30/03/2007

Brasil cresce mais com Lula que com FHC


Lembra do debate da campanha presidencial sobre quem fez o Brasil crescer mais, Lula ou Fernando Henrique Cardoso? Prepare-se: ele vai voltar, e com toda força. Os novos números do PIB, recalculados pelo IBGE, mostram o petista em vantagem.

No final de fevereiro - quando já se sabia que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística mudaria sua metodologia de cálculo do Produto Interno Bruto -, quase todos os jornais anunciaram um "empate" entre FHC e Lula, no quesito crescimento, em seus respectivos quatro primeiros anos de governo. Mas o país mudou desde então - ou, pelo menos, mudou a maneira pela qual se mede o tamanho da economia e o crescimento dela.
Pela nova metodologia do PIB, o Brasil cresceu a uma média de 3,25% ao ano nos três primeiros anos do governo Lula. No segundo mandato de FHC, a média de crescimento foi de 2,12%. E nos três últimos anos do primeiro mandato do tucano a média foi de apenas 1,84%, segundo cálculos feitos pelo IBGE a pedido de Terra Magazine.
Dois anos das eras FHC e Lula não entraram na conta: 2006 (porque o PIB recalculado só será divulgado na próxima semana) e 1995 (porque o IBGE não recalculou o PIB de 1994, o que impede uma comparação com base nos mesmos parâmetros).
A série histórica do novo PIB vale a partir do ano 2000, mas o IBGE fez o que, na ciência da estatística, se chama de "retropolação" até 1995, para permitir a observação de um série histórica um pouco maior. Isso significa que alguns números disponíveis apenas de 2000 para cá tiveram seus valores estimados de 1999 para trás.
O IBGE afirma que recalculou o PIB por iniciativa própria, e não a pedido do governo - o que faz todo sentido, pois a mudança acabou gerando um problema de R$ 9 bilhões, tamanho do arrocho fiscal adicional que terá de ser feito para que seja cumprida a meta de superávit primário para 2007. Mas os técnicos do instituto sabem que é questão de tempo até começarem as insinuações de "manipulação" e os ataques políticos.
"Qualquer que seja o resultado, é certo que seremos esculhambados pela parcela descontente", desabafou à Terra Magazine, em 12 de fevereiro, o coordenador da equipe que calcula o PIB, Roberto Luís Olinto Ramos.
A politização do PIB, que começou já em 2003 quando Lula prometeu um "espetáculo do crescimento", ganhou força na última campanha e com o anúncio do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).
Ontem, ainda sem ter acesso aos dados anteriores ao ano 2000, o ex-ministro da Economia Antonio Palocci procurou "faturar" como pôde o incremento nominal do PIB. "Aquela dúvida que se tinha: 'por que o mundo cresce e o Brasil não acompanha?', em parte está respondida por esse ajuste da metodologia", afirmou.

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