
Fizemos muito: a criação de quase 24 milhões de hectares de novas áreas de conservação federais, a definição de áreas prioritárias para conservação de biodiversidade em todos os nossos biomas, a aprovação do Plano Nacional de Ação Nacional de Combate à Desertificação e temos em curso o Plano Nacional de Mudanças Climáticas.
Reestruturamos o Ministério do Meio Ambiente, com a criação da Secretaria de Articulação Institucional e Cidadania Ambiental, da Secretaria de Mudanças Climáticas e Qualidade Ambiental, do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade e do Serviço Florestal Brasileiro; com melhoria salarial e realização de concursos públicos que deram estabilidade e qualidade à equipe; com a completa reestruturação das equipes de licenciamento e o aperfeiçoamento técnico e gerencial do processo.
Abrimos debate amplo sobre as políticas socioambientais, por meio da revitalização e criação de espaços de controle social e das conferências nacionais de Meio Ambiente, efetivando a participação social na elaboração e implementação dos programas que executamos.
Em negociações junto ao Congresso Nacional ou em decretos, estabelecemos ou encaminhamos marcos regulatórios importantes, a exemplo da Lei de Gestão de Florestas Públicas, da criação da área sob limitação provisória, da regulamentação do artigo 23 da Constituição, da Política Nacional de Resíduos Sólidos, da Política Nacional de Povos e Comunidades Tradicionais.
Em dezembro último, com a edição do decreto que cria instrumentos poderosos para o combate ao desmatamento ilegal e com a resolução do Conselho Monetário Nacional [CMN], que vincula o crédito agropecuário à comprovação da regularidade ambiental e fundiária, alcançamos um patamar histórico na luta de garantir a Amazônia a exploração equilibrada e sustentável. É esse o nosso maior desafio. O que se fizer da Amazônia será, ouso dizer, a diversidade cultural e o desejo de crescimento. Sua importância extrapola os cuidados merecidos pela região em si, e revela potencial de gerar alternativas de resposta inovadora ao desafio de integrar as dimensões social, econômica e ambiental de desenvolvimento.
Hoje as medidas adotadas tornam claro e irreversível o caminho de fazer da política socioambiental e da economia uma única agenda, capaz de posicionar o Brasil de maneira consistente para operar as mudanças profundas que, cada vez mais, apontam o desenvolvimento sustentável como a opção inexorável de todas as nações.
Ela fez muito sim.
>Marina perdeu, uma atrás da outra, as batalhas:
Não é verdade. Marina impôs uma lei de Biossegurança para o Governo. A derrota, se é que podemos dizer assim, se deu no Senado e no segundo turno da Câmara dos deputados. Nós vivemos numa democracia com poderes independentes e soberanos. Questionar decisões do Congresso seria no mínimo autoritário, o que não é do seu perfil. Mas a Marina venceu essa batalha no Governo.
>do licenciamento ambiental para a transposição do Rio São Francisco,
Mentira grosseira. Marina sempre foi a favor da Transposição. E a licença ambiental que ela patrocinou é da maior qualidade.
>do avanço das hidrelétricas na Amazônia
Outra bobagem. Marina impôs o rito do licenciamento e o governo teve que esperar, mesmo com alguns resmungos do próprio presidente e dos setores produtivos. E esse debate é absurdo. O Ibama apenas faz cumprir as leis. Se ele libera de forma inconseqüente uma obra, vem o Ministério Público e embarga, com prejuízos muito maiores.
>e da decisão política de tocar a usina nuclear de Angra 3 adiante,
Aqui sim ela foi derrotada.
>até amargar o aumento do desmatamento.
Que "mané" aumento? O desmatamento caiu por 3 anos seguidos. Houve um aumento no fim de 2007, que já foi revertido no começo de 2008. E esse aumento foi sobre uma base bem mais baixa do ano anterior. Os níveis de desmatamento da Amazônia ainda são absurdos, mas essa crítica não bate com a realidade.
Alguns dos motivos que levaram à sua saída são públicos. Embates penosos com setores do próprio governo, com aliados nos estados e com o setor produtivo. Marina tem uma saúde frágil e isso deve ter pesado na decisão. O cargo carrega uma pecha de ser contra o desenvolvimento. O "MMA não deixa o país crescer", reclamam seus críticos e o setor agrícola considera Marina radical demais. Mas eu afirmo. Ela só trabalhou para que as leis, algumas que ela mesmo ajudou a criar, fossem cumpridas.
Sua figura só não vai deixar mais saudades, porque de volta ao Senado vai continuar sua luta ao lado do presidente Lula e da nova equipe do ministério.
Que seja o ambientalista militante Carlos Minc. Que seja o político amazônico Jorge Viana, com um trânsito maior entre os governadores da região. Ou quem sabe com os dois. O que importa é que a idéia da transversalidade se consolide no governo, no país. Que sua saída sirva como uma chacoalhada nos atores envolvidos com a questão do desenvolvimento socioambiental.
Há pouco ouvi de Wagner Costa Ribeiro, ambientalista da USP, que o movimento ambientalista agora poderá voltar a se manifestar com mais força contra o governo. Segundo ele, em respeito à Marina os ambientalistas pouparam o governo até agora.
O presidente Lula, para garantir sua governabilidade sempre colocou na Agricultura e Minas e Energia ministros não envolvidos diretamente com a causa ambiental. Constantes focos de atrito que foram desgastando a ministra, sempre sozinha nessa batalha inadiável. Sozinha no governo e abandonada pela sociedade civil. Mais do que o nome escolhido para o cargo, é preciso mudar a correlação de forças no governo.
Muitos vão agora dar tapinhas nas costas de Marina. Opositores e falsos aliados vão acusar o governo de inépcia e de ter cedido ao desenvolvimentismo a qualquer preço.
Nosso amigo Adauto 'Beatrice' respondeu a um e-mail escrevendo: "A Globo ontem era Marina desde 64. Cínicos, quebraram a ministra todo dia, enquanto tentavam impor ao país o tal 'apagão'. O governo Lula pela sua própria condição histórica abriga no seu interior muitos dos pontos de tensão e conflitos da sociedade brasileira.
A boa limonada agora é renovar o compromisso do discurso de posse de Marina em 2003 com sangue novo e gás para a batalha que não é fácil. Os tapinhas nas costas vão sumir e o novo ministro, seja quem for, vai voltar a ser acusado de "impedir o desenvolvimento". De atrapalhar o país.
Uma figura divina a Marina vitoriosa.
Desgaste marcou relação com ruralistas