01/03/2008



Paulo Henrique Amorim


. A Folha inventou uma declaração que o Ministro (?) Marco Aurélio de Mello não deu.

. O Ministro (?) Mello ficou quieto.

. Não desmentiu a Folha.

. O Conversa Afiada procurou o Ministro (?) Mello para que confirmasse a declaração que a Folha lhe atribuía.

. O Ministro (?) deu uma resposta que leva a conclusão inevitável: a Folha inventou a declaração do Ministro (?).

. Para acompanhar os detalhes desse contubérnio (palavra que o Ministro (?) Mello adoraria usar ...), Folha-Mello,
clique aqui para ler “Folha inventa frase de Mello e gera crise”.

. O Presidente Lula reagiu.

. E, na minha modesta opinião, pegou leve.

. Deveria citar o Ministro (?) Mello pelo nome e dizer que ele, sim, o Ministro (?), se associou ao PIG para dar o golpe.

. O Conversa Afiada, modestamente, acha que, se o Presidente Lula não reagir, o PIG derruba ele.

.
Clique aqui para ler “PIG: se Lula não reagir, cai”.

. Já estava na hora de o Presidente Lula travar a batalha no campo ideológico, parar de fingir que é de centro, e dizer que a oposição no Brasil (como a elite branca e, no caso de São Paulo, separatista) é uma oposição ao pobre.

. Não adianta, porque a elite branca (e separatista, no caso de São Paulo) não o convidará para jantar, quando ele voltar a morar em São Bernardo ...

.
Clique aqui para ler “Lula volta à ideologia para combater a oposição”.

. Por que o Ministro (?) ficou quieto quando a Folha inventou sua declaração ?

. Porque, no fundo, fará sentido qualquer coisa que se atribua ao Ministro (?) Mello com o objetivo de derrubar o Presidente Lula.

. Na verdade, não é mais nem necessário entrevistar o Ministro (?) Mello.

. Basta publicar uma frase que ajude a derrubar o Presidente Lula e atribuir a ele.

. O Ministro (?) dá tantas declarações, dá tantas entrevistas, que ele será capaz de dizer qualquer coisa – desde que ajude a derrubar o Presidente Lula.

. E será incapaz de se lembrar de tudo o que disse, exatamente.

. Ele só tem certeza do rumo das suas declarações: jogar Lula no precipício.

. Ele sabe disso – e o PIG também.

. O Ministro (?) disputa com o Farol de Alexandria um troféu – não o Tartufo Nativo, porque, nesse, o Farol é imbatível –
clique aqui para ir ao primeiro escrutínio do Tartufo, no Blog do Mino.

. Mello e o Farol disputam para ver quem usa melhor o PIG.

. Porém, nem a Folha poupa mais o Ministro (?): “... Marco Aurélio Mello, ávido de externar suas opiniões na imprensa.”

. O Ministro (?) Mello é um desfrutável, um disponível.

. É daquelas celebridades de segunda linha que os produtores de talk-shows guardam na manga, sempre que uma celebridade de primeira linha diz que não pode ir ao programa.

. O Ministro (?) está às ordens, do outro lado da linha.

. Hoje, sábado, dia 1º. , o PIG dá espaço à crise “institucional” provocada pela “reação” de Lula.

.
Clique aqui para ler a desesperada manchete do Estadão.

. O PIG se estrebucha, porque, à falta de crises –
clique aqui para ler “O PIG busca desesperadamente uma crise” – achou a crise “institucional”.

. Essa crise tem data marcada para se encerrar.

. Brevemente, o Ministro (?) Mello (até quando, Catilina ?) deixará a presidência do Tribunal Superior Eleitoral.

. E não terá concluído as obras que perseguiu em sua administração (?): derrubar o Presidente Lula e construir um Taj Mahal.

. A Oposição, na ânsia de tirar o leite das crianças, derrubou a CPMF.

. E, aí, faltou dinheiro para o Ministro (?) construir o templo adequado à celebração de seu ego.

Em tempo: quando entrei pela primeira vez numa redação de jornal, na qualidade de estudante-estagiário, havia um Ministro (?) Mello.
Era o almirante Pena Boto. No jornal A Noite, dirigido pelo futuro senador Mário Martins, quando faltava manchete para a primeira página, o chefe de reportagem mandava ligar para o Pena Boto. Já na reserva, Pena Boto, invariavelmente, dava uma declaração furiosa, anti-comunista, anti-trabalhista e, no fim da vida, até anti-gaullista. Com a declaração de Pena Boto na mão, o chefe de reportagem mandava ligar para o Afonso Arinos. “Diz para o Afonso Arinos o que o Pena Boto falou e pergunta o que ele acha.” E, assim, tínhamos uma manchete ! Pena Boto disse, Arinos disse: e estava lançada a crise institucional. Quer dizer, nem nisso o PIG é inovador.

A VALORIZAÇÃO DO SALÁRIO MÍNIMO


por ALTAMIRO BORGES

Entra em vigor neste sábado, 1º de março, o novo valor do salário mínimo, que sobe de 380 para R$ 412,40. O acréscimo de 32,40 reais parece irrisório e, de fato, não corrige a histórica corrosão deste importante direito. Instituído por Getúlio Vargas em 1940, o salário mínimo deveria ser “capaz de atender as necessidades vitais do trabalhador e sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social”, conforme determina o Capítulo II da Constituição em vigor. Segundo o Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese), para cumprir estes objetivos, ele deveria valer R$ 1.924,59.

Apesar desta injustiça histórica, é visível que o salário mínimo vem tendo outro tratamento no governo Lula. Há um esforço, mesmo que tímido, para valorizá-lo. Como ironiza o jornalista Paulo Henrique Amorin, também neste quesito o atual governo dá de goleada no antecessor – “Lula 4 X FHC 1”. “No último dia de Fernando Henrique, o salário mínimo equivalia a US$ 56. A oposição, como o senador Paulo Paim, se esgoelava o tempo todo para que o salário mínino no governo FHC fosse de US$ 100. O novo salário mínimo do governo Lula será de R$ 412,40. Com o dólar a R$ 1,68, ele chegará a US$ 245. Ou seja, no governo Lula o salário mínimo é 4,3 vezes maior do que no governo FHC... O PIG [Partido da Imprensa Golpista] vai estrebuchar”.

Alavanca do mercado interno

O reajuste de 8,52% sobre o valor atual representa o dobro da inflação acumulada neste período (4,1%). Do primeiro ano do governo Lula até agora, o salário mínimo obteve reajustes nominais que, somados, superaram os 100% – valia R$ 200 no início de 2003. Já o aumento real, acima da inflação, é de quase 35%. A determinação do atual governo de valorizar o salário mínimo sempre esbarrou na forte resistência da elite burguesa, dos partidos de direita e da mídia venal. O bloco liberal-conservador garantia que o aumento real estrangularia as empresas, causaria desemprego e asfixiaria os cofres públicos. Seria o caos na economia brasileira, o inferno do “populismo”.

A vida, porém, mostra o inverso. A valorização do salário mínimo, além de ser um mecanismo de justiça social, ajudou a aquecer o mercado interno e é hoje uma das principais alavancas do crescimento da economia. Isto por motivos óbvios, que só os cegos neoliberais não enxergam. Como explica Clemente Ganz, diretor técnico do Dieese, o novo valor de R$ 412,40 deve injetar em torno de R$ 21 bilhões na economia nos próximos 12 meses, considerando que cerca de 35 milhões de brasileiros têm sua remuneração atrelada ao salário mínimo. O modesto acréscimo de R$ 32,40 nas mãos de 17 milhões de aposentados e de outros 18 milhões de trabalhadores que ganham esta miséria ajuda a movimentar a economia, principalmente nas regiões mais podres.
Intensificar a pressão social

Cabe registrar, ainda, que a valorização do salário mínimo não foi uma dádiva do governo Lula. Havia até uns recém-convertidos ao credo neoliberal no Planalto contrários esta política. Ela só vingou devido à forte pressão do sindicalismo, que promoveu seguidas marchas à Brasília. Como efeito, foi assinado em dezembro de 2006 um acordo entre o governo e as centrais sindicais que garantiu a retroatividade na aplicação dos reajustes. Antes, eles vigoravam a partir de maio. Em 2006, passaram a valer em abril; agora, em marco; em 2008, em fevereiro; e, de 2010 em diante, a partir de janeiro. O acordo também estabeleceu que o cálculo para o reajuste considerasse não apenas a inflação, mas também a variação do Produto Interno Bruto (PIB) nos anos anteriores.
Como o PIB está crescendo – e sendo apropriado basicamente pelo capital –, seria bem oportuno voltar à carga pela valorização do salário mínimo, exigindo agora maiores reajustes para corrigir a histórica distorção. O próprio presidente Lula, em recente discurso, deu a dica: “Esse momento é promissor para todos os setores da sociedade, para os empresários também. É só pegar as 500 maiores empresas brasileiras, elas nunca ganharam tanto dinheiro... É bom lembrar que o povo pobre também deve ganhar dinheiro, que o salário mínimo na mão do pobre significa mais feijão na mesa, sapato novo para o filho, um caderno a mais, um pão com leite de manhã. E R$ 1 bilhão na mão de determinadas pessoas serve apenas à especulação e não produz nada”.

