19/04/2008

A marcha da insensatez


Antes que me vaiem quero deixar claro que sou contra a localização da retro-área do porto e que assinei o abaixo assinado ao governador Wagner solicitando a mudança da área. Mas também fica claro que acredito que Ilhéus quer e precisa desta obra.

Não poderia deixar de me declarar impressionado com as atitudes de intolerância, arrogância e autoritarismo manifestadas por diversas pessoas que estavam presentes ao debate promovido pela deputada Ângela Souza, sobre o projeto Porto Sul na ultima quinta feira no Centro de Convenções.

Mais incrível ainda é que estas manifestações partiram exatamente das pessoas que estão a dizer por ai que o governo do estado esta agindo de forma autoritária.

Parto do principio que é necessário absoluto respeito as diferentes teses e idéias em que se divide a opinião publica ilheense sobre esta questão. Como explicar vaias a José Leite, presidente da Associação Comercial de Ilhéus, um dos mais íntegros e ilustres cidadãos desta terra, vaiado ao declarar o apoio da instituição que dirige ao projeto do porto. Afinal quem estava sendo autoritário ali?

Como já estou nesta trincheira de luta há muitos anos gostaria de registrar que pela primeira vez na historia desta cidade vejo não uma, mas pela quinta vez a vinda de autoridades do governo, - desta fez na figura de um secretario de estado Dr. Batista Neves - para debater com a comunidade um projeto ainda em gestação, não me parece ser isso sinal de intransigência.

Se há erros do governo do estado sobre essa questão o erro é de comunicação e não de condução, cabe ao governo tomar iniciativas, elaborar projetos e definir estratégias, isso o governo Wagner esta fazendo.

Durante vinte anos assistimos nossa cidade viver de promessa de governantes autoritários e falaciosos , os poucos projetos que aqui foram implantados nem de longe demonstraram o menor respeito pela natureza, basta lembrar da estrada Ilhéus – Itacaré que foi construída sem relatório de impacto ambiental ou do Centro de Convenções construído sobre dunas e restingas de uma praia, nem por isso nunca vi as pessoas que estavam ontem vaiando se quer ensaiar uma vaia a ACM ou Paulo Souto, por exemplo, ao contrario parte dos que ali estavam às vaias, são exatamente as viúvas de ACM que sempre o aplaudiram, muitas vezes ressaltando como qualidade o seu autoritarismo.

Acredito que jogamos fora mais uma oportunidade de debate e construção do consenso, o que vejo é que enquanto o governo se dispõe ao debate uma parte dos ilheenses já estão nas trincheiras de armas em punho se negando ao dialogo.

Concordo com Ruy Rocha do Floresta Viva, quando chama atenção do estado para o enorme remanescente de Mata Atlântica que esta dentro da poligonal apontada, é preocupante também a proximidade de um complexo industrial com a Lagoa Encantada. Já manifestei aqui que se o governo insistir em derrubar florestas para construí indústrias corre o risco de uma grave derrota política, este é o X da questão, é sobre isso que temos que concentrar nossos esforços.

Se concordarmos no conteúdo, tenho, no entanto profundas discordâncias na forma, a bandeira do ambientalismo sério esta a serviço de outros interesses, a somatória de especuladores imobiliários com hoteleiros de grade porte e manipulação de sentimento apaixonados esta descambando em um movimento acéfalo.

Nesse contexto as principais bandeiras que se apresentam têm caráter político, ou seja, se o projeto é de Wagner e Wagner é do PT sou contra e pronto ou de caráter pessoal do tipo na porta de meu hotel não quero, que se danem, mas meu hotel é mais importante.

Sei que não é isso que motivam a todos, volto a dizer, existem pessoas serias lutando honestamente por encontrar uma solução, defendendo com razão uma das poucas áreas de qualidade ambiental ainda protegida, pessoas interessadas em debater alternativas em defender as florestas a Lagoa Encantada e o rio Almada, pessoas que tem uma historia de luta ambiental na cidade e por isso merecem respeito e admiração. Como sei que do lado do governo existem técnicos de escritório que não entendem nem conhecem a Bahia, nem a importância de uma área como aquela.

Como muitos estavam preocupados em vaiar provavelmente não ouviram o discurso de Eduardo Mattedi, representante da Secretaria de Meio Ambiente do Estado que DESAFIOU OS ILHEENSES A FAZER HISTORIA E CONSTRUIR UM PORTO COM PARTICIPAÇÃO POPULAR.

Dialogo com participação popular e respeito ao meio ambiente são compromissos deste governo, para os que não sabem foi Wagner na condição de deputado o relator da mais moderna lei ambiental do planeta a lei da Mata Atlântica. Sendo assim não é necessário vaias basta esperar ou cobrar coerência do governador com sua historia.


