias no estudo de animais mais previsíveis do que os enigmáticos mercados superalavancados das “securities” e dos derivativos.

Tal como a Hipótese dos Mercados Eficientes, a ideologia neoliberal estrebucha, alvejada por sua própria fuzilaria. Os tiros ricocheteiam na realidade da finança desregulada. Conservadores e progressistas clamam pela imposição de regras para conter os desvarios dos mercados. As crises financeiras multiplicam-se desde os anos 80. Se a freqüência dos episódios compromete o prestígio dos curandeiros dos mercados desimpedidos, ainda não abalroou o poder dos patrões da finança e de seus aliados nos bancos centrais. É cedo para programar as exéquias do neoliberalismo.

VERDE-OLIVA PROVOCA ÊXTASE EM JORNAL CARIOCA, QUE TENTA INVENTAR MAIS UMA CRISE - A DA RESERVA INDÍGENA


RIO DE JANEIRO - Está em gestação mais uma crise. Desta vez é a crise militar relacionada à desocupação da Reserva Raposa Serra do Sol, em Roraima. E quem é que não resiste a um quepe? "O Globo", obviamente. Há um tom saudosista na capa do jornal desta quinta-feira. Ao reproduzir a crítica que o comandante militar da Amazônia, general Augusto Heleno, fez à política indigenista do governo federal, o jornal baba de felicidade: "Na primeira fila estavam o comandante militar do Leste, general Luiz Cesário da Silveira Filho, e os ex-ministros do Exército Leônidas Pires Gonçalves e Zenildo Lucena", relata, com aquele prazer da subordinação que remete aos tempos do regime militar.

Na página interna, tome declaração de militar: "O risco é acontecer o mesmo que ocorreu em Kosovo. Um grupo de indígenas pode solicitar a separação política do estado", diz o general Mário Madureira. É uma declaração completamente fora de propósito, indigna de quem se formou em alguma academia militar financiada com dinheiro público. O jornal dedica uma tripa ao ministro da Justiça, Tarso Genro, que diz: "Os (meios de comunicação) fizeram isso por maldade? Para criminalizar a PF? Para defender os arrozeiros que estão ocupando ilegalmente aquelas terras?."

O ministro se refere à cobertura distorcida e manipulada do episódio, mais uma das muitas a que temos assistido no Brasil, em torno da desocupação da reserva - como se ela, desocupação, e os indígenas representassem uma ameaça à segurança nacional. Tarso Genro lembrou: "A terra indígena é terra da União e a União entra e sai quando quer, inclusive instala aparato quando quer."

O jornal da família Marinho também dedica um editorial ao assunto, mas aí entramos no campo da opinião. O triste é ver que a cobertura é completamente contaminada pela posição editorial do jornal, reduzindo os jornalistas ao papel de propagandistas. A nossa sorte é que, cada vez mais, a grande mídia brasileira fala para os nichos da sociedade. Li o jornal na casa de uma assinante, que diz que não acredita mais em uma linha do que "O Globo" publica.

Mas fico imaginando a satisfação dos generais de pijama em Copacabana e na Urca, falando sobre uma reserva que a maioria nunca viu, nem verá. Quem é que quer deixar o conforto do Rio de Janeiro para se meter na selva? Além do mais, aqui eles são necessários para combater o mosquito da dengue. Com as cópias lidas de "O Globo".


http://www.viomundo.com.br/opiniao/verdeoliva-provoca-extase-em-jornal-carioca-que-tenta-inventar-mais-uma-crise-a-da-reserva-indigena/

A BARRIGA DE ALI KAMEL


Ali Kamel é diretor de Jornalismo da TV Globo. Ele pontifica à vontade sobre todos os temas. Em uma famosa polêmica, criticou o livro Nova História Crítica. Cometeu um pecado básico. Não checou se o livro ainda estava no catálogo do Ministério da Educação e Cultura (MEC). Não estou falando de uma questão ideológica. Estou falando de uma técnica básica do Jornalismo: antes de publicar, cheque as informações. Se errar, admita o erro. Se possível, no mesmo espaço e com o mesmo destaque.