Altamiro Borges é jornalista, membro do Comitê Central do PCdoB e autor do livro “As encruzilhadas do sindicalismo” (Editora Anita Garibaldi, 2ª edição).

MÍDIA ACUSA AOS BERROS E SE "RETRATA" AOS SUSSUROS


por Luiz Weis, no Observatório da Imprensa


Toda hora, ou quase, a mídia dá motivo para se condená-la por acusar aos berros e se retratar aos sussurros.

Nesse sentido, o modo como a Folha tratou o caso do padre Júlio Lancelotti merecia ser ensinado nas escolas de jornalismo – como um exemplo a não se imitar.

No domingo, 28 de outubro, o jornal deu na primeira página:

“Ex-interno diz que fazia sexo por dinheiro com padre”.

Na quinta-feira, 8 de novembro, a mesma Folha – mas nunca, jamais, onde já se viu, na primeira página – noticiou a conclusão da polícia de que “padre Júlio sofreu extorsão”.

A omissão, contrastando constrangedoramente com a apelação anterior, foi registrada neste blog.

Para explicar a disparidade de tratamento, o jornal poderia alegar, forçando a barra, que a conclusão policial não seria necessariamente o fecho do caso, apenas uma etapa no processo de esclarecimento dos fatos. Afinal, informava a matéria, “o inquérito será analisado pelo juiz Júlio Caio Farto Sales”, que “poderá pedir novas investigações, caso considere as provas insuficientes".

Hoje, reincidente, alegaria o quê? Em oito linhas praticamente caíndo de uma página interna do caderno Cotidiano, o jornal dá que “o Ministério Público de São Paulo considerou o padre Júlio Lancelotti vítima de extorsão” e que “a condenação deve sair na semana que vem”.

Fácil imaginar o que a Folha faria se o Ministério Público considerasse que não houve extorsão nenhuma na história – e que o religioso, como o jornal proclamou naquele domingo de outubro, o dia em que mais vende, de fato pagava por sexo com um ex-interno, segundo acusação deste.

E a azeitona nessa empada podre é que a notícia de hoje na Folha chegou atrasada: as conclusões do Ministério Público já estavam ontem no Estado.

Bossa nova: 50 anos de amor e beleza


Escrito por Maria Clara Lucchetti Bingemer

Sim, sou antiga e mesmo jurássica. Sim, sou daquelas pessoas que gostam de música que fala de amor, sol, céu azul, mar límpido, barquinhos que vão e que vêm, saudade que aperta o peito e dói, beleza da natureza física, ecológica e humana. Sim, tive o privilégio de viver em um Rio tranqüilo e belo, sem balas perdidas, sem crime organizado, sem autoridades incompetentes. Um Rio no qual se podia passear a pé de madrugada sem correr risco de vida e onde sinal vermelho era código para parar o carro até mesmo de noite. E dançar e namorar ao som da bossa nova.

Por tudo isso, disponho-me a celebrar bodas de ouro com a Bossa Nova. Ela remonta ao final dos anos 50. Poderíamos situá-la em 58. Os entendidos fazem a conexão das origens da nova fase da música popular brasileira com o lançamento do disco Chega de Saudade, de 78 rotações, com o clássico de Tom e Vinicius de um lado e Bim-bom, de João Gilberto, do outro. Ali, o tímido João Gilberto surpreendeu a todos com a nova batida de violão, resultado de vários anos de experiências musicais. Era o fruto maduro de um processo vivido não só por ele mesmo, mas por toda a turma de músicos e intelectuais que se encontrava nas famosas reuniões em casa de Nara Leão.

O Brasil ainda não havia conhecido as dores do golpe militar e o Rio era uma festa de beleza e despreocupação, vivendo seus últimos anos de capital do país. Na Zona Sul do Rio de Janeiro, compositores, instrumentistas e cantores intelectualizados - universitários muitos - amantes do jazz americano e da música erudita, tiveram participação efetiva no seu surgimento, que conseguiu unir a alegria do ritmo brasileiro às sofisticadas harmonias do jazz americano.

Foi só João Gilberto lançar o primeiro LP, também chamado Chega de saudade, para que a Bossa Nova ganhasse o país e o mundo, com seu jeitinho, sua batidinha, seu encanto mansinho e envolvente. Eram realmente os "anos dourados", posteriormente celebrados em novelas de televisão e filmes. O Brasil vivia um período de crescimento econômico que impactava sobre todas as áreas. O presidente JK – também chamado por Juca Chaves de "Presidente Bossa Nova" – liderava o estilo desenvolvimentista de "50 anos em 5".

A literatura brasileira lançava aquele que seria considerado por muitos o maior romance da língua pátria: Grande Sertão: Veredas, de João Guimarães Rosa. Jorge Amado lançava o livro que seria o manifesto da identidade baiana: Gabriela cravo e canela. O Cinema Novo surgia com o filme Rio 40 graus, de Nelson Pereira dos Santos. E a seleção brasileira de futebol conquistava sua primeira Copa do Mundo, derrotando a Suécia por 5 a 2 em jogo arrasador, onde brilharam as pernas tortas e geniais de Mané Garrincha. Gianfrancesco Guarnieri estreava em São Paulo, no Teatro de Arena, a peça Eles não usam black-tie, posteriormente usada pela ditadura militar para perseguir a classe teatral e intelectual brasileira.

E durante vários anos nos deliciamos com esse gênero que era e não era samba, era e não era jazz, era e não era muita coisa. Mas era, certa e firmemente, a descrição fiel da alma brasileira e carioca. Hoje a Bossa Nova ainda faz sucesso no mundo. Depois dela veio a MPB, com canções mais engajadas politicamente, retratando a situação que o país vivia. E depois veio o rock, o rap, o rave, outros ritmos.

Confesso que cada vez que ouço as canções de João Gilberto, Vinicius, Tom; cada vez que escuto a voz de Nara, baixinha e redondinha; cada vez que ouço toda essa beleza, deixo que o peito acompanhe e a imaginação ganhe asas e voe. Por isso agradeço à Bossa Nova, com quem o Brasil celebra bodas de ouro. São 50 anos de um casamento feliz, que foi se transformando ao longo do tempo como todas as uniões bem sucedidas. Mas que nunca esquece suas origens que marcaram um giro na identidade de um povo e de um país. Identidade feita de amor, beleza e, sobretudo, alegria.


Maria Clara Bingemer é teóloga, professora e decana do Centro de Teologia e Ciências Humanas da PUC-Rio e autora de "A Argila e o espírito - ensaios sobre ética, mística e poética" (Ed. Garamond), entre outros livros.

Lula quer o Brasil entre os países que mais investem em educação


Ele espera entregar o Brasil em 2010 entre as nações que mais investem em educação no mundo.

Quem passou pelos dois momentos na universidade pública sabe que muito mudou. No governo anterior as universidades públicas foram abandonadas com o objetivo de serem privatizadas.

Na universidade que estudei as paredes estavam precisando de pintura, não existia material para os professores e as greves eram recorrentes.

Já com o governo Lula, as situação mudou, além das reformas as faculdades ganharam dinheiro para a expansão das turmas e abertura de cursos noturnos.

Alguns prédios foram construídos e novos cursos foram abertos, aumentaram os números de alunos negros e de famílias com rendas mais baixas graças ao sistema de cotas.

As greves ainda continuaram recorrentes, afinal é um direito do trabalhador e mesmo que não seja bem utilizado pelos professores universitários não deixa de ser legítimo.

Novas universidades foram abertas em tudo o país e os investimentos em pesquisa foram ampliados.

Tem sempre um grupo de pessoas que acham isso pouco pois é importante investir no ensino básico e médio. Eu concordo que o básico e médio são muito importantes para melhorar a qualidade dos alunos nas universidades, mas quem investe neste tipo de educação são os municípios e os governos estaduais.


Postado em: http://blogdopauloandre.blogspot.com/:

29/02/2008

Por que não “te calas” Marco Aurélio

O presidente Lula bateu forte no ministro da Suprema Corte, Marco Aurélio de Mello o mais polemico e menos preparado dos juizes que compõe a corte suprema do país.