Gerson Marques

China: há vida por trás do Grande Firewall


Uma reportagem surpreendente sobre a censura à internet revela: ela é ao mesmo tempo onipresente e vulnerável – e o consenso é mais empregado que a repressão, no controle da sociedade

(Por Sofia Dowbor)

Que diferença faz o bom jornalismo. Em “
The connection has been reset” (“A conexão foi restabelecida”, também disponível em nosso clip), artigo publicado na edição de março da revista norte americana TheAtlantic, o repórter James Fallows, apresenta uma interessante explanação a respeito do funcionamento do sistema chinês de censura à internet. Construído a partir de dezenas de depoimentos e de informações técnicas detalhadas, o texto é esclarecedor e surpreendente. Além do desvendar o controle sobre a rede – algo muito comentado e pouco conhecido no Ocidente — contribui para compreender um pouco melhor as complexas relações entre Estado e sociedade na China.

Fallows aborda, primeiro, o sistema chamado pelo governo chinês de de Golden Shield Project, ou Projeto Escudo de Ouro. Todo o tráfego de informações para dentro e para fora do país é monitorado, graças a dois artifícios. Ao contrário do que ocorre no Ocidente, a arquitetura da internet na China foi concebida de modo a admitir apenas três grandes portas de entrada, por onde passam os cabos de fibra ótica que ligam o país ao resto do mundo. Cada bit que passa por estes canais é duplicado, graças a um sistema que inclui microscópicos espelhos físicos (fornecidos pela empresa norte-americana Cisco…). Os dados são dirigidos aos computadores do Escudo de Ouro, processados e analisados. Uma equipe de vigilância manobra um sofisticado mecanismo de controle. Ela pode bloquear, de quatro diferentes maneiras, o acesso a qualquer conteúdo que lhe pareça digno de censura.

O aspecto mais efetivo do Golen Shield reside, aponta Fallows, em sua de imprevisibilidade. A BBC, por exemplo, pode ser consultada, em geral, sem qualquer tipo de bloqueio. No entanto, basta a presença de uma matéria sobre as manifestações no Tibete ou algum outro conteúdo sensível aos olhos do governo para que o sistema de vigilância, sempre atualizado, bloqueie imediatamente o acesso ao portal. Um exemplo interessante da adaptabilidade do projeto é a flexibilização temporária que irá ocorrer nos mecanismos de controle, para receber o fluxo de turistas estrangeiros durante os Jogos Olímpicos.

Uma das formas de controle é o monitoramento das palavras buscadas pelos usuários em sites como Google e o
Baidu – um similar chinês, censurado e rapidíssimo. A procura por termos considerados sensíveis pode ser punida por bloqueios temporários. A alternância na decisão do que será ou não censurado, incluindo palavras que pertencem e deixam de pertencer ao index do governo, e o aprimoramenteo constante das técnicas de controle desenham um ambiente quase panóptico. Sem saber ao certo quais os alvos do controle, os cidadãos se mantêm constantemente atentos e amedrontados.

Livres da vigilância do “Escudo de Ouro”, centenas de redes virtuais privadas

O curioso, mostra o artigo, é que o Escudo de Ouro pode ser driblado por dois mecanismos conhecidos e tolerados pelo Estado. O primeiro (lento, grátis e usado por estudantes e hackers), é a conexão com servidores proxy no exterior. Por meio deles, um internauta chinês habilidoso pode ultrapassar as três grandes portas e navegar livremente, como se o fizesse a partir da Alemanha, da Austrália ou do Brasil. O segundo, muito mais difundido, são as redes virtuais privadas (VPNs, em inglês), acessíveis por assinatura. Permitem codificar os dados, empacotá-los e passar sem controle pelo Escudo de Ouro. As conexões individuais custam 40 dólares ao ano (uma semana de trabalho, para um operário). Centenas de empresas financeiras, industriais e comerciais, chinesas e estrangeiras, utilizam o sistema. Precisam disso para fazer negócios, sem barreiras, com uma rede cada vez mais extensa de parceiros em todo o mundo. Milhões de funcionários têm acesso às VPNs. Do ponto de vista técnico, o Estado poderia bloquear facilmente ambos os meios de driblar a censura. As conseqüências econômicas e políticas seriam desastrosas.

Por que manter um sistema de controle sofisticado e custoso, se ele pode ser contornado? O segredo, explica Fallows, é que o Escudo de Ouro estabelece os limites políticos e psicológicos de um espaço chinês da internet. Dentro dele, o controle é rígido. Equipes de censores (fala-se em dezenas de milhares) podem determinar, por exemplo, ao responsável por um portal, que se proíbam artigos sobre um determinado tema em todos os sites ou blogs lá abrigados; que se apaguem os textos já publicados sobre o assunto; que se eliminem os comentários postados a respeito em fóruns e listas de discussão.

