22/04/2008

A BARRIGA DE ALI KAMEL


Ali Kamel é diretor de Jornalismo da TV Globo. Ele pontifica à vontade sobre todos os temas. Em uma famosa polêmica, criticou o livro Nova História Crítica. Cometeu um pecado básico. Não checou se o livro ainda estava no catálogo do Ministério da Educação e Cultura (MEC). Não estou falando de uma questão ideológica. Estou falando de uma técnica básica do Jornalismo: antes de publicar, cheque as informações. Se errar, admita o erro. Se possível, no mesmo espaço e com o mesmo destaque.

Mais uma vez: não estou discutindo a opinião. O assunto nem original era. O livro já havia sido criticado. Tanto que deixou de figurar na lista do MEC. Pergunte a qualquer jornalista, de direita, de esquerda ou centroavante. O que Ali Kamel cometeu foi um erro grosseiro. Qual foi a resposta dele? Leiam com atenção o que disse a Reinaldo Azevedo:

Ali Kamel - No dia 11, recebi uma mensagem dizendo: ” Esclarecimentos feitos pelo FNDE sobre o livro Nova História Crítica: “Sim, ele foi o livro de história mais adotado no PNLD 2005.” Em nenhum momento, a assessoria do MEC se preocupou em me dizer que estávamos falando de um livro que já saíra do catálogo por apresentar falhas. Depois que o artigo foi publicado, perguntei ao MEC por que a informação me fora sonegada. Responderam-me que, desde o início acreditaram que eu me referia ao triênio começado em 2005. Ora, mesmo que assim tenha entendido, por que o MEC não quis me dizer que o livro já estava descartado? Não sei e fico intrigado, já que o ministério, muito republicanamente, sempre foi solícito ao responder as minhas perguntas. Se tivesse me dito que o livro já fora reprovado, eu teria registrado o fato no meu artigo

Pelo raciocínio de Ali Kamel, cabia ao Ministério da Educação responder a perguntas que ele não fez. Pelo método Ali Kamel, o entrevistado responde mesmo que você não pergunte. A informação não foi "sonegada". Faltou ao jornalista fazer uma pergunta básica: "O livro já saiu do catálogo?". Simples assim. Mas ele subestima o discernimento dos leitores. Tenta engabelar a platéia sugerindo alguma conspiração do MEC. Em qualquer redação do Brasil, de Veja ao Jornal da Cidade de Bauru, teria tomado um sabão do editor pela barriga.


http://www.viomundo.com.br/opiniao/a-barriga-de-ali-kamel/

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