28/03/2008

Imprensa e ideologia


Por weden
A imprensa não é ideológica.
Criar "crises artificiais", o que nunca deu certo, visto a aprovação do governo Lula, foi a tentativa sistemática da imprensa oposicionista (pensem: não independente, mas oposicionista) de minar o governo.
Prática política partidária de motivações muito pequenas para a grandeza da história de nossa imprensa.
O que nos estarrece é que essa parte de nossa imprensa não é nem mais ideológica.
"Ideologia" diz respeito a relações de força em uma sociedade e, um caso em particular, é a relação de forças partidiárias.
Mas como as sociedades são complexas, a instância partidária nem sempre é a face mais importante, representativa, daquela relação de forças (a política econômica do governo Lula é uma política de esquerda?).
Ora, nosso jornais não aspiram a complexidade necessária das relações de força, não são ideológicos.
São meramente partidários. Não tem pontos de vista a serem defendidos. Tem agremiações.
Não se sabe se a Folha é realmente um jornal conservador ou progressista. Ninguém sabe se é a favor ou contra a liberação das drogas, do casamento entre homossexuais, das formas de combate ao racismo, etc. Depende do momento.
Se Arthur Virgílio disser que é contra e Lula disser que é a favor, independente do objeto do qual se é contra ou a favor, a Folha será contra.
No caso inverso, invertida estará sua opinião.
Só isso.
È pouco.
Para o sonho do velho Frias.
http://www.projetobr.com.br/web/blog/5

Pronunciamento de Lula


"Minhas amigas e meus amigos, o presidente da República vem se pronunciar em cadeia nacional de rádio e televisão a fim de cumprir um dever cívico, o de alertar a sociedade para um fato que não pode passar desapercebido, porque interfere na vida institucional da nação. Quero falar da imprensa brasileira.

Antes de ir ao centro da questão, declaro que considero a imprensa uma das mais importantes e necessárias instituições de um país. Liberdade para informar tudo, principalmente sobre os governantes, é condição primeira da democracia, de maneira que sempre fui e sempre serei um defensor intransigente da liberdade de imprensa, da liberdade de informar.

A imprensa brasileira é uma das mais livres do mundo. Aliás, muitos dizem que ela abusa dessa liberdade, mas meu governo - e eu mesmo - jamais consideraremos que liberdade pode ser muita. Quanto mais liberdade, melhor. Contudo, a liberdade de imprensa deve vir sempre acompanhada de responsabilidade e de honestidade.

A imprensa pode ter preferências políticas e ideológicas. Nos Estados Unidos, por exemplo, grande parte dos meios de comunicação fazem opções eleitorais, apóiam este ou aquele candidato, sem problema nenhum. O problema existe quando a imprensa faz escolhas políticas e não diz que fez. Quando isso acontece, ela está enganando seu público.

A imprensa brasileira sempre fez suas escolhas políticas no decorrer da história e essas escolhas mudaram os rumos da nação. Os grandes jornais, tevês e rádios sempre derrubaram e elegeram governos. A revolução de 31 de março de 1964, que desembocou na ditadura militar, foi possível graças à imprensa. O primeiro presidente eleito pelo voto direto depois da ditadura, foi eleito graças ao forte apoio que recebeu da imprensa.

O sentido deste pronunciamento é o de avisar aos brasileiros que a chamada grande imprensa de seu país tem lado na disputa política. A oposição ao governo Lula conta com grande simpatia dessa grande imprensa, da escrita e da eletrônica. Os veículos de imprensa que apóiam o governo ou que não atuam inclinados para algum lado político são todos de menor porte, com menor alcance, e, em geral, estão restritos à internet.

Como presidente da República, julgo que é importante prestar contas dos atos do governo que presido e quero que a imprensa acompanhe e fiscalize a forma como este ou qualquer outro governo está administrando os recursos públicos e sobre como está planejando estrategicamente a condução do país. Contudo, como venho me sentindo prejudicado por uma cobertura jornalística da grande imprensa claramente simpática às teses da oposição ao meu governo, quero exercer um direito inalienável de qualquer brasileiro, o de liberdade de expressão.