Em tese, é perfeitamente possível contornar também este obstáculo. Basta postar em sistemas sediados no exterior e torcer para que os textos sejam lidos pelos usuários que driblam o Escudo de Ouro. Na prática, conta a reportagem, quem age assim descamba para a irrelevância política. A grande massa da população (já são 210 milhões de internautas, um número só superado pelos Estados Unidos) está interessada em se informar por meio de sites e blogs chineses, não em desafiar as autoridades.

Ao menos no momento, portanto, o regime não despreza a repressão, mas usa, como principal instrumento de política, a criação de consensos. Ao tentar responder perguntas de leitores (numa interessante
seção, criada com este fim, no site de The Atlantic), Fallows faz obseravações muito interessantes sobre o Estado chinês: “A maior parte dos norte-americanos imagina um governo todo-poderoso, com cidadãos permanentemente controlados e o regime interferindo em todos os aspectos da vida”, diz ele. De fato, prossegue, “o regime é ser rude, quando lida com quem é visto como ameaça política”. Mas “em geral, não se assemelha em nada à era de Stalin na União Soviética, ou à Coréia do Norte de hoje (…) As pessoas não caminham olhando para trás, com medo de estar sendo seguidas”. O poder constrói sua legitimidade assegurando padrões de vida que melhoram, para a maior parte da população, e “não oprimindo a sociedade mais do que o necessário”…


http://diplo.wordpress.com/

Revista inglesa The 'Economist': Brasil será superpotência


“Uma superpotência econômica, e agora em petróleo também.” Esse é o título do editorial que a revista inglesa The Economist, uma das mais influentes publicações sobre economia do mundo, dedicou ao Brasil, na edição desta semana. A revista publicou ainda várias páginas de reportagem sobre o País.

A revista destacou o crescimento de 5,4% do PIB brasileiro em 2007 e sua pujança como produtor de matérias-primas. De acordo com a publicação, as razões para o crescimento brasileiro atual são três - o controle da inflação, o fim da dívida externa e a democratização.

A descoberta dos campos de petróleo e gás de Tupi e Júpiter, mais o potencial estimado do campo de Pão de Açúcar, na bacia de Santos, tranformariam o País no oitavo do ranking mundial dos produtores de petróleo. “Conseguiria o Brasil se tornar uma potência do petróleo assim como é um gigante agrícola?”, questiona a revista. “De todas as commodities que o Brasil exporta, o petróleo foi considerado, durante anos, como o menos relevante, devido a reservas modestas.” Se as recentes descobertas se concretizarem, o Brasil estará lado a lado com Venezuela ou Arábia Saudita, publica a revista.

http://www.osamigosdopresidentelula.blogspot.com/

6ª Bienal da UNE tem sede confirmada


A 6ª Bienal de Arte, Ciência e Cultura da UNE já tem local definido: a cidade de Salvador. Programado para fevereiro de 2009, o evento terá seis dias de muita música, exposições, palestras e a Mostra Estudantil de Artes Cênicas, contando com a participação de estudantes secundaristas, universitários e pós-graduandos de todo o Brasil.

Com o tema "O povo brasileiro e a formação da cultura brasileira", a UNE pretende fortalecer as atividades do CUCA (Circuito Universitário de Cultura e Artes) e estreitar o relacionamento com os diversos centros ligados à entidade. Além disso, a Bienal pretende ampliar o conhecimento dos jovens com relação à variedade artística brasileira.

No ano passado, a sede foi Rio de Janeiro, que viu uma grande apresentação de Beth Carvalho e Martinho da Vila sob os Arcos da Lapa. Além deles, diversos artistas marcaram presença, inclusive o ministro Gilberto Gil. Foi também no encerramento dessa Bienal, com a Culturata, que a UNE retomou sua antiga sede.
Fique ligado no
site da UNE para saber novidades sobre o evento.

http://blogdopetta.blig.ig.com.br/

Criticar a revista Veja é meu esporte favorito

Os empregados da revista Veja adoram meter o pau no PT e no Governo Lula. Eu adoro meter o pau na revista Veja. É uma catarse. Mas, leiam a edição de 2 de abril que fala sobre “A classe dominante” na capa. Acho até que o ministro Franklin Martins, das Comunicações, anda dando algum mensalão para a revista Veja.
Em matéria “especial” ela publica matéria que é uma ode ao presidente Lula. Em dois anos de Governo Lula 23,5 milhões de brasileiros saíram da pobreza. Isso por causa da popularização do crédito e da distribuição de renda através dos programas sociais – leia-se Bolsa Família.