Em discurso realizado ontem em Aracajú, Lula mandou o ministro meter o nariz nos assuntos da justiça e não se meter em assuntos do executivo.

Marco Aurélio tem feito declarações permanentes referentes a assuntos da administração federal, a ultima foi nesta terça feira, quando disse sem ser perguntado que o programa Territórios da Cidadania poderia ser questionado judicialmente, pois segundo ele teria finalidades eleitoreiras.

Com este comentário o ministro que também é presidente do TSE – Tribunal Superior Eleitoral, fez juízo sobre um tema a ser julgado e deu a senha para a oposição entrar na justiça contra o programa.

Esta não é primeira vez que o Dr. Marco Aurélio mete o nariz onde não deve, há tempos ele vem fazendo juízo de questões puramente administrativas, desta vez levou um puxão de orelhas do presidente que colocou o ministro no lugar dele.

Nunca é tarde lembrar que foi este ministro que sugeriu ao PFL trocar de sigla para Dem – Democrata que terminou conhecido como Demo.

Marco Aurélio na verdade este irritado com o corte de quarenta milhões de reais nas verbas do TSE que constrói uma sede faraônica em Brasília, sobre a qual existe denuncias de subfaturamento.

Em outro pronunciamento sobre o assunto Lula afirmou que a oposição e o ministro são contra os pobres e usam de uma férula jurídica para evitar que onze bilhões de reais cheguem aos municípios mais pobres do país.


Conheça aqui o programa já julgado pelo ministro http://www.territoriosdacidadania.gov.br/

28/02/2008


Genial o Cartum criado por Emílio Gusmão no blog http://emiliogusmao.blogspot.com/
e reproduzida aqui.


É verdadeiramente ridícula a situação do ex-tudo na corrida eleitoral de Ilhéus, sem interlocutores, rejeitado, abandonado por ex-amigos que ele agrediu chamados de amigos do poder, acossado pela justiça com mais de trinta processos, barrado por seguranças do governador, o ex-poderoso do palácio Paranaguá que se diz candidato pelo PP esta boiando ao leu.

Cientista recria rosto do músico Sebastian Bach

Johann Sebastian Bach (1685-1750)

A antropóloga escocesa Caroline Wilkinson diz ter conseguido recriar digitalmente o rosto do compositor Johann Sebastian Bach (1685-1750), um dos mais importantes da história da música, por meio de técnicas forenses e com o auxílio do museu de Eisenach, na Alemanha.




Os resultados da investigação, que será apresentada na próxima segunda-feira em Berlim, foram obtidos com retratos, medidas do crânio do compositor e de sua máscara mortuária. A face de Bach teria feições maduras, entradas no cabelo e lábios carnudos.

Caroline, que usou as mesmas técnicas de reconstrução para descobrir os semblantes de São Nicolás e do faraó egípcio Tutancâmon, refez primeiramente o crânio de Bach, para em seguida, com ajuda de um software, desenhar os músculos, cartilagem e pele do artista.

Segundo o museu Casa Museu de Bach, na cidade de Eisenach, já em 1984 o médico alemão Wilhelm His e o escultor Carl Ludwig Seffner tentaram reconstruir o rosto do músico. Agora, uma empresa fará os moldes do busto de Bach, que será exibido em uma exposição.

"Estamos ansiosos para ver como ficou finalmente o rosto", afirmou o diretor do museu, Jörg Hansen. Segundo ele, embora tenha seguido um processo minucioso na recriação dos músculos e dos ossos, a cor da pele, dos olhos e do cabelo do músico continuam sendo um mistério.

Hansen explicou que nos retratos conservados de Bach algumas vezes seus olhos aparecem azuis e em outras, castanhos, enquanto no caso do cabelo os pintores se inspiraram na moda da época e tomaram como modelo o rosto pintado por Elias Gottlob Haussmann.

A Casa Museu de Bach inaugurará em 21 de março, data do 423º aniversário do nascimento do compositor, a exposição "Bach no Espelho da Medicina", cuja estrela será um busto de cera que mostrará o rosto do músico reconstruído.

EFE

Territórios da Cidadania


Excelente o artigo da jornalista Maria Inês Nassif publicado hoje em “O Valor”.

Nele a jornalista destrói a tese do PSDB/Demo de que o programa Territórios da Cidadania lançada no inicio da semana por Lula tenha cunho eleitoreiro.

È sempre bom lembrar que Maria Inês não é petista nem jornalista de esquerda, assim como o jornal “O Valor” publicação tipicamente dirigida ao grande empresariado capitalista nacional.

Gerson



Por Maria Inês Nassif, em "O Valor" de hoje

Política vai parar de ganhar com a miséria


(...) O país que lê e tem emprego só entendeu a extensão dos resultados do Bolsa Família quando as pesquisas eleitorais, no auge do escândalo do mensalão, passaram a dar a dianteira ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre qualquer candidato oposicionista, apesar de ter sido mantido durante longo período sob o fogo cerrado da oposição.

(...) As eleições de 2006 desarrumaram o arranjo tradicional, onde os chefes políticos locais levam o rebanho até o candidato apoiado pelo chefe estadual e este, por sua vez, negocia favores da política nacional. Esse desarranjo foi favorecido não apenas pelo Bolsa Família, mas também pela universalização do uso da urna eletrônica, guardiã do segredo do voto. Como o chefe político local não era o dono do benefício concedido ao pobre - que vinha na forma de um cadastramento feito pela prefeitura, mas que depois se tornava uma relação entre o beneficiado e o banco onde ele recebe o dinheiro - não era também aquele a quem se deveria retribuir com o voto. Aconteceu de forma bastante ampla, em 2006, uma inversão do que ocorria tradicionalmente: em vez do chefe local dizer em quem o eleitor teria que votar - e já não teria total controle sobre esse voto, que é eletrônico -, foi o chefe quem correu atrás do candidato do cidadão pobre. Lula conseguiu apoios nada desprezíveis de prefeitos de todos os partidos. E certamente não foi porque os prefeitos tinham se tornado petistas. Eles simplesmente adiaram um confronto com seus eleitores - reconciliaram-se com eles por meio de uma adesão pontual ao candidato à reeleição para a Presidência.

O efeito Bolsa Família, que foi tão desprezado até o início do processo eleitoral de 2006, é hoje um risco para os políticos tradicionais. A oposição não pode falar contra o programa de transferência de renda - isso é evidentemente impopular -, mas cristalizou uma clara aversão a programas sociais mais amplos, em especial os saídos da lavra deste governo. Não é de se estranhar a reação pronta do ex-PFL, hoje DEM, que promete sustar o programa Territórios da Cidadania na Justiça, por ter sido lançado em ano eleitoral - o que o tornaria ilegal.

O programa anunciado por Lula pode até surtir efeitos eleitorais, mas a sua única novidade - e boa novidade, aliás - é a ação integrada de programas já existentes, em bolsões de pobreza localizados na área rural. O que o governo anunciou, na verdade, foi um conceito de gerência de programas sociais que já se antevia no Bolsa Família, que agregou na sua origem vários programas dispersos, e nas ações do Ministério do Desenvolvimento Social, que articula ações de vários ministérios.

No caso do Territórios da Cidadania, a coordenação é do Ministério do Desenvolvimento Agrário, mas até o Ministério da Cultura está envolvido. E tem uma lógica que não é simplesmente eleitoral: é voltado para as populações agrárias porque elas são as que vivem nas regiões de Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) mais baixos do país; atende localidades mais beneficiadas pelo Bolsa Família porque esse é um indicador de miséria; atendem a um planejamento local, feito por colegiados, onde estão representados também prefeitos e representantes dos governos estaduais, além das comunidades. Teoricamente, o fato de abrigar nos colegiados os prefeitos, independente do partido a que pertençam, despem o programa de caráter eleitoral. Mas, na prática, esses colegiados tiram do prefeito, ou dos deputados que são eleitos por essa população, a "autoria" do benefício à comunidade. Os colegiados são a antiemenda parlamentar. Do outro lado, podem diluir a responsabilidade do governo federal sobre os programas, já que todas as unidades da federação estão lá representadas. O jogo está zerado, portanto. O que definirá o voto desses eleitores é como os políticos se adeqüam a uma realidade onde gradativamente são trazidos ao mercado de consumo um grande número de brasileiros, que a partir de então passam a ter novas exigências que não a sobrevivência imediata.

Há um enorme ganho, inclusive fiscal, nesse conceito gerencial. Atender uma região com o Pronaf sem que a agricultura familiar tenha assistência técnica, ou infraestrutura para escoamento da produção, ou mesmo educação para trazer a economia de subsistência para o capitalismo, é jogar o Pronaf fora. Dar Bolsa Família sem viabilizar à agricultura familiar uma atividade produtiva é eternizar o Bolsa Família. Incentivar o beneficiamento da produção em cooperativa sem que a região tenha luz elétrica é jogar produção no lixo. Miríade de programas sociais que não se integram jogam dinheiro público fora e não alteram em nada a vida da população.