Quero recomendar aos brasileiros que prestem muita atenção no que a imprensa diz do governo que presido. Prestem atenção se essa grande imprensa fiscaliza os adversários políticos desse governo onde eles também são governo, nos Estados e Municípios, com o mesmo ímpeto que fiscaliza o governo federal. Não peço, portanto, que o governo que presido não seja investigado, mas que todos os governos, de todas as esferas da administração pública, sejam de que partido forem, sejam investigados da mesma forma.

E, principalmente, se a visão crítica sobre governos - que deve sempre existir na imprensa - é para todos ou somente para alguns, sempre do mesmo partido. Qualquer governante que não tiver ninguém se opondo a ele na imprensa, é porque é amigo dessa imprensa. Imprensa não deve ter amigos no poder, deve olhar o poder de forma crítica sempre, seja quem for que ocupe o poder. Quando a imprensa poupa de críticas e investigações algum governante, é preciso desconfiar.

De resto, peço aos brasileiros e à imprensa que continuem investigando e criticando o governo que presido, mas que a imprensa imite o conjunto da população e seja investigativa e crítica em relação a todos os políticos e não só a alguns. Que ela não recuse investigar denúncias contra uns e se empenhe em só investigar denúncias contra outros.

Muito obrigado."


Não, caro leitor, infelizmente o pronunciamento acima não foi feito pelo presidente Lula em cadeia de rádio e tevê e nem em qualquer outro fórum. Saiu da minha cabeça. É o que eu gostaria que Lula fizesse. Só que ele não faz. Chega a ser impensável que faça. É uma pena, porque ele deveria fazer. E, em minha opinião, em cadeia nacional de rádio e tevê e no horário "nobre". Vocês não concordam?

Escrito por Eduardo Guimarães às 09h18

Folha, de rabo preso com a oposição


A Folha, não aguentou. Foi demais 73% de popularidade do Presidente Lula. Hoje, deu o troco. Escolheu cuidadosamente a manchete de primeira página "Principal assessora de Dilma montou dossiê contra FHC".Para os assinante a dose foi dupla. "Braço direito de Dilma fez dossiê contra família FHC. Deu a senha para a oposição.

“A Principal assessora de Dilma montou dossiê contra FHC. "A secretária-executiva da Casa Civil, Erenice Alves Guerra, braço-direito da ministra Dilma Rousseff, deu a ordem para a organização de um dossiê com todos os gastos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, de sua mulher, Ruth, e ministros da gestão tucana”.

Nossa. Que bela defesa ao ex-presidente, não é mesmo? Sou capaz de apostar que a baba escorria no canto do beiço do jornalista enquanto escrevia a matéria.

Kennedy Alencar, está em estado de alucinação. Tratou de escrever dois artigos. No de ontem, o moço falou em escândalo, crise no governo, Dossiê montado a pedido da Dilma contra o patrão, ops, digo, Fernandão.

No de hoje, Kennedy se superou: Dilmagate. Em seguida, para colher comentarios de indignados tucanos, a Folha
criou um fórum. Não deu certo. A maioria dos comentaritas sairam em defesa de Lula e Dilma.
A Folha não quer a cabeça da secretária-executiva da Casa Civil, Erenice Alves Guerra. Erenice, é peixinho perto da ambição da Folha em eleger seu candidato a presidência. Ela quer sim queimar Dilma, braço direito de Lula, que segundo eles, é a provável sucessora do Presidente. O grande preconceito da mídia contra Dilma é por ela ter sido guerrilheira. A discriminação, é por ser mulher e quem sabe ser a Presidenta.

O filhote de cruz credo com Deus me Livre, o rei do oportunismo atual na política Heráclito Fortes, entendeu o sinal da Folha, afirmou que Dilma Rousseff está na "frigideira" .

Em discurso na cidade de Delmiro Gouveia (AL), durante o lançamento do programa Territórios da Cidadania no Estado, Lula disse: "Estão lá (no senado) os nossos amigos do DEM, que tiveram tanta vergonha que mudaram o nome do partido, de PFL para DEM. Estão lá, destilando ódio, destilando ódio. Ódio. Coisa que mesmo que, quando era dirigente sindical, não conseguia destilar ódio contra os meus adversários".