A matéria da revista Veja baseia-se no estudo Observador 2008, feito pelo Instituto de pesquisas Ipsos, sob encomenda da financeira Celetem, pertencente ao grupo francês PNB Paribas. “Trata-se da mais recente evidência de que o país tem conseguido, enfim, reduzir sua população de miseráveis, ao mesmo tempo em que começa a formar uma sociedade de consumo de massa”. Acreditem. O texto está na revista Veja. Tem mais: “no Brasil atual, todas (as pesquisas) identificam o mesmo fenômeno: a diminuição da pobreza, o alargamento da classe média e a melhora na distribuição de renda”.

Segundo o estudo Observador 2008 a classe C é hoje o estrato social mais numeroso do país. São 86,2 milhões de pessoas, o equivalente a 46% da população brasileira. Já as faixas D e E tiveram sua fatia reduzida de 51% para 39%. “O que se pode atestar, com certeza, é que essa transformação deu novo ânimo à economia”.

Mais adiante a revista Veja publica um artigo assinado por José Júlio Senna, Ph.D em economia pela Universidade Johns Hopkins, ex-diretor do Banco Central e sócio da MCM Consultores Associados. Se os redatores da revista Veja não têm a coragem de dizer, ele diz: “vivemos uma nova fase da administração Lula. Na primeira, houve predomínio do modelo de transferência de recursos, calcado no Bolsa Família. BEM FOCADO, o programa tirou muita gente da pobreza”.

Como a revista Veja, nas outras páginas, continua distorcendo, envenenando, mentindo sobre o Governo Lula e o PT, só posso imaginar que alguém recebeu um super-mensalão para publicar o estudo Observador 2008.

http://www.bahiadefato.blogspot.com/

17/04/2008

Dez anos da rodovia Ilhéus / Itacaré, será que temos o que comemorar?


Há dez anos o estado da Bahia inaugurava a estrada Ilhéus / Itacaré. No blog Acorda Meu Povo do ambientalista Paulo Paiva existem registros importantes deste momento.

Visto por uns como uma grande obra a serviço do progresso, era denunciada por outros como um vetor de degradação social e ambiental de uma região ainda intacta que estava sendo violada sem um planejamento prévio sem estudos de impacto e sem envolvimento das comunidades.

Nunca é tarde lembrar que nosso processo civilizatorio, se é que podemos chamar assim, destruiu noventa e três por cento, de nossa Mata Atlântica originalmente distribuída do Rio Grande do Norte ao Rio Grande do Sul.

No Sul da Bahia existem ainda áreas importantes destes remanescentes entre elas as matas de Serra Grande e Serra do Condurú.

Alguns anos antes o biólogo ilheense André Mauricio de Carvalho já falecido, liderou uma equipe de pesquisadores em convenio com o Jardim Botânico de Nova York, Royal Botanic Gardens de Londres e Ceplac o resultado foi à descoberta de uma das três áreas com maior biodiversidade do planeta, algo em torno de quatrocentas e setenta espécies vegetais por hectares nas proximidades de Serra Grande.

Nem por isso o governo da Bahia sob o comando de Paulo Souto se preocupou em minimizar ou rever o projeto da estrada, a ordem foi passar por cima. Licitação feita empreiteiras a posto e maquinas derrubando as florestas mais ricas do mundo, este foi o inicio desta estrada.

Neste momento entra em cena um grupo de ambientalistas de Ilhéus, liderados entre outros pelo IESB, sob o comando de Ruy Rocha, botamos a boca no trombone e empunhamos a bandeira da defesa de nossas florestas, chamando atenção para o crime que estava sendo praticado.

Somente após uma grande pressão inclusive do BIRD, Banco Interamericano de Desenvolvimento e financiador da obra junto ao governo baiano, o estado cedeu e a contra gosto aceitou criar o grupo de acompanhamento da obra que foi composto por representantes de diversas instituições dos três municípios envolvidos (Ilhéus, Itacaré e Uruçuca).

Mesmo assim, pelo fato do estado ter realizado as licitações e contratado as empreiteiras, nossas vitórias se restringiram a minimizar impactos, negociar contrapartidas e rever alguns trechos da estrada, entre eles a ladeira de entrada em Itacaré que de forma inteligente foi feita a paralelo em vez do asfalto.

Dez anos depois a estrada é um fato, ajuda a transportar pessoas, mercadorias e consolidar uma indústria turística primária.

Seus impactos negativos porem estão repercutindo até hoje, as margens foram abertas e grandes áreas florestais derrubadas, à especulação imobiliária expulsou os nativos e contaminou as relações de produção e propriedade. Milhares de animais foram e continuam sendo atropelados todos os dias e o traçado mal feito tem provocado diversos acidentes, muitos dos quais fatais.

As comunidades nativas de Itacaré foram devastadas, o tecido social e o patrimônio cultural formado ao longo de séculos de convivência foram rompidos, a chegada de especuladores imobiliários, empresários gananciosos e milhares de jovens “estrangeiros” em busca do paraíso, terminaram por impor novos comportamentos culturais e valores exóticos.