Fora alguns conselhos que já se reuniram para debater a prioridade de seus Territórios de Cidadania, ele ainda é uma intenção. Se o governo Lula tiver capacidade para implantar esse modelo gerencial de programas sociais, será um ganho para o país. Isso é com o Executivo. Quanto aos políticos, o que eles devem fazer, se a intenção declarada do governo tornar-se de fato um programa bem-sucedido, é repensar a forma de arregimentar eleitores. Ações que desintermediam o voto podem até beneficiar um primeiro governo, aquele que o implantou (e esse efeito pode ter ocorrido já no passado, na reeleição de Lula), mas depois passam a ser neutras politicamente. Daí, ganha votos quem fizer a melhor política.

Em 5 anos de governo, taxa mensal de desemprego tem queda de 28,5%


A taxa de desemprego de janeiro, que ficou em 8%, foi a segunda menor desde março de 2002, início da série histórica Pesquisa Mensal de Emprego do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado só foi superado pela taxa de dezembro do ano passado (7,4%).

“Em termos proporcionais foi o melhor resultado, já que dezembro tradicionalmente emprega mais pessoas por conta da mão de obra temporária de final de ano”, explicou a gerente da pesquisa, Cimar Azeredo.

Comparado ai índice de janeiro de 2003 (11,2%), quando teve início o governo Lula, a queda no total de desempregados foi de 28,5%.

Segundo o IBGE, um dos setores mais importantes para o emprego em janeiro foi o de serviços prestados às empresas, que cresceu 3,3 pontos percentuais e correspondeu à cerca de 15% da população ocupada no mês.

“Esse setor inclui principalmente empresas terceirizadas, com empregos como os de motorista, secretária, segurança e faxineiro. Isso fez com que o emprego que surgiu fosse basicamente o de carteira assinada”, explicou Cimar Azeredo.

Em janeiro de 2007, os empregados com carteira assinada no setor privado correspondiam a 41,7% da população ocupada, valor que subiu para 43,8% em janeiro deste ano.

O rendimento médio real dos trabalhadores, descontando a inflação, foi de R$ 1.172,50 em janeiro. O valor não sofreu alteração na comparação mensal, mas cresceu 3,4% em relação à janeiro de 2007. Já o rendimento médio real domiciliar per capita ficou em R$ 743,76, apresentando uma redução de 0,5% no mês e aumento de 3,5% no ano.

IBGE/Agência Brasil

A busca pelo melhor chocolate do mundo


Em um canto remoto da aldeia global, um italiano acredita que desenvolveu a melhor de todas as receitas de chocolate. Claudio Corallo vive em uma ilha perto da Nigéria e envia sua pequena produção de chocolate para o mundo todo.

A maioria das pessoas não tem idéia do que é chocolate - ou do que pode ser, diz Claudio Corallo. Aos 56 anos, com o bigode grisalho e olhos suaves, ele pega seu canivete e corta uma fatia de uma barra de chocolate à sua frente: 70% de chocolate com uvas passas em licor de cacau. Ele a cheira e então se inclina para trás e observa os provadores fecharem os olhos e deixarem-se dominar pelo sabor forte e aromático do cacau, a doçura das uvas e a essência do álcool. Ele sorri.

"Então?", pergunta.

Segundo Corallo, qualquer pessoa que experimenta seu chocolate pela primeira vez percebe que nunca comeu chocolate de verdade. Ele acredita que nada se compara a seu chocolate 75% com gengibre, seu chocolate 80% com açúcar cristal, ou o rei de todos: chocolate 100% puro.

Corallo assumiu como missão criar o melhor chocolate do mundo. Seu laboratório fica atrás de sua casa na estrada de praia de São Tomé, capital de um pequeno e remoto país do qual poucas pessoas já ouviram falar - São Tomé e Príncipe, uma antiga colônia portuguesa ao largo da costa da Nigéria e que consiste em dois arquipélagos vulcânicos no golfo da Guiné.

Ele e suas criações são célebres nas revistas gourmets. Ele envia o "Corallo Cacao" - um produto de luxo em um país onde muito poucas pessoas podem gastar 10 euros por 130 g de chocolate - para a França, Itália, Espanha, EUA e Japão. Mas está lutando uma batalha solitária. Está mais interessado em dar ao mundo honestidade do que luxo.

"Chocolate, hoje, é muita conversa, muito açúcar e muita embalagem", ele diz, pegando uma caixa de sua prateleira. "Este é 100% cacau da Venezuela, muito caro." Ele o cheira, coloca um pedaço na boca e faz uma careta. "Gorduroso, amargo, sem aroma. Se isto é considerado bom, eu tremo ao imaginar o que seria ruim. Mas com o nosso chocolate você pode sentir o gosto da fruta."

Seus inimigos são as corporações multinacionais que controlam a indústria de chocolates, processam cacau de baixa qualidade e usam tecnologia para torná-los comestíveis. "Eles os colocam em uma concha, uma máquina que se destina a retirar o sabor do cacau", diz Corallo, referindo-se a uma máquina que supostamente refina o cacau. "O cacau é moído finamente na máquina e aquecido a 80 graus, e nesse ponto perde totalmente o sabor. Eles acrescentam baunilha para lhe dar novamente aroma, chamam de delícia e as pessoas pagam até 100 euros por quilo de leite por um produto morto! O chocolate ao leite comum do supermercado é muito mais honesto", diz Corallo.

Essas plantas não são segredo. São menos produtivas que as híbridas modernas usadas pelo resto da indústria de chocolate, mas os grãos têm um sabor muito melhor. E para alguém que quer fazer o melhor chocolate o cacau é o mais importante.

Corallo levou anos para descobrir o método certo. Ele fermenta os grãos durante duas semanas, como as uvas usadas para fazer vinho. Isso desenvolve seu sabor. Dificilmente alguém fermenta os grãos tanto tempo quanto ele.

Depois eles são secos em um forno e mulheres de aventais e máscaras brancas sacodem os grãos e removem manualmente as sementes amargas. Um ventilador caseiro sopra a poeira fina dos grãos. A pasta de cacau é feita no final. A maioria dos outros detalhes é secreta.

Tradução: Luiz Roberto Mendes Gonçalves Visite o site do Der Spiegel

UMA VERDADE INCONVENIENTE


O artigo abaixo escrito pelo professor João Freire de Brasília, bota o dedo na ferida aberta do PIG. No recente acontecimento que o governo anunciou que as reservas do país em caixa era suficiente para pagar o total da divida externa o PIG (Partido da Mídia Golpista) veio a campo cuidar de diminuir o impacto positivo da noticia na opinião publica, entre as perolas do PIG esta a declaração do comentarista ultra conservador Carlos Alberto Sardenberg da Globo News, que só faltou falar que foi FHC o responsável pela zerada na divida externa.


UMA VERDADE INCONVENIENTE


Causei certo espanto em meus alunos, durante uma aula, quando afirmei: “A mídia não é confiável”. Afirmo isso com a certeza de quem pesquisa o tema e vê os abusos cometidos e as verdades fabricadas, em função da agenda política e comercial das empresas de comunicação.

Assim como os meus alunos, a maioria esmagadora da população não tem essa percepção e atribui uma grande credibilidade a esse setor (ver texto publicado em 23/01).

Na semana passada, quando o Banco Central anunciou que nossas reservas cambiais eram suficientes para pagar a dívida externa, o Jornal da Globo se apressou em esclarecer: o governo Lula não tem qualquer mérito no bom momento da economia. “O que nós estamos assistindo é o triunfo da ortodoxia econômica. Nós fizemos de 94 para cá a introdução de uma série de políticas econômicas (câmbio flutuante, superávit primário e meta de inflação) que foram grandes mudanças”, afirmou o comentarista Carlos Alberto Sardenberg, fazendo uma explícita alusão ao governo FHC.

“Para o economista Paulo Rabello de Castro, os bons números nas contas externas vieram com a ajuda do cenário internacional favorável nos últimos anos”, afirmou a mesma matéria do JG. Nenhum contraditório, nenhuma afirmação positiva sobre a atuação do governo Lula. A mídia quer fazer a cabeça da população e, por isso, não pode dar espaço para pensamentos diferentes. Isso não é jornalismo.

É óbvio que depois de mais de cinco anos de atuação, o governo atual tem mérito pelo sucesso da economia. Mas, como a mídia comercial está comprometida com a eleição de Serra, Alckmin ou ainda qualquer outro candidato viável da direita, os veículos se apressam em explicar que o governo Lula não faz nada de bom.