Mais uma vez: não estou discutindo a opinião. O assunto nem original era. O livro já havia sido criticado. Tanto que deixou de figurar na lista do MEC. Pergunte a qualquer jornalista, de direita, de esquerda ou centroavante. O que Ali Kamel cometeu foi um erro grosseiro. Qual foi a resposta dele? Leiam com atenção o que disse a Reinaldo Azevedo:

Ali Kamel - No dia 11, recebi uma mensagem dizendo: ” Esclarecimentos feitos pelo FNDE sobre o livro Nova História Crítica: “Sim, ele foi o livro de história mais adotado no PNLD 2005.” Em nenhum momento, a assessoria do MEC se preocupou em me dizer que estávamos falando de um livro que já saíra do catálogo por apresentar falhas. Depois que o artigo foi publicado, perguntei ao MEC por que a informação me fora sonegada. Responderam-me que, desde o início acreditaram que eu me referia ao triênio começado em 2005. Ora, mesmo que assim tenha entendido, por que o MEC não quis me dizer que o livro já estava descartado? Não sei e fico intrigado, já que o ministério, muito republicanamente, sempre foi solícito ao responder as minhas perguntas. Se tivesse me dito que o livro já fora reprovado, eu teria registrado o fato no meu artigo

Pelo raciocínio de Ali Kamel, cabia ao Ministério da Educação responder a perguntas que ele não fez. Pelo método Ali Kamel, o entrevistado responde mesmo que você não pergunte. A informação não foi "sonegada". Faltou ao jornalista fazer uma pergunta básica: "O livro já saiu do catálogo?". Simples assim. Mas ele subestima o discernimento dos leitores. Tenta engabelar a platéia sugerindo alguma conspiração do MEC. Em qualquer redação do Brasil, de Veja ao Jornal da Cidade de Bauru, teria tomado um sabão do editor pela barriga.


http://www.viomundo.com.br/opiniao/a-barriga-de-ali-kamel/

Lugo eleito: agora só falta a Colômbia



Só não vê quem não quer: depois do retumbante fracasso do neoliberalismo na América Latina, os povos do continente foram mandando para casa, um a um, os governantes que realizaram, entre as décadas de 80 e a virada do século, as tais reformas neoliberais. No lugar de Cardoso, Menem, Fujimori e tantos outros menos votados, foram sendo substituídos por políticos à esquerda de seus antecessores. Sim, há os mais moderados, como no Chile e Brasil, e os mais radicais (Venezuela, Bolívia e Equador), mas o fato é que praticamente todo o continente foi varrido pela onda vermelha (ou rosa...) porque a população reprovou o que viu e viveu no final do século 20. Com a vitória do bispo Fernando Lugo no Paraguai, dos países importantes da América Latina, apenas a Colômbia ainda é governada por forças de direita (e, segundo as pesquisas, vai continuar sendo por mais um mandato, salvo surpresas).


No caso de Lugo, ainda não está claro se ele é do time dos radicais ou se a promessa de renegociar a energia de Itaipu era só bravata de campanha. No Brasil, os jornais conservadores já estão tratando o novo presidente paraguaio como uma versão piorada do "índio" Evo Morales, presidente da Bolívia. O preconceito contra os governantes mais radicais da América Latina (e contra o próprio PT, no Brasil) é antes de tudo um preconceito anti-povo: as tradicionais famílias controladoras dos grandes conglomerados de mídia do Brasil simplesmente não conseguem conceber um regime em que a massa ignara não se oriente pelas sábias palavras que seus jornalões publicam ou que seus telejornais martelam. O chato deste negócio de democracia é que com o tempo, a coisa funciona e o povão começa a levar a sério a idéia de ser dono dos seus próprios rumos. Para desespero da aristocracia midiática, aqui e no resto da América Latina também...


http://www.blogentrelinhas.blogspot.com/





Agência Brasil de Fato: Na América Latina, nós percebemos que após o vendaval do neoliberalismo dos anos 90, novos ventos políticos sopram no continente. Como o sr. interpreta essa "nova" América Latina politicamente?


Fernando Lugo: Nós vemos com bons olhos o fato de que não exista um determinado fundamentalismo de esquerda que caracterizou a década de 60 e 70. Eu creio que existe uma esquerda mais inteligente, uma esquerda que não acredita em mudanças radicais, senão nos processos de mudança gradual e creio que é isso que está acontecendo nos países. Por mais que alguns movimentos sociais tenham as suas críticas, eu acredito que as mudanças na América Latina estão acontecendo, como no governo de Tabaré Vázquez, com Lula no Brasil, Evo na Bolívia... Governos que avançam em mudanças. Mudanças que caminham na perspectiva das grandes maiorias.