São raríssimos os moradores destas áreas que se beneficiaram com o turismo, pode-se contar aos dedos os nativos de Itacaré que detém alguma empresa ou negócio que prosperou na cidade. Até mesmo os empregos foram ocupados pelos de fora.

Em 2005 um grupo de grandes empresários chegou a contratar uma consultoria internacional a HVS que elaborou o Plano Estratégico Itacaré 2015, este documento apontava para um caminho baseado no desenvolvimento equilibrado e sustentável, um ano depois por pressão política o plano foi abandando.

O modelo que se tornou vigente é turismo de massa, somente viável em escala, preços baixos, turistas duros e pouquíssimo dinheiro em circulação, os pacotes com tudo incluso são pagos em São Paulo ou outro centro emissor, a tendência é a consolidação de um modelo degradante como acontece atualmente em Porto Seguro.

A pior parte já chegou, Itacaré convive hoje as voltas com problemas sociais graves, trafico de drogas, crime organizado, degradação ambiental, destruição do patrimônio histórico e especulação imobiliária.

Comparado com o momento que estamos vivendo em relação ao processo de implantação do chamado Porto Sul, ouve uma evolução enorme, neste caso a comunidade já conquistou seu espaço na comissão de acompanhamento, mas que isso, será implementado o mecanismo de Avaliação Ambiental Estratégica uma ferramenta moderna que, se bem utilizada permitirá antecipar possíveis danos e propor as correções previas.

Ao comemorarmos os dez anos da estrada Ilhéus / Itacaré existem poucos motivos para festas, mas muitas lições para aproveitarmos.


Gerson Marques

14/04/2008

Globo, líder absoluta em ... Baixaria



A Rede Globo, deveria mudar sua campanha de Q de qualidade, para B de baixaria.

É o que apurou o 14º ranking da campanha "Quem financia a Baixaria é contra a cidadania", até março de 2008.

Três de seus programas lideram. Curioso Jô Soares despontar no terceiro lugar.
Essa campanha nasceu em 2002, pela deliberação da VII Conferência Nacional de Direitos Humanos, maior evento anual do setor no país.

A campanha é uma iniciativa da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados, em parceria com entidades da sociedade civil, destinada a promover o respeito aos direitos humanos e à dignidade do cidadão nos programas de televisão.

Fazem parte desta campanha, entre outros, o Conselho Federal de Psicologia (CFP), o Fórum Paulista pela Ética na TV, Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), Associação Brasileira de Empresários pela Cidadania (Cives) e Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares das Comunicação (Intercom).

Muitos que participam da campanha lutaram contra a censura no regime militar, e agora estão engajados na campanha para resgatar o significado contemporâneo da liberdade de expressão e de formação de uma opinião pública crítica baseada nos valores humanistas.

AS DEZ VERDADES SUBLIMES A RESPEITO DE CAETANO VELOSO


É provável que vocês, leitores de vida social intensa, não tenham visto. Mas eu, cujas saídas mais empolgantes ultimamente têm sido ir do quarto ao térreo de elevador, assisti do começo ao fim ao “Som Brasil” com Caetano Veloso

(atenção: este texto foi publicado no Sopa de Tamanco há cerca de um mês; ainda estou tendo sérios problemas para abrir caranguejos e ingerir cervejas geladas aqui no Recife para conseguir escrever), o que me levou a uma depressão de sete pontos na escala Werther.

Que seria, porém, do existencialismo francês, caso não houvesse a depressão? Bom, Sartre provavelmente não teria precisado comer Simone de Beauvoir, nem tampouco, na tentativa de dar um pé na bunda dela, se sairia com aquela história de que o homem está condenado a ser livre.

Mas esse não foi o caso e o fato é que a depressão é um grande motor do pensamento, graças ao qual, numa série de satoris só alcançados talvez pelo Dalai Lama após um ou dois baseados, consegui resolver as questões mais profundas a respeito daquele que é nosso maior ídolo baiano irmão da Maria Bethânia de todos os tempos.


A seguir, aquilo que você sempre quis saber sobre Caetano, mas tinha preguiça de perguntar, porque estava escutando o Chico mesmo e não ia se dar a esse trabalhão todo.


1. Quantos dentes tem Caetano?


Cientificamente comprovados, são 52. Mas há quem arrisque 103.


2. Por que, quando canta, Caetano segura os rins?


Idade.


3. É verdade que Caetano Veloso não existe, é apenas um disfarce meio esquisito do Fernando Henrique Cardoso?

Os defensores da Teoria da Simetria dos Egos afirmam que sim. Outros estudiosos discordam, assegurando que, o cabelo do Malan tudo bem, mas aqueles pulinhos do Caetano seriam demais até mesmo para o FHC.