É importante lembrarmos de alguns números, que demonstram como o governo anterior deixou a desejar na condução da economia. Segundo o Banco Central, em janeiro de 1995, quando FHC tomou posse, a dívida interna correspondia a 20,7% do PIB. Oito anos depois, em dezembro de 2002 quando FHC deixou o governo a dívida interna atingiu a marca absurda de 52,36% do PIB. Já a dívida externa, passou de 19,9% do PIB (em 1995) para 41,8% do PIB (em 2002).

Para a mídia comercial – também chamada de PIG (Partido da Imprensa Golpista), pelo jornalista Paulo Henrique Amorim – os fatos são uma verdade inconveniente e, por isso, precisam ser deturpados.

http://jlfreire.blog.uol.com.br/

JUSTIÇA BRASILEIRA É TOLERANTE COM A CORRUPÇÃO


“A Justiça de São Paulo expediu o alvará de soltura do catador de papel acusado de tentar furtar uma garrafa de cachaça, no valor de R$ 1,50, na zona sul da capital. O alvará, de acordo com o Tribunal de Justiça, foi enviado na segunda-feira (11) ao Centro de Detenção Provisória (CDP) de Osasco, na Grande São Paulo, onde Reginaldo Pereira da Silva está preso”.

”Silva foi preso em julho de 2007 porque teria ingerido a bebida no interior de um supermercado na avenida Santo Amaro, na zona sul de São Paulo. De acordo com a Secretaria de Administração Penitenciária (SAP), até as 13h30 desta terça ainda não havia informações sobre a soltura do preso ou se o CDP já havia recebido o documento”, informa a Agência Estado.

Silva é casado tem um filho de três anos e sua esposa está grávida. Enquanto ele estava na cadeia, a família, que vive em uma casa abandonada, passou por grandes dificuldades. Segundo a defensora pública responsável pelo caso, o acusado tinha a intenção de pagar pelo produto.

Enquanto isso, o juiz Lalau, Paulo Maluf, Joaquim Roriz, Pimenta Neves, Edemar Cid Ferreira, Orestes Quércia e Jader Barbalho, só para citar uns poucos exemplos, seguem em liberdade e com a certeza de que ficarão impunes.

Em 10 operações, realizadas entre outubro de 2003 e dezembro de 2004, a Polícia Federal prendeu 245 pessoas acusadas de corrupção e desvio de dinheiro público. Desse total apenas duas pessoas continuam presas. Ou a Polícia Federal anda prendendo pessoas sem qualquer critério ou a justiça brasileira não funciona.

Fico com a segunda opção. A justiça brasileira é ineficiente e preconceituosa. É implacável com o miserável que comete um pequeno crime e é tolerante com os criminosos que têm pedigree. Enquanto isso, 22% do PIB brasileiro são devorados pela corrupção e ninguém vai para a cadeia.

publicado em: http://jlfreire.blog.uol.com.br/

Um modo radical de apoiar Barack Obama


Ícone do ativismo independente, Grace Lee Boggs sugere: mais importante que votar no candidato é não entregar a ele a responsabilidade pelas mudanças

Ela participou ativamente de todos os movimentos sociais importantes em seu país, no século passado — sindicatos, igualdade racial, feminismo, ambientalismo, luta contra as guerras do Vietnã e Iraque. Aos 92 anos, continua a ser a animadora do Detroit Summer, uma iniciativa que procura “redefinir, redesenhar e reanimar” a antiga “capital do automóvel”, por meio de ações de seus cidadãos. Sua experiência, sua capacidade de propor a seus interlocutores novos desafios e sua disposição de falar sem tribuna fizeram dela uma personagem conhecida e admirada no mundo dos grassroots movements – os movimentos de base que se multiplicam pelos EUA. Não significa que seja uma outsider: seu livro autobiográfico, Leaving for Change [Viver para Mudar], é amplamente adotado, na academia, nos estudos sobre movimentos sociais, Detroit e norte-americanos de ascendência asiática (ela é filha de chineses).

Tendo lutado pela transformação social por mais de 70 anos,
Grace Lee Boggs impressiona pela lucidez, bom-humor, capacidade de renovação permanentemente e desapego em relação às velhas certezas. Em entrevistas recentes, disponíveis no YouTube, afirma que continua a se sentir revolucionária, mas aprendeu a afastar a idéia de revolução da “conquista” do Estado. Acredita agora nas “ações autônomas de transformação estrutural e auto-transformação”. Vê a história de seu país marcada, no último meio século, tanto pela concentração de riqueza e poder quanto pela sucessão de movimentos humanizadores muito potentes. Acha que os grassroots movements precisam avançar. Não basta protestar, ou resistir; é preciso produzir as mudanças.

Essa ativista e pensadora não-convencional, que não crê nem em grandes líderes nem nas instituições que eles dirigem (ou pelas quais são comandados…), tem escrito
artigos em que revela um entusiasmo crescente pela campanha de Barack Obama à presidência dos EUA. Ela está empolgada tanto pelo seu carisma quanto por sua disposição para contrariar a lógica que exige políticos carismáticos. Em choque direto com o discurso da representação (inclusive o de esquerda), diz Grace, Obama não se apresenta como o portador da esperança. “Estou propondo a vocês que acreditem não apenas em minha habilidade de promover mudanças em Washinton. Estou propondo que acreditem na habilidade de vocês”, disse ele num discurso recente.

Esta postura, prossegue Grace, é coerente com as origens políticas de Obama, um ativista articulador de comunidades. Já foi manifestada em 1995, quando, ao concorrer pela primeira vez para o Senado, ele teve oportunidade de formulá-la em termos teóricos: “Para que nossa agenda avance, não podemos ver os eleitores ou as comunidades como consumidores, como simples beneficiários da mudança. É hora de os políticos e outros líderes verem os eleitores, moradores ou cidadãos como produtores da mudança.O objetivo de nosso movimento deve ser a agenda completa da criação de comunidades produtivas. É aí que está nosso futuro”.

Além de atenta ao discurso de Obama, Grace tem observado com atenção as reações que ele desperta. Ela considera típicas as frases a seguir, extraídas do blog de uma jovem ativista ambiental: “Obama é o primeiro candidato presidencial que conseguiu construir uma campanha em torno da frase célebre de Gandhi, ’seja você a mudança que quer ver no mundo’. Por isso, amo seu passado de organizador. É a primeira vez que vejo alguém articular a necessidade de cada um engajar-se no processo, ao invés de vomitar retórica de velha política”.

A eventual vitória de Obama e sua capacidade de mobilização seriam suficientes para que o país mais poderoso do planeta pudesse emitir sinais positivos para a humanidade? Grace não lida com a passividade das apostas, mas com a esperança da ação. Ela faz questão de lembrar Martin Luther King e a advertência feita por ele, pouco antes de morrer: exceto no caso de uma grande revolução de valores, que superasse o racismo, o materialismo e o militarismo, os EUA seriam “tragados pelos longos, escuros e vergonhosos corredores que o tempo reserva aos que possuem poder sem compaixão, vontade sem moral e força sem visão”. Este futuro tenebroso chegou, diz ela, em referência à guerra infinita no Iraque, ao descaso com o aquecimento global, ao abismo de desigualdade que vai se abrindo na sociedade norte-americana.

Grace conclui: “Para ser parte da solução, precisamos reconhecer que somos parte do problema. Ele exige enormes mudanças, não só em nossas instituições mas também em nós mesmos. Embora sua imagem seja inspiradora, Obama sozinho não é o movimento para a mudança. Temos o direito e a obrigação de criar o projeto que queremos que ele represente. Ao invés de projetar em sua pessoa redentora o futuro que desejamos, ao invés de nos enxergar apenas como seguidores de um líder carismático, podemos e devemos ser os líderes pelos quais esperamos”.


Houdini não foi a Buenos Aires


Só a cultura do espetáculo poderia imaginar que Evo Morales, Cristina Kirchner e Lula resolvessem, em poucas horas, os gargalos do abastecimento de gás no Cone Sul. Eles decorrem de duas crenças: na suposta generosidade infinita da natureza e no caráter "positivo" de qualquer aumento de consumo



André Ghirardi

Sob o único foco de luz, no centro do palco escuro, o mágico aproxima-se da mesa. Da platéia vêem-se apenas a cabeça e os pés da linda jovem, salientes nas extremidades da caixa sobre a mesa. A platéia aterrorizada testemunha o mágico serrar ao meio a caixa e, presumivelmente, o jovem corpo. Após um momento de angústia geral, o mago profere enfim as palavras milagrosas: abre-se a caixa e a jovem salta inteira, saudável, até mais linda do que antes. Todos aplaudem delirantes, aliviados, gratos ao misterioso poder que permitiu resgatar a harmonia que parecia destruída.