Se a Folha pensa que Lula vai afastar a Dilma ...Pode tirar o burrinho do sol para não ter insolação.

Imaginem vocês, estamos em 2008, e a Folha já está a todo vapor panfletando para o Serra. Como será então, se a Dilma se declarar candidata?

A Folha e a oposição, não devem soltar rojão antes da festa. A
pesquisa de ontem mostrou que a nossa raça continua muito viva.

27/03/2008

Aprovação de Lula sobe para 73% e governo tem a melhor avaliação em 5 anos




A aprovação dos brasileiros ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva cresceu 18 pontos percentuais em um ano e alcançou a marca de 73%, segundo pesquisa CNI/Ibope divulgada nesta quinta-feira (27).

Em março do ano passado, a aprovação estava em 55%, índice que já era considerado alto. Os 73% alcançados agora são inferiores apenas à pesquisa feita no início do primeiro mandato, quando Lula tinha 75% de aprovação. A diferença de dois pontos percentuais está dentro da margem de erro da pesquisa.

A avaliação positiva do governo federal também é a melhor desde a primeira posse. Hoje, de acordo com a pesquisa, 58% dos entrevistados acham a administração federal boa ou ótima, contra apenas 11% que a consideram ruim/péssima. Para outros 30%, o governo é regular.

Em dezembro de 2007, na edição anterior da pesquisa, a avaliação do governo foi de 51% - índice igual ao de março de 2003.

Na mesma linha, a confiança no presidente foi a 68%, enquanto apenas 28% dos entrevistados afirmaram não confiar em Lula. Em dezembro do ano passado, o índice de confiança era de 60%.

Segundo a CNI/Ibope, o movimento expressivo das avaliações positivas também repercutiu na expectativa em relação ao segundo mandato de Lula. Dos entrevistados, 42% afirmaram que o atual mandato de Lula está sendo melhor que primeiro.

O percentual dos que consideram o segundo mandato pior que o primeiro caiu de 21% em dezembro para 16%.

Para 81% dos entrevistados, 2008 será um ano bom ou muito bom; 42% acreditam em aumento da renda pessoale 54% acham que o desemprego vai diminuir ou permanecer na faixa atual.

Categorias

A aprovação do presidente Lula e avaliação do governo são positivas em todas as faixas das categorias discriminadas na pesquisa: faixa etária, renda, grau de instrução, região e porte do município.

Na aprovação, os destaques são: Nordeste (85%), estudo até o Ensino Médio (média de 75%), até 1 salário mínimo (84%), até 10 mínimos (média de 75%) e interior (75%).

Na avaliação do governo, destacam-se: Nordeste (70%), estudo até 8ª Série (média de 62,5%), até 5 salários mínimos (média de 64%) e interior (61%).

A nota média atribuída ao presidente Lula também é recorde dos 5 anos de governo: 7,1.

Ações

As ações do governo mais bem avaliadas pela população, de acordo com a pesquisa, estão no combate à pobreza (62% aprovam), nos programas sociais de saúde e educação (60%), no combate ao desemprego (55%), no cuidado com o meio ambiente (60%) e no combate à inflação (51%).

O Ibope ouviu 2.002 pessoas entre os dias 19 e 23 de março, em 141 municípios.

Clique aqui para ver a íntegra da pesquisa.


Ato homenageia Edson Luiz, morto pela ditadura há 40 anos


O estudante Edson Luiz Lima Souto, assassinado há 40 anos pela ditadura militar, será homenageado nesta quinta-feira (27) na praça Ana Amélia, centro do Rio de Janeiro. Na ocasião, será inaugurada uma escultura em homenagem ao estudante morto no dia 28 de março de 1968. O evento é resultado de uma parceria entre a Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República, Prefeitura do Rio de Janeiro, União Nacional dos Estudantes (UNE), e União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes).