4. Se Caetano já atingiu sua meta, que era superar Mick Jagger, ainda que fosse na ausência completa de senso de ridículo, por que ainda insiste em subir ao palco?

Para superar a Dercy Gonçalves.

5. É o sol sobre a estrada, é o sol sobre a estrada, é o sol?

Talvez seja, talvez seja, talvez.

6. Quem, além do ego e de um espelho, Caetano levaria para uma ilha deserta?

O João Gilberto. E, com algum sorte, um maremoto.

7. Qual a principal contribuição de Caetano para a cultura brasileira nos último cinqüenta anos?

Apesar de toda a crítica que se possa fazer a ele, a verdade é que sem Caetano o exercício labial aplicado ao canto estaria ainda hoje na Idade da Pedra.

8. Por que, quando canta, Caetano franze a testa sem parar?

Segundo pesquisas realizadas pela Casa Jorge Amado com apoio da Fundação do Afro-Dendê Eterno, a testa de Caetano é parte independente do restante do corpo e, como tal, a única a conservar intacto o senso de ridículo.

9. Existe em todo o universo algo mais patético que os sinais de metaleiro que Caetano faz com as mãos ao cantar rock?

Sem dúvida. Você provavelmente tinha saído da sala para ir ao banheiro quando ele tirou teatralmente o casaco jeans.

10. É verdade que Caetano é um intelectual?

Sim. Apesar de não ler a Veja, Caetano tem uma boa coleção de Capricho, além de ter sido dos primeiros assinantes da Caras em Salvador.

http://marconileal.blogspot.com/

A culpa não é dos pobres




Houve um tremendo frisson mundial nos últimos dias, por conta de análises preocupantes do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial sobre a escassez global alimentos, o maior motor inflacionário atual. Lula afirmou que o fato era, de certo modo, bem-vindo, uma vez que os pobres estariam comendo mais.

O presidente tem razão. Há um acelerado aumento do poder de compra de famílias que nem sequer chegavam perto de vendinhas, e hoje podem bicar o mercado de consumo.

O fenômeno acontece na maioria dos países emergentes, com vastas populações.

O tema segurança alimentar, finalmente, deixou de ser pauta apenas das reuniões dos economistas com viés humanitário. Mas não é o caso de se culpar os pobres e o etanol.

Ou apenas os pobres e o etanol. Tem mais gente na jogada.

Segundo blogs especializados, diante da crise financeira, os hedge funds (fundos especulativos) estão migrando para o mercado de commodities. Os recursos aplicados em metais e produtos agrícolas cresceram 83%, de 14 bilhões de dólares em 2005 para 55 bilhões de dólares em 2007. É uma oportunidade de negócios e de lucros, com as bolsas em queda no mundo inteiro.

Essa invasão dos financistas na produção física global é, hoje, um dos propulsores do crescimento vertiginoso dos preços dos alimentos. E só tende a se acentuar, com a queda do juro americano.

Falta ainda alargar a discussão. Ladislau Dowbor, consultor e professor da Pós-

Graduação da PUC-SP, considera que não há mais o clássico dilema econômico entre produzir manteiga ou canhões. Na avaliação do economista, o mundo produz bens inúteis demais, substituíveis demais, efêmeros demais, para uma meia dúzia de sempre.

Está na hora de se discutir a oferta de alimentos de maneira não-alarmista. O problema não pode mais ser tratado com leviandade entre os preconceituosamente chamados de eco-chatos e o mercado financeiro.

13/04/2008

PF investiga empresa fantasma usada pelo PSDB na campanha de Serra


A Polícia Federal instaurou nesta semana inquérito para investigar a empresa fantasma Gold Stone, emissora de notas fiscais frias para o PSDB e para a campanha do tucano José Serra a presidente em 2002.

Conforme a Folha antecipou em fevereiro, a Receita Federal detectou fraudes e irregularidades na empresa, o que gerou representação fiscal para fins penais enviada ao Ministério Público Federal em São Paulo, que por sua vez requisitou instauração de inquérito à PF.A investigação será conduzida pela Delegacia de Crimes Fazendários da PF de São Paulo, que vai apurar, entre outros aspectos, relações financeiras da Gold Stone com seus supostos clientes, incluindo o PSDB.

O fisco encontrou, por exemplo, depósitos na conta da Gold Stone, de 2000 a 2003, de R$ 6,87 milhões sem origem comprovada, segundo relatório de auditoria concluída em 2006, a que a Folha teve acesso.Emissora de notas no valor de R$ 527 mil para o PSDB e a campanha de 2002 de Serra, a Gold Stone nunca teve existência física, nunca recolheu imposto, nunca teve registro na Junta Comercial de São Paulo nem apresentou nenhum documento fiscal ou contábil à Receita quando auditada. Ou seja, é uma empresa fantasma.