Somente a lógica de criação de um espetáculo poderia explicar a expectativa de que o desequilíbrio da indústria regional de gás pudesse, de fato, ser resolvido na recente reunião dos presidentes de Argentina, Bolívia, e Brasil, em Buenos Aires. Da mesma forma que, na cena mágica, a jovem dentro da caixa teve separado o tronco das pernas, existe hoje uma dissociação entre oferta e demanda por gás natural na região. Especificamente há um descasamento entre o volume de gás diariamente disponível para exportação na Bolívia (cerca de 34 milhões de metros cúbicos), e o volume de gás boliviano demandado por Brasil e Argentina (cerca de 36 milhões de metros cúbicos por dia).

O problema não é novo, e tem sido exaustivamente analisado ao longo dos últimos dois anos. Os fatos são plenamente conhecidos: não há como aumentar de imediato a produção boliviana; o Brasil precisa de todo o volume a que tem direito por contrato firmado há dez anos; a Argentina consome cada vez mais do que consegue produzir, e precisa aumentar importações para garantir o suprimento básico à população. É uma questão aritmética, e a conta simplesmente não fecha. Apesar disso criou-se, na imprensa de véspera, a expectativa de que a reunião tripartite de 23 de fevereiro pudesse produzir uma solução mágica e que, tal como a jovem de circo, o mercado regional de gás ressurgisse intacto e sorridente sob o aplauso geral. Mas a realidade se impôs. Não houve mágica: Houdini não foi a Buenos Aires.

Podemos tirar proveito desta espécie de ressaca pela mágica que não houve. Mas para isso temos que fazer o dever de casa, e rever os comportamentos que nos levaram a esse impasse. Como disse o poeta florentino, perdonar non si può chi non si pente (não se pode perdoar quem não se emenda), e o problema do desequilíbrio na indústria de gás vai persistir se continuar tudo como dantes no quartel de Abrantes.

Refiro-me especificamente a dois equívocos, presentes em grau variado nos países da região, e que geram expectativas descabidas: um sobre produção, e outro sobre consumo. O primeiro é que os recursos naturais são um bem em si, algo como uma dádiva divina que temos no subsolo, e que de toda parte afluirão capitais para desenvolver esses recursos, cobiçosos dos grandes lucros que será possível obter. Não é assim. A indústria de gás natural é uma atividade que exige expor ao risco imensos volumes de recursos que, alternativamente, podem ser direcionados a outras atividades com remuneração mais segura. Portanto, a extração e uso do gás dependem de que se dêem condições para remuneração justa do capital empregado nessa atividade. Do contrário, o gás permanecerá debaixo da terra, onde poderá ter função simbólica, mas não contribuirá para a qualidade da vida material.

Na história da indústria, a repartição do valor gerado pelo gás favoreceu comumente as empresas, e não os Estados nacionais. É legítimo, portanto, negociar novas partilhas

É claro que existe, sim, uma disputa pela repartição do valor criado na produção e uso do gás. É também certo que, na história da indústria, essa repartição favoreceu mais vezes às empresas do que aos Estados nacionais detentores das reservas. É legítimo, portanto, que exista negociação pelo valor gerado. Mas pode haver paralisia, se os governos fizerem disso unicamente uma causa de revanchismo nacionalista. Essa questão é particularmente delicada na Bolívia de hoje, onde as disputas internas em torno da reestruturação do Estado criam incertezas desfavoráveis aos investimentos de grande porte necessários para aumentar a produção de gás.


Leia a matéria completa aqui http://diplo.uol.com.br/2008-02,a2237

27/02/2008

Lançamento da revista Perseu: História, Memória e Política


A Fundação Perseu Abramo lança na próxima sexta-feira, 29, em São Paulo, a revista Perseu: História, Memória e Política, editada pelo Centro Sérgio Buarque de Holanda. Perseu chega com a proposta de dar voz aos trabalhadores, à luta pela defesa dos direitos civis e à reflexão sobre o nosso tempo e o nosso país, e principalmente, enfrenta o desafio de ser o canal de difusão de pesquisas e de análises sobre a esquerda contemporânea do Brasil e do mundo.


A pluralidade de enfoques e a diversidade dos assuntos tratados nos artigos de PERSEU se farão acompanhar por dossiês temáticos. O primeiro deles será dedicado à construção do Partido dos Trabalhadores, tomando como ponto de partida a reunião inaugural, realizada há 28 anos, no Colégio Sion, em São Paulo, em 10 de fevereiro de 1980, com textos de Alexandre Fortes, Marco Aurélio Santana e Carlos Henrique Menegozzo, acompanhados da publicação de documentos textuais e de um Caderno de fotos.


Entre os artigos deste primeiro número, encontram-se temas como as Ligas Camponesas antes do golpe de 64; a formação do movimento negro contemporâneo no Brasil; o teatro de resistência solidária; o cinema engajado de João Batista de Andrade; o teatro de Plínio Marcos; a Era Vargas e o mundo rural; e as trabalhadoras da indústria de calçados nos anos 1980. Além dos autores já mencionados, estão presentes na estréia da Perseu: Paul Singer, Mario Pedrosa, Perseu Abramo, Vinicius Donizete de Rezende, Marcus Dezemone, Pablo Francisco de Andrade Porfírio, Amilcar Araujo Pereira, Kátia Rodrigues Paranhos, Elizabete Sanches Rocha, Alcides Freire Ramos.


Lançamento
29 de fevereiro, sexta-feira, às 19h Local: Fundação Perseu Abramo, Rua Francisco Cruz, 234 - Vila Mariana - São Paulo. Mais informações: (11) 5571-4299 – r. 125

Demanda interna alimenta crescimento do Brasil


Esta é uma daquelas noticias que a gente nunca lê na imprensa brasileira, a muito nossa grande imprensa perdeu o foco da noticia, esta tão empenhada em derrubar Lula e eleger Serra, que não consegue ver o que acontece no Brasil real.

Como nos tempos da ditadura militar que tínhamos que ouvir a BBC de Londres em português para ter noticias sem censura do Brasil, agora temos os bolg que nos dão um nova fonte de informações, mesmo assim ver noticias como a que segue abaixo em jornais estrangeiros coloca em cheque a credibilidade de nossa mídia.

Gerson


Jonathan Wheatleyem São Paulo


Os dados desta semana mostrando que o Brasil teve um déficit na conta de transações correntes de US$ 4,23 bilhões (em torno de R$ 8,5 bilhões) em janeiro devem, com o atual desempenho, ser causa de alarme.


O número foi muito pior que os US$ 2,7 bilhões (em torno de R$ 5,4 bilhões) esperados por muitos economistas e deu ao Brasil seu primeiro déficit acumulado em 12 meses (de US$ 1,17 bilhão) em cinco anos. Tampouco parece um soluço. A maior parte dos economistas acredita que os déficits continuarão pelo menos até o final do ano.


O aumento do índice de crescimento do Brasil nos últimos anos - de uma média de 2.5% nas duas décadas anteriores a 2003 até mais de 5% no ano passado - foi movido pelas exportações.
Assim, o fato do superávit comercial do país provavelmente encolher de cerca de US$ 40 bilhões (aproximadamente R$ 80 bilhões) no ano passado para cerca de US$ 33 bilhões (cerca de R$ 66 bilhões) neste ano deve ser motivo de preocupação.


A redução do superávit não é causada pela queda nas exportações, que ainda estão crescendo, mas por um aumento ainda mais rápido nas importações. A expansão do emprego e dos salários, o crédito mais barato e índices mais altos de investimento fizeram com que a economia interna brasileira se tornasse o novo motor do crescimento.


De fato, enquanto a conta corrente - que soma o valor das importações e exportações, serviços, juros da dívida externa, turismo e outras transferências - está entrando no vermelho, a conta de capital e financeira - que cobre o investimento direto estrangeiro, o investimento em carteiras e a dívida - está fortemente no azul. Em janeiro, apresentou um superávit de US$ 7,5 bilhões (cerca de R$ 15 bilhões), movida pelo investimento estrangeiro direto de US$ 4,08 bilhões (em torno de R$ 8 bilhões).


A moeda brasileira, porém, continua apreciando. O real foi negociado por menos de R$ 1,70 para o dólar na manhã de segunda-feira (25), seu nível mais forte desde maio de 1999.