A cerimônia será realizada no auditório da Casa do Estudante do Brasil (em frente à praça), com a participação do ministro Paulo Vannuchi, da Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República (SEDH/PR), dos presidentes da Ubes, Ismael de Almeida Cardoso, e da UNE, Lúcia Kluck Stumpf.

O representante da Frente Unida dos Estudantes do Calabouço, local do assassinato de Edson, Elinor Brito e Benedita da Silva, secretária de Ação Social e Direitos Humanos do Rio de Janeiro, também estarão no ato.

Um presença que com certeza emocionará os presentes será a da mãe de Edson Luis, Maria de Belém Souto Rocha, que também deve inaugurar o busto em homenagem ao filho.

Após a inauguração da escultura, está prevista uma passeata até o terreno da sede da UNE, no aterro do Flamengo, onde será aberta a exposição fotográfica ''Direito à Memória e a Verdade — a Ditadura no Brasil 1964-1985''.


http://www.vermelho.org.br/base.asp?texto=34886

A catástrofe da dengue no Rio


Fala-se muito sobre a dengue na cidade do Rio de Janeiro, mas não se disse o principal: a responsabilidade primeira, e maior, pela epidemia é da Prefeitura. É público e notório a incapacidade do prefeito César Maia, há 12 anos no cargo (cumpre o terceiro mandato) de gerenciar a saúde no município. A capital jamais teve uma política preventiva que merecesse esse nome e ele nunca aceitou implantar o programa médico de família.

Agora quem paga é o povo.


A verdade está aí para quem quiser ver: as cidades que fizeram prevenção e implantaram o programa médico de família - para citar apenas uma, a ex-capital fluminense, Niterói, por exemplo - não estão vivendo a situação do Rio. Mas, vamos deixar claro que há responsabilidade, e grande, também dos governos estadual e federal, que não podiam ter deixado a situação chegar a esse ponto. Estamos falando de 5 mil casos de dengue - um a cada 45 segundos - uma verdadeira catástrofe sanitária.


Pois bem, agora o que interessa é deter a epidemia. Toda estrutura dos governos federal e estadual deve ser colocada a disposição da cidade e do Estado do Rio, mesmo que o César Maia continue atacando o governo federal e o ministro da saúde - ao invés de somar esforços -, ou culpando, de forma ridícula, as chuvas que, aliás, caíram e caem em todo o Estado.

http://www.zedirceu.com.br/

Encontro em Salvador, vai debater construção de alternativas de comunicação na internet e na mídia



Os debates sobre a construção de alternativas à mídia corporativa ganham caráter de urgência com a cassação arbitrária do site Conversa Afiada pelo IG. O tema ganhou “as ruas” com a realização de um encontro em São Paulo no dia 8 de março passado. Em conseqüência, foi realizada uma segunda reunião em Porto Alegre no dia 20de março.

Agora, os encontros se sucederão nas capitais. Uma reunião em Salvador está marcada para o próximo dia 11 de abril. Na pauta: alternativas para a mídia corporativa, conservadora e dominada pelo pensamento único.

Na Bahia praticamente não há experiências alternativas, com exceção de alguns poucos blogs e sites. Em São Paulo a coisa já andou. O Jornal da CUT está sendo anunciado. A Revista do Brasil, que está prestes a chegar às bancas, está se consolidando como alternativa à revistas semanais fascistóides.

O jornalista Paulo Henrique Amorim alerta para a necessidade de popularização de páginas virtuais antes que o “sistema” sufoque as tentativas. O ataque do IG ao blog Conversa Afiada soa como um alerta vermelho.

Os encontros de profissionais de comunicação, estudantes e professores que estão sendo programados nas capitais representam um passo adiante na construção de uma mídia alternativa. Uma parte da grande mídia boicota as mobilizações da CUT e demoniza os movimentos sociais. Outra parte deturpa e mente sobre as realizações do Governo Lula. E há ainda uma pequena e radical parcela que não esconde a meta de desestabilização, na tradição golpista da imprensa brasileira.

Também não dá para cobrar do governo federal a democratização da mídia. Isso não vem de cima. Como bem afirmou Paulo Henrique Amorim em palestra na CUT “esqueçam o governo, metam o pé na porta e construam uma mídia alternativa a partir do que têm”.