Ao todo, foram depositados R$ 7,14 milhões na conta da Gold Stone entre 2000 e 2003, mas só R$ 274,5 mil tiveram origem identificada. A Receita só conseguiu rastrear a fonte desses recursos fazendo um cruzamento com o IRRF (Imposto de Renda Retido na Fonte) recolhido pelas pessoas jurídicas que declararam pagamentos à Gold Stone. O PSDB não está nessa relação. Isto é, não recolheu tributo da suposta contratação da Gold Stone.

Após várias tentativas, os fiscais da Receita conseguiram localizar o único sócio vivo da Gold Stone, Octavio Moya Claro, até poucos meses atrás morador de um casebre em Jardim Colombo (SP). Ele não apresentou documento fiscal ou contábil que comprovasse a atividade da empresa, que foi autuada em R$ 3,280 milhões.

Em auditoria nas contas do PSDB (que inclui a campanha de Serra), fiscais constataram que a sigla não conseguiu comprovar a prestação de serviços pela Gold Stone referente a notas no valor de R$ 276 mil. O entendimento foi mantido pela Delegacia da Receita de Brasília, que suspendeu a imunidade tributária do PSDB e o autuou em cerca de R$ 7 milhões.

Outro ladoPor meio de sua assessoria, o PSDB informou que não se manifestaria sobre a instauração do inquérito pela PF para investigar a Gold Stone.Sobre não ter recolhido o Imposto de Renda Retido na Fonte referente aos pagamentos à Gold Stone, o PSDB culpou a "complexidade e instabilidade das normas da Receita".
publicado na FOLHA DE SÃO PAULO 13.05.08

A Bolsa Equilíbrio


Por Elton Machado

Eis um texto contido no portal da CartaCapital que julgo interessante para fins de debates.

Falta o Bolsa Equilíbrio

Não fosse o diário Valor Econômico, uma constatação e uma crítica do Banco Mundial passariam despercebidas de parte da opinião pública. A constatação: o Bolsa Família é um programa social exemplar e deve servir de modelo para futuras experiências internacionais. A crítica: a mídia brasileira faz uma cobertura excessivamente negativa do programa e tem dificuldade em reconhecer seus avanços ou de discutir maneiras de aperfeiçoá-lo.

Os pesquisadores do Banco Mundial analisaram os resultados do Bolsa Família, compararam com o Bolsa Escola, criado no governo Fernando Henrique Cardoso, e cotejaram a cobertura do tema em seis jornais do País. Como se trata de estrangeiros, ninguém poderá acusá-los de “lulistas” ou de serem “chapas-brancas”.

Eis o que concluíram: a imprensa não só dedicou mais espaço ao programa como o fez de maneira mais crítica com a chegada de Lula ao poder. O número de artigos sobre o Bolsa Família foi quase o dobro dos que trataram do Bolsa Escola de FHC.

Nos tempos de Fernando Henrique, apenas 10% das reportagens traziam relatos sobre fraudes ou problemas de controle do programa social. Em geral, a cobertura era positiva às medidas de transferência de renda. O porcentual de espaço dedicado à cobertura de fraudes atingiu 50% sob Lula em 2004. Subiu tambén o tom crítico. Com o passar do tempo, essa porcentagem diminui até chegar a cerca de 20%.

Segundo os técnicos do Banco Mundial, a imprensa nem sempre diferencia entre problemas causados por fraudes e irregularidades burocráticas e os de desconhecimento de regras ou erros em formulário. Concluem que isso dá aos leitores uma impressão equivocada sobre a natureza dos “desafios” do Bolsa Família. Nem toda irregularidade é fraude, anotam os pesquisadores, que classificaram o programa como bem-sucedido.

Ao que parece, os técnicos produziram uma bela peça de crítica à mídia sem mesmo gastar tempo com a análise subjetiva de algumas avaliações produzidas nas páginas dos jornais. Nessa seara, há a imbatível e arguta análise de um dos luminares da imprensa carioca, que apontou desvios no programa pelo fato de os beneficiários usarem parte do dinheiro para comprar eletrodomésticos.

Com direito à chamada de primeira página no jornal por ele profundamente influenciado, o texto do jornalista, que segundo uma revista semanal está “um degrau acima dos pensadores brasileiros”, permite uma única interpretação: o sujeito só pode receber o Bolsa se comer farinha em cuia e mastigar rapadura. Preservar alimentos em uma geladeira ou cozinhá-los é um despropósito, fraude que deveria ser punida com o corte do repasse e o retorno às trevas da indigência por toda a eternidade.