Agência Brasil de Fato:Muitos consideram o movimento indígena latino-americano o novo protagonista de mudanças significativas na região, muito mais que o movimento operário.


Fernando Lugo: O movimento operário, o movimento dos trabalhadores, pelo menos no Paraguai foi cooptado pelo sistema e está muito debilitado. As centrais sindicais que já foram determinantes hoje já não o são. Sem dúvida, o elemento étnico protagonista é o movimento indígena, sobretudo nos países andinos.


Agência Brasil de Fato:Qual é a sua impressão sobre o Exército Zapatista de Libertação Nacional (EZLN) e o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST)?


Fernando Lugo: Creio que o movimento zapatista é um movimento histórico, "embandeirado" em Zapata, grande revolucionário da Reforma Agrária no México. O zapatismo assume um protagonismo político no México, especialmente em 1994, naquele 1º de janeiro em San Cristobal de Las Casas para se fazer perceber no mundo que é uma região marginalizada historicamente. O que é lamentável são as forças repressivas que agem de forma muito dura contra os zapatistas. Mas eu creio que o movimento revolucionário armado... não sei se tem futuro hoje na América Latina. Eu creio que os elementos de paz hoje são mais fortes para as mudanças. Creio que cada um tem a sua lógica, as suas razões, os seus argumentos para realizarem as suas lutas, mas avaliou que, na América Latina, hoje, movimentos revolucionários não têm futuro.


Agência Brasil de Fato:E o MST?


Fernando Lugo: No Brasil, penso que o MST é um movimento que acolhe as bandeiras dos excluídos. Em toda a América Latina não é possível falar em mudanças sem ter em conta a reforma agrária, o problema escandaloso da concentração de terras, como no Paraguai, por exemplo. Eu penso que o movimento sem-terra coloca em debate não apenas elementos reivindicativos, mas sim propostas por mudanças reais e creio que isso é muito positivo.


Entrevista na íntegra na

ABF

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21/04/2008

O novo ombudsman da Folha

Algumas observações sobre a entrevista do novo ombudsman da “Folha”, Carlos Eduardo Lins da Silva. O Carlos é um jornalista diferenciado, com formação acadêmica (professor da ECA), me substituiu como secretário de Redação na Folha quando pedi demissão, em 1984.

É homem dos conceitos, não da reportagem, como era o Mário Magalhães e o Marcelo Beraba. E tem vasta produção intelectual.

Aqui, a íntegra da entrevista.

E aqui as observações minhas:

FOLHA -Jornais brasileiros e americanos vivem situações opostas. Lá eles perdem circulação e receita com publicidade. Aqui cresceram as vendas e o volume de anúncios. Qual a razão desse descolamento?
CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA - O que acontece no Brasil é uma coisa ilusória e acho que os jornalistas brasileiros não deveriam se iludir com esse bom momento. Primeiro, porque a internet não está muito disseminada aqui como nos EUA. (...) Na minha opinião, é irreversível a tendência de os jornais impressos perderem circulação.

FOLHA - Você não acredita que possa crescer o número de leitores de jornais impressos com mais pessoas alfabetizadas e com mais dinheiro no bolso? Nos EUA, nos anos 60, 80% dos americanos com 18 anos ou mais liam jornais durante a semana. Hoje, ainda são cerca de 50%. O Brasil nunca chegou nem perto disso.
LINS DA SILVA - O problema é que no Brasil o crescimento dos meios de comunicação foi atropelado. Nos EUA, o desenvolvimento do capitalismo foi mais ou menos ordeiro. Houve a afluência monetária, que atingiu grande parte da população. Houve a conquista de direitos trabalhistas, que garantiu mais tempo para o lazer. Houve a alfabetização universal. Tudo isso levou a que quase todo mundo lesse jornal. Depois disso surgiu a televisão, a internet. No Brasil, não houve distribuição homogênea de riqueza, ainda há muitos analfabetos e você teve, antes de a leitura de jornais se universalizar, a chegada da televisão e da internet. Então, acho que essa universalização nunca vai ocorrer.

Boa análise.

FOLHA - Para enfrentar a perda de circulação, alguns jornais americanos apostam na hiperlocalidade. Focam cada vez mais na própria comunidade. Essa será uma tendência para o Brasil?

