17/05/2007

Reportagem suspeita: comunidade acusa o Jornal Nacional da Rede Globo de racismo e manipulação


Moradores da Comunidade de São Francisco do Paraguaçu, no recôncavo baiano, que se reivindicam como descendentes de quilombolas e querem a titularidade da terra, acusam a Rede Globo de "veiculação de uma reportagem fraudulenta e tendenciosa, sem oferecer à comunidade nenhuma oportunidade para se defender".A reportagem, feita pela TV Bahia e reproduzida pelo Jornal Nacional no dia 15 de maio, afirma mostrar "o resultado estarrecedor de uma investigação" na região.

Segundo a reportagem, não haveria ali descendentes de quilombolas, mas apenas pescadores.Em nota a comunidade contesta e diz que "sequer foi ouvida, visto que a equipe de reportagem se recusou a registrar qualquer versão contrária aos interesses dos fazendeiros, cortando falas e utilizando de métodos persuasivos, já que demonstrou expressamente o objetivo de manipular e deturpar a realidade, inclusive".

Vendo a reportagem no Jornal Nacional, lendo a nota que a contesta e assistindo ainda a um vídeo, produzido em 2006 pela Associação de Advogados de Trabalhadores Rurais e a Pastoral dos Pescadores, sobre os moradores São Francisco do Paraguaçu, a conclusão que se chega é que há algo mais que uma discussão racial em São Francisco do Paraguaçu.

Se são descendentes de quilombolas ou não, eu não sei, mas o que fica claro é que existe um grave conflito agrário na região e a reportagem da TV Bahia, afiliada da rede Globo, consciente ou não, foi até lá prestar um serviço aos poderosos da região ao tentar desmoralizar gente humilde, trabalhadores.

Se verdadeiro o conteúdo do vídeo "Território ameaçado - A luta quilombola em São Francisco do Paraguaçu" de 2006, é possível se ter uma idéia do tamanho da covardia que pode ter sido a reportagem da TV Bahia, tentando desmoralizar pessoas que lutam por um minúsculo pedaço de terra, gente ameaçada por jagunços e policiais, pela justiça, pelo executivo e agora, pelo poder da mídia.
Um pequeno detalhe chama a atenção. A reportagem coincidentemente foi feita depois que o Incra publicou que deveria "finalizar até o final de maio" relatório e mapa da região para a publicação nos diários oficiais do Estado e da União. Muita coincidência, não?

Um comentário:

Anônimo disse...

Não pensem que isso seja um caso isolado. As notícias do Globo são as piores, as mais imprecisas, as mais tendenciosas, as mais contrárias aos princípios do bom jornalismo e menos comprometidas com a verdade, que já vi. E olha só: E cresci assistindo TV mexicana.