04/05/2008

DEM perde força e pode virar partido nanico


Legenda tem apenas um governador e dois prefeitos de capitais

Adriana Vasconcelos, Luiza Damé e Chico de Gois - O Globo

BRASÍLIA. Pouco mais de um ano depois de ter trocado de nome com o objetivo de promover uma renovação de sua imagem e também de seus quadros, o Democratas (DEM) corre o risco de se transformar num partido nanico. Com apenas um governador eleito e dois prefeitos de capitais, a legenda pode encolher ainda mais nas eleições de outubro próximo, depois de passar cinco anos na oposição ao governo Lula. Para tentar fugir desse calvário, a ordem do partido é não nacionalizar o discurso e evitar, assim, cair na armadilha dos adversários que vão explorar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, tão bem avaliado pelas pesquisas, como principal cabo eleitoral.

O DEM tem realizado seminários pelo país para ajudar os candidatos a organizar suas campanhas. Líderes do partido reconhecem as dificuldades, mas salientam que mais importante que quantidade é a qualidade dos quadros. A senadora Kátia Abreu (TO), uma das coordenadoras eleitorais do partido, afirma: — A questão municipal é muito diferente. Ninguém tem intenção de nacionalizar as eleições — diz.

O presidente do DEM, deputado Rodrigo Maia (RJ), contesta as previsões sombrias.

— Quem aposta que vamos diminuir está incomodado com nossa atuação. O partido vai manter o tamanho que tem hoje, crescendo nos grandes centros e diminuindo nos municípios menores, onde a influência das políticas assistencialistas do governo federal é mais forte.

Maior aposta do partido é reeleição de Kassab em SP Atualmente o DEM tem 793 prefeitos, sendo apenas dois de capitais: Cesar Maia no Rio de Janeiro e Gilberto Kassab em São Paulo, que herdou a prefeitura depois que José Serra (PSDB) deixou o cargo para disputar e vencer o governo do estado.

Em alguns estados, como Alagoas e Roraima, o DEM tem apenas um prefeito. Cesar Maia foi reeleito e terá dificuldades para levar sua candidata, a deputada Solange Amaral, a um eventual segundo turno.

A grande aposta do partido é a reeleição de Kassab. Embora os democratas não tenham conseguido demover o ex-governador Geraldo Alckmin, do PSDB, de entrar na disputa, Kassab conta com o apoio do governador José Serra e conquistou na semana passada o apoio estratégico do PMDB paulista.

O deputado Paulo Bornhausen (SC), vice-presidente de comunicação do DEM e vice-líder na Câmara, afirma que o partido está mais interessado em qualidade que em quantidade.

— Nosso objetivo ao adotar uma postura de oposição permanente é chegar ao poder. Isso não se faz sem sacrifícios, que pode ser definhar num primeiro momento.

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