DIA 11 DE ABRIL EM SALVADOR META O PÉ NA PORTA.

http://www.bahiadefato.blogspot.com/

Idênticas diferenças



O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM-SP), anunciou, durante um debate realizado na Rádio Eldorado, investimento de R$ 75 milhões no projeto de uma nova linha de metrô que deverá ligar as zonas norte e leste da cidade.

O investimento no Metrô foi anunciado num momento em que a prefeitura paulistana também planeja ampliação do bilhete único e um pacote de obras viárias que pretenderiam minimizar os altos índices de congestionamento no trânsito da capital paulista.

Mas não é só: os projetos de Kassab deverão receber cerca de R$ 1 bilhão do governo do Estado, por decisão do governador José Serra, que deverá apoiar o prefeito paulistano em seu projeto de se reeleger neste ano, até porque Kassab é a herança que o tucano nos legou no início de 2006, quando deixou o cargo para se candidatar ao Executivo paulista.

Peço ajuda aos leitores para que me expliquem qual é a diferença entre os gastos do governo federal no PAC, que toda grande imprensa disse "eleitoreiros", e os gastos do governo paulista com a capital do Estado num ano em que todas as cidades brasileiras elegerão novos governos.

Peço ajuda, porque posso estar ficando estúpido ou doido.

É que no dia em que escrevo isto conversei sobre o tema com um sujeito que freqüenta um barzinho onde costumo tomar meus cafezinhos vespertinos. Ele se diz "assessor" da prefeitura paulistana e diz que a diferença é que as obras de Kassab e Serra em ano eleitoral são "necessárias", mas as do PAC não. Segundo ele, são "eleitoreiras".

Perguntado sobre por que e sobre quais são as obras "eleitoreiras" do PAC, não soube mencionar nenhuma. São eleitoreiras e pronto. E muito menos soube me dizer por que é que essas verbas federais "eleitoreiras" estão sendo empregadas também em governos de adversários do governo federal.

Em vista do exposto, peço desculpas ao leitorado deste blog pela minha falta de inteligência, de compreensão dessa diferença que, para os políticos que governam a capital e o Estado de São Paulo, bem como para a grande mídia, é tão evidente.

http://edu.guim.blog.uol.com.br/

O consumo no início de 2008


Artigo - Julio Gomes de Almeida

Terra Magazine - O Banco Central, na Ata de sua última reunião que decidiu pela manutenção da taxa básica de juros em 11,25% a.a., surpreendeu ao anunciar que cogitou um aumento da taxa Selic. O argumento básico ventilado pelo órgão foi que o crescimento da demanda interna tem sido muito elevado. No final de semana foi a vez do Ministro da Fazenda se mostrar preocupado com maior consumo e seus possíveis efeitos sobre os preços. O Ministro acenou com restrições para os prazos dos financiamentos ao consumidor.

Como cabe ressaltar, uma pressão de demanda não acende o perigo da inflação por si só; para que desperte aumentos de preços é necessário que ao lado disso a oferta de bens e serviços na economia não acompanhe a sua trajetória. O ponto básico da avaliação dos riscos de inflação está, portanto, na análise comparativa dos ritmos projetados para a demanda, de um lado, e para a oferta, de outro.

No cotejo das tendências de demanda com a oferta, a evidência das últimas pesquisas da FGV e da CNI vai na direção de que os investimentos realizados no ano passado já se traduzem em aumento de capacidade produtiva, fator que levou ao estancamento dos aumentos do grau de utilização de capacidade que vinham ocorrendo ao longo do ano passado como resultado de um ritmo de expansão da demanda maior do que a oferta doméstica, algo que não se traduziu em pressão sobre os preços devido ao aumento das importações. A propósito, os dados para a importação no primeiro bimestre desse ano, que registram acréscimo na compra de bens de capital ao redor de 50% em comparação com o primeiro bimestre do ano passado, é um indicador forte de aceleração dos investimentos na economia.