Isso permitiu que o BC continuasse acumulando reservas, até o ponto do Brasil se tornar um credor líquido do resto do mundo em janeiro. As reservas estrangeiras estão em cerca de US$188 bilhões (em torno de R$ 376 bilhões), uns US$ 7 bilhões a mais do que o total da dívida do setor público e privado. Isso aconteceu mesmo enquanto a crise no mercado financeiro global levou os estrangeiros a sacarem US$ 3,1 bilhões (cerca de R$ 6,2 bilhões) de títulos brasileiros em janeiro, em grande parte para cumprir obrigações em outros mercados.


Será que o Brasil pode mudar facilmente da dependência de exportações e de investimento estrangeiro em ações para a demanda interna e investimento direto estrangeiro? A maior parte dos economistas não vê porque não.


"Não há sinal de qualquer desequilíbrio até agora", diz Alexandre Schwartzman, economista do ABN Amro em São Paulo. "Mesmo que a atual conta se torne um problema, a cura evidente é que a moeda vai se depreciar." Schwartzman diz que o investimento direto estrangeiro vai empurrar o índice geral de investimento fixo no Brasil de cerca de 17,5% do PIB (Produto Interno Bruto) no final do ano passado para cerca de 19% até o final de 2008. Isso deve promover o crescimento para um pouco mais do que 4,5% ao ano, sem provocar inflação.


Isso é muito mais do que a Rússia, Índia e China - os outros membros do chamado grupo Bric de campeões do mercado emergente. A maior parte dos economistas diz que o crescimento seria ainda maior se o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva fizesse as reformas fiscais tão esperadas.


No entanto, o crescimento nos últimos anos já fez de Lula o líder mais popular na memória viva, e assim a maior parte dos brasileiros deve continuar feliz.


Tradução: Deborah Weinberg

"O Brasil não gosta da diplomacia de microfones", diz Celso Amorim


Francisco Peregil Em Madri

Celso Amorim, ministro das Relações Exteriores do Brasil desde 2003, esteve em Madri durante quatro dias antes de partir na sexta-feira para uma turnê que o levará à Arábia Saudita, Síria e Jordânia. Assinou com a Espanha um acordo sobre ciência e tecnologia. Com os países árabes espera estreitar as relações, o que não seria mal para um país como o Brasil, onde vivem 10 milhões de árabes e que aspira a ser membro permanente do Conselho de Segurança da ONU. Amorim também assume que seu país pretende ser uma referência na América Latina.

No entanto, em um problema tão candente quanto o das Forças Revolucionárias Armadas da Colômbia (Farc), o Brasil não adotou uma posição tão clara quanto a do governo venezuelano, que defende a legitimidade diplomática para a guerrilha mais antiga do continente, nem tão contundente quanto a posição dos EUA ou da UE, para os quais as Farc são um grupo terrorista. "Não creio que haja indefinição. O que acontece é que não sentimos a necessidade de ter posições muito eloqüentes. Em muitos casos a diplomacia recomenda um pouco de discrição.

"Em vários casos na América Latina o Brasil teve um papel importante. Inclusive na Venezuela, quando houve o referendo revogatório (contra o presidente Hugo Chávez), criamos o Grupo de Amigos. No Haiti estamos presentes. Mas a questão é que o Brasil não tem a classificação de organizações terroristas. A única organização terrorista que o Brasil reconhece como tal é a Al Qaeda, e o fazemos acatando a determinação da ONU. Quando o Brasil puder atuar a favor do diálogo, o fará. Isso implica ser ativos, mas discretos. Não praticamos a diplomacia dos microfones."

Quanto às relações internacionais, Amorim não tem qualquer dúvida de como o Brasil deve se expandir. "Nossa primeira prioridade é a América do Sul. E podemos desempenhar um grande papel. De fato, nosso principal parceiro comercial é a América Latina, que abrange 26% ou 27% do nosso comércio; depois vem a União Européia, com 24%; depois os EUA, com 15%. Mas assim como nosso comércio é diversificado nossa maneira de nos integrarmos ao mundo também deve sê-lo. Nosso presidente tem uma grande capacidade de diálogo com todos os líderes, independentemente das simpatias ideológicas. Temos uma excelente relação com Cuba e com os EUA. Mas também temos uma dimensão global." O ministro das Relações Exteriores do Brasil se expressa em um espanhol perfeito, que aprendeu em seus anos de trabalho na Organização de Estados Americanos (OEA).

Celso Amorim lembra que o Brasil é o país que tem mais Institutos Cervantes no mundo, com nove centros. Lembra que o espanhol foi introduzido como matéria obrigatória no primário e no secundário, que cada vez mais brasileiros falam melhor o espanhol e gostaria que houvesse certa reciprocidade no esforço. Também recorda que a Espanha é o segundo país que mais investe no Brasil, depois dos EUA. "Agora só falta colocarmos a relação política entre os dois países no mesmo nível que a econômica."

Tradução: Luiz Roberto Mendes Gonçalves

26/02/2008

Carta Capital e Veja: as diferentes de capas iguais

A postagem que segue abaixo, é simplesmente desmoralizante para a Veja, como se não bastasse ter se tornado o esgoto da mídia nacional a revista da Abril deu agora para plagiar as concorrentes.
A Carta, foi as bancas na tarde de sexta e a Veja só chegou no sábado, o plagio descarado só pode ser entendido na linha de confundir o leitor, tentando a Veja pongar no sucesso de vendas da Carta.
Gerson


Como o leitor pode perceber a diferença entre as capas de Veja e Carta Capital desta semana é apenas de abordagem. Uma revista é séria e trata o assunto da forma jornalística. A outra, na sua opção pela patifaria, age como se fosse bêbado de fim de festa, aquele chato que fica falando besteira, mas acha que está fazendo o maior sucesso.

De qualquer forma, acho que já vi essa "criativa" capa em uma outra revista americana, o leitor poderia me ajudar a encontrar o original. Já dei uma busca no google, mas como sou infoanalfa, nada. Os criativos de ambas as publicações poderiam se esforçar um pouco mais para fechar a capa da próxima edição.

À propósito, aquele panfleto recém-lançado da Abril com nome de A Semana tem uma charge de Fidel apagando um charuto. Cópia besta de uma capa inteligente da edição desta semana da The Economist. Uma revista anti qualquer coisa que diga respeito a Cuba, mas que não é tosca. Vejam as capas abaixo:



Territórios da Cidadania: O combate a pobreza no campo


O Globo - Os governadores do Amazonas, Eduardo Braga (PMDB), e de Alagoas, Teotônio Vilela Filho (PSDB), defenderam nesta segunda-feira o Programa Territórios da Cidadania, destinado a combater a pobreza no campo. O anúncio do pacote, lançado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, foi prestigiado por outros sete governadores e mais de 20 ministros, além de representantes da área. Um dos governadores tucanos, Teotônio Vilela, que é ex-presidente do PSDB, disse que pela primeira fez o poder público está chegando de forma organizada aos grotões mais pobres do país.


- Vossa excelência tem uma postura correta, amiga, solidária e respeitosa em relação a Alagoas - disse o tucano a Lula. O estado de Alagoas quase pula fora da federação. É o estado campeão dos piores indicadores - afirmou Teotônio, citando os problemas do estado com analfabetismo e mortalidade infantil.

Para o governador amazonense, o Territórios da Cidadania é o grande desafio do poder público para corrigir as desiguldades regionais do país.


- Esta é, para nós, a resposta de que estamos construindo um Brasil para todos e de todos - comemorou.


O governo federal apresentou o programa Territórios da Cidadania, que vai beneficiar somente neste ano 958 municípios num investimento total de R$ 11,3 bilhões. O programa reúne 135 ações de desenvolvimento regional e envolve 19 ministérios. Os municípios escolhidos estão nas 60 áreas com menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do país.


Os projetos envolvem desde a construção de estradas ao incentivo industrial e agrícola, com financiamentos à agricultura familiar e ampliação de programas sociais, como o Bolsa Família e o Pronasci. O programa foi lançando no Palácio do Planalto e transmitido ao vivo para todo país (em cada um dos estados as pessoas se reuniram em um ponto para assistir à solenidade).


Segundo o ministro, o programa começou a ser montado no ano passado e só agora ficou pronto.
- O programa estava pronto para ser lançado agora. Não se pode parar de se combater a pobreza porque é um ano eleitoral. Não é um programa fácil de construir, porque envolve governos estaduais, prefeituras e comunidades. Misturar com pauta eleitoral eu acho que é mesquinho - reclamou.


Leia a matéria completa no site do Globo Online


Agora a choradeira...

O líder do DEM na Câmara, ACM Neto (BA), vai submeter ao departamento político do partido o conteúdo do programa. Para o deputado o programa pode ser eleitoreiro. Meu caro deputado, tudo o que um governo faz é eleitoreiro, mas ele foi eleito para tocar sua agenda de obras e programas sociais. E se as pesquisas mostram que se a população está satisfeita com o governo, boa coisa é que ele é.


