13/05/2008

Até quando?


Do site Vermelho.org:

Folha muda de opinião sobre obra para agradar gestão demo-tucana

Pode uma obra viária ser duramente criticada em editorial por um jornal, que a qualifica de projeto extravagante e desnecessário, e três anos depois, na sua inauguração, receber os maiores elogios deste mesmo veículo de comunicação? Se esse jornal é a Folha de S. Paulo, isso não só pode acontecer como se tornou realidade, na semana passada, na inauguração da ponte estaiada sobre o rio Pinheiros, na Zona Sul, batizada de Octávio Frias Filho, nome do falecido dono do jornal.


A incoerência da Folha foi revelada pelo blogueiro Luis Favre em post publicado no Blog Leituras Favre.


Há três anos, editorial da Folha atacava a construção da ponte, contratada na gestão da ex-prefeita Marta Suplicy. Dizia o jornal na época que o então prefeito José Serra agiu corretamente em deixar de lado a construção da ponte estaiada, por ser uma obra "cara", "desnecessária" e "extravagante".

Saliente-se que a gestão Marta licitou a ponte por R$ 147 milhões, mas a "competência administrativa" da gestão demo-tucana fez o custo final da construção saltar para R$ 260 milhões. Além disso, o governo PSDB/DEM pagou R$ 2,2 milhões de multa à empreiteira responsável, por atrasar deliberadamente em 90 dias o início da obra. em 2005.

Não bastasse quase duplicar o custo da obra e atrasar a construção, a gestão Serra/Kassab, bem ao estilo tucano de governar, suspendeu a parte socialmente mais importante do projeto, que era a construção de 8.500 moradias populares para as favelas do entorno, assim como a junção com a Imigrantes, desafogando a Av Bandeirante. Do projeto, só a ponte foi concluída após 4 anos da atual gestão. E a justiça teve que intervir para que os moradores da favela Real Parque não fossem despejados sem qualquer moradia, pela administração Kassab.

Na última sexta-feira e sábado (data em que a ponte foi inaugurada), a Folha só faltou pedir aos seus leitores para que esquecessem tudo que havia escrito no editorial de três anos atrás. Cobriu de elogios a ponte e destacou que "é a maior obra do governo do democrata Gilberto Kassab" que, "gentilmente" batizaram a ponte estaiada com o nome do dono e falecido fundador da Folha de São Paulo, Octavio Frias de Oliveira.

Octavio Frias de Oliveira, carioca nascido em 5 de agosto de 1912, se destacou nos ramos imobiliário e financeiro antes de adquirir a empresa Folha da Manhã, que publica, entre outros, a Folha de S. Paulo. Com ela, construiu um império de comunicação e revolucionou o modo de produção de notícia, industrializando-a.

Ele pregava como ideal a imparcialidade, mas tornou seu jornal um dos porta-vozes do conservadorismo e das elites. Combateu bandeiras progressistas e bancou políticas de privatização no país. Seu jornal, hoje, cria factóides e planta crises por não se ver representado no governo federal (ao contrário da situação em São Paulo, onde tem seu candidato a tudo no poder)".

Outra homenagem suspeita

Além da ponte, para agradar os donos da Folha e retribuir todas as gentilezas e omissões com as quais o jornal brinda o governador tucano desde que ele era colunista do jornal, Serra ordenou que mudassem também o nome do de Instituto Dr. Arnaldo, que passou a ser chamado de Instituto do Câncer de São Paulo Octavio Frias de Oliveira.

Assim como a ponte estaiada, o custo da obra do Instituto também cresceu assustadoramente nas mãos da gestão tucana. A obra consumiu R$ 96 milhões entre 1990 e 1994. Outros R$ 170 milhões foram gastos para a conclusão do edifício e a compra de equipamentos hospitalares. Há várias suspeitas de desvio de verbas na construção da obra.


Fonte: www.pt.org.br, Blog do Favre e Blog do Petta



Leia, abaixo, o editorial da Folha de S. Paulo de 13 de maio de 2005:

PROJETO EXTRAVAGANTE

É acertada a decisão do prefeito José Serra (PSDB) de retomar as obras que ligam as avenidas Jornalista Roberto Marinho (antiga Água Espraiada) e a marginal Pinheiros, deixando de lado a construção de duas pontes sobre o rio Pinheiros, na zona sul da cidade, previstas no projeto original aprovado pela administração da ex-prefeita Marta Suplicy. A justificativa apresentada por José Serra é que a construção dessas pontes estaiadas (suspensas por cabos de aço) encareceria desnecessariamente a obra.

A cautela e a mudança do projeto original são procedentes. Com as pontes endossadas por Marta, toda a empreitada custaria nada menos que R$ 147 milhões. Sem elas, o custo total -que inclui outras alterações na malha viária, além da construção das alças- cai para R$ 85 milhões.

É duvidoso, ademais, que a venda em leilões dos Cepacs (Certificados de Potencial Adicional de Construção), títulos que dão direito de construir além dos limites estabelecidos em certas áreas da cidade, possa gerar recursos suficientes para arcar com as despesas previstas inicialmente no projeto. No ano passado, os leilões desses papéis, realizados para angariar fundos para a construção das pontes, não conseguiram amealhar mais do que R$ 35 milhões, soma muito aquém da estimada para a conclusão das obras.

Além de cara, a construção dessas pontes suspensas está longe de ser uma prioridade para aquela área da cidade. A ligação da avenida Roberto Marinho com a marginal Pinheiros pode continuar a ser feita, sem maiores transtornos, através de duas outras pontes já existentes a apenas 800 metros do local. Essa circunstância, aliás, torna ainda mais extravagante -e suspeito- o projeto deixado pela gestão petista, para o qual, até aqui, não foram apresentadas justificativas convincentes.

http://edu.guim.blog.uol.com.br/

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