Isso deve reforçar a continuidade do crescimento da capacidade de produzir da indústria, permitindo que a aceleração da demanda do final do ano passado e o bom ritmo do consumo no início de 2008 sejam satisfeitos sem que a inflação aumente. Talvez resida em uma subestimada avaliação do ritmo com que a capacidade produtiva passou a crescer no Brasil, depois de transcorridos os períodos normais entre as decisões de investir e a real incorporação de nova capacidade ao processo produtivo, a principal diferença entre os argumentos apresentados pelo Banco Central em sua Ata, os quais, de certa forma, o Ministro da Fazenda endossou, e uma avaliação alternativa, mais otimista, sobre as perspectivas futuras de inflação. [...]

[...] Em suma, os sinais do início do ano para o consumo parecem evidenciar a manutenção do dinamismo do final do ano passado, período no qual se deu uma aceleração das vendas reais do varejo, mas não é clara uma nova aceleração do consumo. O resultado excepcional das vendas do varejo para janeiro em parte foi motivado por promoções realizadas pelo comércio e que compensaram um resultado de vendas de dezembro que não correspondeu inteiramente às expectativas do setor. Tampouco está definida a tendência do crédito, especialmente no caso dos financiamentos para as famílias, devido ao seu encarecimento em razão do aumento do IOF e da elevação dos spreads bancários. As maiores taxas dos financiamentos podem levar a um recuo da elevada expansão do crédito para pessoas físicas e desacelerar o crescimento do consumo.

Leia a matéria completa no site do Terra Magazine

Política industrial: Plano é ter seis setores na liderança mundial


O estado de S. Paulo


A política industrial em gestação no governo pretende colocar seis setores da economia brasileira no topo do ranking dos exportadores mundiais. São eles: papel e celulose, mineração, petroquímica, siderurgia, carne e aeronáutico. O objetivo é que esses setores se coloquem ou se mantenham entre os cinco principais exportadores do planeta. Eles fazem parte do grupo, dentro da nova política industrial, chamado "liderança mundial e conquista de mercados".
Para alcançar esse objetivo, as empresas dos quatro primeiros setores serão apoiadas com planos de investimento que lhes permitirão crescer, de forma que terão um porte semelhante a seus principais competidores. A avaliação do governo é que as empresas brasileiras nesses setores são menores que seus concorrentes internacionais. Além disso, as empresas nacionais levam desvantagem do ponto de vista tecnológico. Por outro lado, elas têm acesso privilegiado a matérias-primas.
Papel e celulose, siderurgia e petroquímica têm investimentos previstos de R$ 99 bilhões até 2011. Desse total, R$ 38,5 bilhões serão desembolsados pelo BNDES. Além de financiamento, o banco deverá cooperar com a estruturação de fundos de investimento nessas empresas e até com a compra de participação acionária.
Outros setores foram incluídos na política com outra meta: melhorar suas condições de competitividade no mercado mundial. É o caso do complexo automotivo, têxtil, madeira, plásticos, higiene e perfumaria, indústria naval e de bens de capital, entre outras. Há, ainda, seis setores cujo desenvolvimento é considerado estratégico para o País: complexo saúde, energia, tecnologias da informação e comunicação, indústria de defesa, nanotecnologia e biotecnologia.
No total, o BNDES reservou R$ 210,4 bilhões para financiar os setores de indústria e serviços entre 2008 e 2010. A esses recursos somam-se R$ 41,2 bilhões em recursos do Programa de Apoio à Capacitação Tecnológica da Indústria (Pacti), do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT).
Existe ainda um volume de desonerações tributárias cujo montante está em negociação. Estão programadas quatro reuniões até sexta-feira para tentar fechar um número, mas é possível que as discussões se estendam pela próxima semana.

http://www.aleporto.com.br/

25/03/2008

O fracasso do leilão da CESP



A imagem de eficiência do governo Serra sai bastante arranhada desse episódio de tentativa frustrada de privatizar a CESP.

Primeiro, o governo do Estado agiu ideologicamente (e bairristamente) ao impedir a participação de estatais de outros estados no leilão. Com isso, reduziu a competição

Depois, não cuidou de eliminar problemas básicos de insegurança jurídica, como o prazo de concessões das hidrelétricas controladas pela CESP.