- É um programa 100% eleitoreiro. Estão pulverizando o assistencialismo nas pastas do PT para tirar proveito eleitoral - disse Rodrigo Maia. De qualquer forma, basta perguntar ao governador tucano de Alagoas o que ele acha.


Pedala, pedala oposição. Sem medo ser feliz.


http://www.aleporto.com.br/

25/02/2008

O brasileiro e a informação

"A internet já se tornou a fonte primária de informação para 7% dos brasileiros, segundo pesquisa recém-divulgada pelo Pew Research Center, aqui de Washington.

Já ultrapassou o rádio (4%), as revistas (1%) e não está distante dos jornais impressos (12%).


Segundo a pesquisa, a televisão é a fonte primária de informação para 76% dos brasileiros.


Combinando a fonte primária e a secundária, os números mudam.


A televisão salta para 92%, os jornais para 51%, o rádio para 32%, as revistas sobem para 4% e a internet também aumenta seu alcance, para 16%.


A pesquisa justifica investimentos como o canal gratuito de notícias da TV Record, a possível abertura do sinal da Globonews bem como uma emissora pública de alcance nacional - formas de ampliar as fontes de informação dos brasileiros.


O país em que a internet tem maior importância como fonte primária de notícias é a Coréia do Sul, com 20%, seguida da República Tcheca com 19%, os Estados Unidos com 17%, a Eslováquia com 15%, a Suécia com 14%, Israel e o Canadá com 11%, a Alemanha com 9% e a França e Itália, com 8%".


No site Viomundo, de Luiz Carlos Azenha.

Salve Jorge, Salve Jorge...


Duas noticias que seguem abaixo demonstra aos ilheenses que insistem em desdenhar da importância e do patrimônio deixado por Jorge Amado, que ele esta mais vivo que nunca.

Neste ano que o romance Gabriela comemora cinqüenta anos Jorge recebeu matéria de pagina inteira New York Times e vai ter reeditado para venda promocional da Folha de São Paulo o regionalismo Tocaia Grande.

Abra os olhos Ilhéus...

Gerson


A visão de Jorge Amado de sua cidade é encontrada em cada rua de Salvador


Em vários romances, o escritor brasileiro Jorge Amado deixou claro sua eterna paixão por Salvador, Bahia, a cidade que o acolheu na adolescência como estudante de internato e se tornou seu lar. Salvador, por sua vez, retribuiu o amor, e mesmo agora, mais de seis anos após sua morte, o espírito exuberante, a estética e os personagens de Jorge Amado parecem permear as ruas do lugar que ele descreveu tanto como "a mais misteriosa e bela das cidades do mundo" quanto "a mais lânguida das mulheres".


Para os turistas interessados em experimentar esses mistérios tropicais, Jorge Amado chegou até a sugerir um itinerário em seu romance "Tereza Batista Cansada de Guerra". Ele queria que os turistas visitassem não apenas "nossas praias, nossas igrejas adornadas com ouro, os azulejos azuis portugueses, o Barroco, os festivais populares pitorescos e as cerimônias fetichistas", mas também a "podridão dos barracos sobre palafitas e dos prostíbulos".


Este tipo de dicotomia era típica de Jorge Amado, que, especialmente nos primeiros anos, tendia a ver tudo como pares de opostos: bem e mal, preto e branco, sagrado e profano, rico e pobre. Ele até mesmo conseguiu impor sua visão maniqueísta à geografia de Salvador, zombando da Rua Chile, na época a principal rua comercial da cidade alta, e sua clientela abastada, em prol da cidade baixa e o porto, onde marinheiros, estivadores, mendigos, prostitutas e malandros se saturavam no "óleo negro do mistério da cidade de Salvador da Bahia".

Para ler a meteria completa clique aqui:

http://noticias.uol.com.br/midiaglobal/nytimes/2008/02/24/ult574u8233.jhtm



"Coleção Folha" terá livro de Jorge Amado

"Tocaia Grande - A Face Obscura" estará à venda no domingo que vem nas bancas

Obra do escritor baiano é a terceira da "Coleção Folha Grandes Escritores Brasileiros", que reúne 20 títulos da literatura nacional


DA REPORTAGEM LOCAL



"Tocaia Grande - A Face Obscura", de Jorge Amado, é o próximo livro da "Coleção Folha Grandes Escritores Brasileiros", que reúne 20 títulos clássicos da literatura nacional. O volume estará nas bancas no próximo domingo.



O livro do escritor baiano será vendido por R$ 14,90, em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Paraná.



O romance de Jorge Amado (1912-2001) tem como personagem central o jagunço Natário da Fonseca. Ele trabalha para o coronel Boaventura, defendendo-o de emboscadas e tramando contra seus inimigos, em conflitos por terras e poder.Pela dedicação ao patrão, Natário se torna administrador de Tocaia Grande, um pedaço de terra nos confins do sertão, que cresce e é habitado por tropeiros, jagunços e prostitutas.



""Tocaia Grande" era uma terra de ninguém, sua face obscura é o imenso painel de misérias humanas, barro e sangue, pólvora e facão, o tradicional embate de coronéis e jagunços, traições e fidelidades, e mais um turco e uma artista russa, dois frades que tentam salvar a alma daqueles infiéis -tudo narrado com a suculenta prosa de um dos maiores narradores da literatura universal", escreve o escritor e colunista da Folha Carlos Heitor Cony, na contracapa do volume.
Encadernados em capa dura, todos os livros possuem um texto introdutório no verso. No volume 4, por exemplo, o também colunista Manuel da Costa Pinto comenta "Sentimento do Mundo", de Carlos Drummond de Andrade.

Tesouro encontrado no México

Menino cego vitima da guerra lendo em braile com os lábios
Soldada republicana


Qualquer amante da fotografia se delicia com uma historia desta, emfim encontraram a mala perdida com mais de três mil negativos de fotos feitas por três percursores da cobertura fotográfica de guerra. David Seymour "Chim", Gerda Taro e Robert Capa.
A guerra civil espanhola foi um dos acontecimentos mais sangrentos do século vinte, ainda hoje é uma ferida mau cicatrizada na historia da Espanha, tive a oportunidade de conhecer pessoalmente um combatente desta guerra o comunista Diogines Arruda Câmara em 1980 durante o segundo congresso brasileiro pela anistia.
Segue abaixo parte da matéria publicada este fim de semana no Estadão, originalmente publicada no The New York Times
Gerson


A mala perdida de Robert Capa
Cerca de 3.500 negativos do fotógrafo sobre a Guerra Civil Espanhola são descobertos no México

Randy Kennedy

Para o pequeno grupo de especialistas em fotografia ciente de sua existência, ela era simplesmente ''''a mala mexicana''''. E, no panteão dos tesouros culturais modernos perdidos, o objeto possuía a mesma aura mítica dos primeiros manuscritos de Hemingway, que sumiram de uma estação de trem em 1922. A mala - na verdade, um conjunto de três frágeis valises de papelão - continha milhares de negativos de fotos que Robert Capa, um dos pioneiros da fotografia da guerra moderna, fez durante a Guerra Civil Espanhola antes de fugir para os Estados Unidos em 1939, deixando para trás o conteúdo de sua câmara escura em Paris.
Capa supôs que o trabalho fora perdido na invasão nazista - e continuou pensando assim até 1954, quando morreu no Vietnã. Em 1995, no entanto, começou a circular a notícia de que os negativos haviam de algum modo sobrevivido, depois de fazer uma viagem digna de um romance de John le Carré: de Paris a Marselha e então para a Cidade do México, nas mãos de um general e diplomata mexicano que servira sob Pancho Villa.

E foi lá que eles permaneceram escondidos por mais de meio século, até o mês passado - quando fizeram mais uma viagem, provavelmente a última, até o Centro Internacional de Fotografia em Manhattan, fundado pelo irmão de Robert Capa, Cornell. Depois de anos de negociações discretas e intermitentes sobre o lar adequado dos negativos, sua posse legal foi transferida recentemente para o patrimônio de Capa por descendentes do general, entre eles um cineasta mexicano que viu o material pela primeira vez nos anos 90 e logo percebeu a importância histórica do que sua família tinha em mãos.

''''Este é realmente o Santo Graal da obra de Capa'''', disse Brian Wallis, principal curador do centro. Ele acrescentou que, além dos negativos de Capa, as caixas rasgadas e empoeiradas também continham imagens da Guerra Civil Espanhola registradas por Gerda Taro, parceira de Robert Capa profissionalmente e, num período, pessoalmente, e por David Seymour, conhecido como Chim, que mais tarde fundou com Capa a influente agência fotográfica Magnum.


TRADUÇÃO DE ALEXANDRE MOSCHELLA