LINS DA SILVA - Não sei se isso vai funcionar nem nos EUA. Há uma outra diferença entre os jornais americanos e brasileiros, que é a questão da credibilidade. Lá, eles passam por um momento de perda da credibilidade. Aqui, não. (...) Para mim, a saída para o jornal impresso é apostar na profundidade, na qualidade e ter mais foco, tratar de menos assuntos. Porque isso a internet não pode dar.

É evidente que a Internet pode dar muito mais. A quantidade e profundidade das informações que circulam por blogs, listas de discussão, fóruns online, é infinitamente maior do que a que os jornais divulgam. Não há termos de comparação entre o potencial e as ferramentas da Internet para gerar informações e permitir a organização de grande massa de dados, e o papel estático dos jornais.

FOLHA - Alguns jornais ingleses tentam esse modelo mais focado e mais aprofundado, mas não obtêm mais leitores com isso.

LINS DA SILVA - Eu acho natural que esse modelo que eu defendo tenha menos leitores que o modelo atual. (...) E o mais importante, ele pode ter mais influência social do que esse jornal dirigido ao público em geral, que é muito caro para ser produzido.

Boa análise, que vai ao centro da questão: cada vez mais, para sobreviver, os jornais terão que se tornar referenciais de opinião. Compare-se essa tendência (que, concordo, é a última saída dos jornais) com o padrão atual, de jogar fora a credibilidade para privilegiar o show ou o fundamentalismo. O caso Veja é o mais significativo desse processo de jogar fora os chamados valores intrínsecos do produto notícia.

FOLHA - Do ponto de vista da qualidade da informação, deixando de lado circulação e publicidade, você acha que os jornais brasileiros vivem um bom ou mau momento?

LINS DA SILVA - Acho que vive um bom momento, uma vez que não perderam credibilidade, como aconteceu nos EUA.

Como assim? Em que país Carlos Eduardo está vivendo?

Por outro lado, acho que os jornais brasileiros perderam o poder de influenciar. O maior exemplo foi a eleição presidencial de 2006. (...) Da mesma forma, no momento do mensalão, a maioria dos jornais de qualidade no Brasil preferia que o desfecho fosse outro.

Influência é diretamente proporcional à credibilidade. Como podem ter perdido influência e mantida a credibilidade? Perderam influência porque perderam credibilidade.

FOLHA - A internet trouxe mais participação dos leitores. Você vê futuro nessas experiências que usam o leitor como provedor de conteúdo?

LINS DA SILVA - Sou bastante cético com relação a isso. Essa suposta democratização da internet, que permitiria ao cidadão ser repórter, é muita demagogia. O público precisa de informação apurada com rigor, com método. Só algumas pessoas, que têm jeito e experiência, conseguem fazer isso.

Carlos trata a Internet como algo estático. É evidente que o meio vai avançar na organização e captação dessas informações. Não se pode supor que esses primeiros ensaios de leitor-repórter sejam a forma definitiva. É só pensar o futuro com um mínimo de criatividade para perceber o potencial fantástico decorrente dessa perda da primazia, pela imprensa, do monopólio da intermediação na divulgação da informação.

FOLHA - A internet permitiu também a proliferação de blogs, muitos com enfoque político. Você acha que esses blogs já conseguem influenciar a opinião pública?

LINS DA SILVA - No Brasil, com certeza não. Nos EUA, sim. Essa influência está sendo sentida na eleição presidencial. No entanto, eu acho que é uma influência ruim, perniciosa. Os blogs tendem a acirrar as divisões. Por exemplo, eu acho que essa disputa entre a Hillary Clinton e o Barack Obama está sendo prejudicada pela divisão que os blogs atiçam entre negros e brancos, entre mulheres e homens, entre trabalhadores industriais e profissionais liberais, que é a divisão que se estabeleceu na demografia eleitoral da Hillary e do Obama. No Brasil, é parecido, mas é muito menor porque é pequeno o número de pessoas com acesso à internet e que lêem esses blogs. Mas cria-se um mal-estar por causa do radicalismo de alguns deles, que não argumentam, ofendem. Descem a um nível que nem se pode chamar de debate. E isso contamina o tal formador da opinião pública, que muitas vezes lê esses blogs e acaba sendo contagiado pelo radicalismo, o que cria situações artificiais. (...)

Total concordância quanto aos blogs de ofensa..

enviada por Luis Nassif

http://www.projetobr.com.br/web/blog/5