Também, não entendeu os movimentos de mercado. Com dois fatores de incerteza à vista, alguns bancos jogaram pesadamente em boatos para derrubar o valor da companhia e comprar na bacia das almas.

Finalmente, não avaliou os impactos da crise internacional no financiamento das concorrentes.

Tentei falar agora à tarde com Mauro Arce – o responsável pela operação – mas não foi possível. Como já estou na estrada, talvez consiga mais tarde pelo celular.

De qualquer modo, o mito da eficiência da equipe de Serra está abalado.


Exageros críticos e a crise


Artigo - Vinícius Torres Freire


Folha de S. Paulo - As contas externas entraram no vermelho, não há dúvida. O saldo comercial vai cair, e há incerteza maior sobre o preço das exportações. Etc. Mas mais uma vez se percebia ontem, no universo midiático-analítico, um alarmismo distorcido por ansiedade e pessimismos pelos motivos errados.


A alta freqüência de estatísticas econômicas causa ansiedade míope e reações exageradas diante de indicadores sobre períodos curtos, a maioria relevante só para o pessoal das finanças, que faz ou perde muito dinheiro devido a variações mínimas de preços e expectativas. Alguns dados, como o saldo semanal do comércio externo, dizem muito pouco para quase todo cidadão.


Após um bimestre, ficou evidente o aumento do ritmo de importações. Previsível, pois o consumo doméstico aumenta bem mais que o PIB, e não estão chovendo fábricas, apesar da alta dos investimentos. Dimensionar o tamanho do saldo comercial, porém, é difícil: há dispersão ainda enorme nas previsões, que vão de US$ 15 bilhões a US$ 30 bilhões, entre bons economistas. E, de costume, o volume de exportações cresce a partir de meados do ano, com picos entre o terceiro e o quatro trimestre. "De costume", como em muita previsão econômica, isso pode não ocorrer. Mas ora há exagero demais, dada a informação ainda parca.

O exagero foi multiplicado pelo tombo das commodities (energia, comida, metais), produtos dos quais depende o valor de 60% da exportação brasileira. Sim, é razoável esperar preços menores, dada a crise americana. Sim, especuladores que venderam apostas em commodities não o fizeram só para cobrir perdas e realizar ganhos, mas para rearranjar risco e rentabilidade de sua carteira de investimentos tendo em vista expectativas sobre a demanda mundial (e sobre o dólar). Mas o mercado de commodities é pequeno em relação à dinheirama global. Qualquer movimento da finança bate forte nos preços. Commodities, porém, continuam escassas, e não se sabe quanto de seu preço é especulação e quanto reflete oferta e demanda.

Diz-se que o "rombo" divulgado ontem na conta corrente é resultado da crise mundial. Onde? Talvez já se veja um pequeno reflexo disso na morosidade das exportações. Talvez o aumento forte da remessa de lucros reflita em parte o balanço ruim na sede das múltis, mas o bom ganho das empresas e o real forte impulsionam o fenômeno. Além de remessas, o dado importante é o aumento de importações, que nada tem a ver com crise externa. O investimento estrangeiro em produção cresce. No lado dos compromissos da dívida, um histórico e grave complicador das contas externas, a coisa vai bem.

Teria havido uma silenciosa, espetacular e fantástica revolução se o Brasil não tivesse déficit em conta corrente com o PIB correndo a 5% e o consumo a 10%. Mas não houve revolução produtiva e o gasto do governo cresce demais -é tudo previsível. O problema, outra vez, será o de como reagir à possibilidade de um déficit perigoso, por período prolongado, e de melhorar as condições da oferta, no médio e longo prazos, sem mágicas e expectativa de milagres na política econômica. O mar global não está para peixe, mas, por ora, não ocorreu nada de excepcional, inesperado ou catastrófico.

Políticos de direita são os donos da mídia, aponta pesquisa


Os políticos dos partidos conservadores de direita e de centro, DEM, PSDB e PMDB são os “donos da mídia” nacional. É o que conclui o Instituto de Estudos e Pesquisas em Comunicação (Epcom). Ao total, 271 políticos são sócios, proprietários ou diretores de emissoras de rádio e TV. Contrariando a legislação, a maioria deles é prefeito, seguidos dos deputados estaduais.