Pouco espanta que a classe média leitora e espectadora não consiga perceber, sem detrimento da vigilância necessária à boa aplicação dos recursos públicos, os ganhos gerais que a redução da miséria traz ao Brasil.

Não faz muitos dias, em carta publicada na Folha de S.Paulo, um leitor sugeriu que os beneficiários de programas sociais fossem impedidos de votar. Nem percebe o indignado leitor que o cabresto que ele imagina nos outros está, na verdade, bem abaixo do seu nariz.
Segue abaixo uma singela homenagem aos demos e tucanos que estão sem eira nem beira.

Na tentativa de achar o eixo e reencontrar o rumo perdido quando perderem o poder a direção dos dois partidos se reúnem amanhã em São Paulo.

A popularidade de Lula o crescimento de Dilma nas pesquisas e do Brasil na economia, são parte do novo mundo que os demos e tucanos não conseguem explicar, ou melhor, entender.





Uma nação doente


Tem noticias sobre os EUA que são incrivelmente assustadoras, vistas por nos brasileiros que também sofremos com a violência, certas ações ou propostas como é o caso desta, parecem ir contra a lógica e o bom censo.

Gerson



Grupo pró-armas cresce em campi dos EUA

Para 24 mil alunos de 289 universidades americanas, portar uma pistola é a melhor defesa contra massacres como o de Virgínia Tech
SCCC faz lobby para mudar leis estaduais e permitir que estudantes assistam a aulas armados; aumento de casos de atiradores infla filiação


BRENO COSTAGUSTAVO HENNEMANN COLABORAÇÃO PARA A FOLHA


Um ano após massacre que deixou 32 mortos na universidade Virgínia Tech, nos Estados Unidos, os campi americanos vêem florescer um movimento que cresce no vácuo de antídotos contra tragédias semelhantes. O Estudantes pelo Porte de Armas nas Universidades (SCCC, na sigla em inglês) já reúne mais de 24 mil alunos em 289 universidades de 45 Estados. Para eles, quanto mais pistolas nas mãos dos alunos, maiores as chances de evitar uma tragédia como a de 16 de abril de 2007.Criticado por grupos pacifistas, que o acusa de representar o lobby das armas, o SCCC ganha força nos EUA. Embora pequeno se comparado ao universo de 17 milhões de universitários, o movimento ganhou espaço na mídia e deu um salto de 140% no número de filiados nos últimos dois meses.

Os integrantes do SCCC têm como objetivo convencer os legisladores estaduais a mudarem as leis que, à exceção do Estado de Utah, impedem a entrada de estudantes armados nas universidades. Atualmente, tramitam no legislativo de pelo menos 11 Estados projetos de lei a favor da liberação.

O SCCC foi fundado dois dias após o estudante Cho Seung-hui, 23, ter descarregado duas pistolas em seus colegas. Embora motivado pelo maior massacre já registrado em um campus do país, o grupo foi criado a 1.780 km da Virgínia Tech, por um aluno da Universidade do Norte do Texas.

Um dos diretores do grupo, Scott Lewis, 28, afirma que não há prova que relacione a permissão de porte de armas nas universidades com o aumento da violência. Para ele, o importante é que o estudante, devidamente licenciado para portar armas, esteja treinado. "Talvez uma tragédia como a de Virgínia não pudesse ser evitada, mas [a presença de alunos armados] equilibraria a disputa".

Arregimentação

Enquanto as leis não mudam, os membros do SCCC investem no trabalho de recrutamento. Ken Stanton, 30, estudante de engenharia e filho de policial, é um deles. Em outubro, decidiu levar para a sua universidade as bandeiras do movimento. Na traumatizada Virgínia Tech, ele lidera hoje 165 apoiadores oficiais da liberação das armas como forma de evitar a violência.

A administração da universidade, que no dia 16 realiza o Dia da Lembrança, em homenagem aos alunos assassinados, respeita as manifestações do grupo no campus, mas rechaça uma mudança na lei. Segundo o vice-presidente de Relações Universitárias, Larry Hincker, "a posição da universidade é clara e mantém-se a mesma há décadas": "armas não combinam com salas de aula".

Fora do campus, o apoio mais concreto à causa do SCCC é de um parlamentar que apresenta, todos os anos, um projeto de lei liberando o porte de armas nas universidades em Virgínia. Até hoje, colecionou fracassos.

O sonho de Stanton e dos colegas do SCCC é que Utah sirva de exemplo aos demais Estados. O Legislativo decidiu há um ano, pouco antes do massacre em Virgínia, que as nove universidades públicas estaduais não poderiam impedir que alunos com porte de armas assistissem às aulas com uma pistola na mochila.

A administração da Universidade de Utah, em Salt Lake City, não emite juízo de valor sobre o assunto. À Folha informou apenas que segue a lei e, até hoje, não registrou problemas decorrentes da liberação.