Dos políticos-proprietários de meios de comunicação, 147 são prefeitos (54,24%), 48 (17,71%) são deputados federais; 20 (7,38%) são senadores; 55 (20,3%) são deputados estaduais e um é governador. Esses números, porém, correspondem apenas aos políticos que possuem vínculo direto e oficial com os meios – não estão contabilizadas as relações informais e indiretas (por meio de parentes e laranjas), que caracterizam boa parte das ligações entre os políticos e os meios de comunicação do país.

“Salta aos olhos a quantidade de prefeitos donos de veículos de comunicação. Demonstra a conveniência do Executivo em usar esses meios para manter uma relação direta com seu eleitorado”, destaca James Görgen, pesquisador do Epcom.

Entre as mídias mais apreciadas pelos prefeitos, conforme a pesquisa, destacam-se o rádio OM (espaço onde acontecem os debates públicos) e as rádios comunitárias (que permitem a proximidade com a comunidade, a troca diária com o eleitorado, seja por meio da administração da rádio, seja pelo controle da programação). ''Assim, eles garantem suas bases eleitorais'', avalia Görgen. Já os senadores e deputados aparecem como proprietários de mídias com maior cobertura, como as TVs e FMs.

“Em ano de eleições, é difícil imaginar que esses políticos deixem de usar seus próprios meios de comunicação para tirar vantagem logo de saída na corrida eleitoral”, analisa o pesquisador, dando como exemplo os prefeitos-proprietários, que este ano podem usufruir de temporada maior que a regulamentar da campanha para fazer sua exposição positiva. “Isso dá a eles uma vantagem enorme e representa um risco à democracia”, conclui.

Em relação às regiões, relativizando as proporções de cada uma e a densidade de municípios, a pesquisa confirma a prática do chamado “coronelismo eletrônico” concentrado no nordeste brasileiro, onde prevalecem políticos controlando meios de comunicação.

Quanto aos partidos, esses políticos surgem assim: 58 pertencem ao DEM, 48 ao PMDB, 43 ao PSDB, 23 são do PP, 16 do PTB, 16 do PSB, 14 do PPS, 13 do PDT, 12 do PL e 10 do PT.

Os números apresentados são resultado do cruzamento de dados da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) com a lista de prefeitos, governadores, deputados e senadores de todo o país.

Coronelismo eletrônico

No ano passado, uma subcomissão especial da Comissão de Ciência, Tecnologia e Informática (CCTCI) da Câmara dos Deputados, analisou os processos de outorga no setor de radiodifusão e apresentou, em dezembro, relatório revendo as normas de concessão de rádio e televisão. Uma proposta de Emenda Constitucional foi encaminhada pelo grupo, acrescentando um parágrafo ao artigo nº 222 da Constituição, que estabelece: ''não poderá ser proprietário, controlador, gerente ou diretor de empresa de radiodifusão sonora e de sons e imagens quem esteja investido em cargo público ou no gozo de imunidade parlamentar ou de foro especial''.

A presidente da subcomissão, deputada Luíza Erundina (PSB-SP), explicou, na época, que, como esse artigo ainda não foi regulamentado, os detentores de cargos públicos conseguem burlar a Constituição. Segundo ela, os políticos utilizam essas brechas para adquirir emissoras.

O coordenador-geral do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC), Celso Augusto Schröder, condena a utilização privada das concessões públicas e defende que a lei seja mais clara e que sejam construídos ritos públicos eficientes.

A deputada relatora da proposta, Maria do Carmo Lara (PT-MG) declarou, no relatório, que a propriedade e a direção de emissoras de rádio e televisão 'são incompatíveis' com a natureza do cargo político.

O texto cita ainda um 'notório conflito de interesses' dos parlamentares, já que os pedidos de renovação e de novas outorgas de rádio e TV passam pela aprovação dos próprios deputados e senadores. A proposição ainda não foi posta em votação.

Site Vermelho e Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC)