10/07/2007

Brasil: Investimentos em Expansão


A Carta do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI), divulgada ontem no site da entidade, faz uma análise precisa do crescimento da nossa indústria. A introdução do documento diz tudo.


Leiam:


A indústria produziu mais 1,3% em maio com relação a abril com ajuste sazonal. No ano, ou seja, no período janeiro-maio, o setor acumula aumento de 4,4% com relação ao mesmo período do ano passado e em doze meses a evolução chega a 3,3%. São números que sugerem um crescimento superior em 2007 em relação à evolução que vem sendo obtida nos últimos dois anos (3,1% e 2,8%, respectivamente, em 2005 e 2006). Notar adicionalmente que esse crescimento do setor mostra sinais de aceleração.


Nesse processo salta aos olhos a liderança da indústria de bens de capital, cuja evolução com relação a abril, com ajuste sazonal, foi de 5,1% em maio e de 16,3% no acumulado do ano. Tais resultados indicam aceleração do investimento. Essa destacada dianteira da produção de bens de capital no plano doméstico, aliada a uma escalada ainda mais significativa das importações desses bens afiançam que o maior crescimento do PIB nesse e no próximo ano não irá suscitar pressões inflacionárias.


Por isso, o Banco Central pode dar continuidade às reduções da taxa básica de juros no nível da última queda (-0,5 pontos percentuais). Como se sabe, as mudanças na taxa básica de juros a partir de agora terão efeitos predominantemente não mais em 2007, mas, sim, no ano que vem. Também no ano que vem os maiores investimentos que estão sendo executados no presente ano devem se traduzir em maior capacidade produtiva. Essa evolução de bens de capital é, portanto, crucial para habilitar a autoridade monetária a dar continuidade à queda da taxa básica de juros.
Dentre outros destaques, cabe sublinhar que o crescimento de 1,3% no mês refletiu o bom desempenho de quinze dos vinte e três ramos pesquisados que têm séries ajustadas sazonalmente. Nas demais bases de comparação, a indústria geral avançou 4,9% em relação a maio de 2006 e nos cinco primeiros meses do ano, acumulou incremento de 4,4%, enquanto no período de doze meses a variação foi de 3,3% - o mesmo nível de abril.
No corte por categoria de uso, descontados os efeitos sazonais, todos os segmentos elevaram o nível de produção na passagem de abril a maio, com destaque para bens de capital (5,1%). Próximos da média global da indústria, os segmentos de bens de consumo duráveis e de bens semiduráveis e não-duráveis cresceram, respectivamente, 1,5% e 1,3%. Com desempenho inferior ao da média da indústria, bens intermediários registrou acréscimo de 0,6%.
Na série mensal, o setor de bens de capital com ritmo muito superior ao da média da indústria, registrou aumento de 19,4%, o quinto seguido acima do patamar de 12,0%. Também acima da média, a indústria de bens de consumo duráveis cresceu 6,0%, impulsionada pela ampliação da demanda interna associada a melhores condições de crédito e recuperação da massa salarial. Nas demais categorias a evolução se deu abaixo da média global: bens de consumo semiduráveis e não-duráveis, com taxa de 4,3%, e bens intermediários, 2,8%.


Nos cinco primeiros meses do ano, todas as categorias de uso lograram taxas positivas. O segmento de maior dinamismo foi novamente o de bens de capital, acumulando acréscimo de 16,3%, com aumento de produção em todos os seus subsetores, em particular naqueles voltados para a própria indústria e para agricultura.


Quanto ao nível da utilização da capacidade instalada, o indicador com ajuste sazonal de utilização média da capacidade instalada na indústria de transformação da CNI subiu ligeiramente na passagem de abril a maio, de 82,5% para 82,7%. Já os dados, sem ajuste sazonal, divulgados pela FGV, mostraram que o nível de utilização da capacidade instalada pela indústria de transformação atingiu 84,7% em junho, após ter se mantido estável em maio. Ambos os indicadores apontam para a existência de relativa folga de capacidade na indústria brasileira.


No plano internacional, a indústria brasileira apresenta menor dinamismo que suas congêneres de países com grau semelhante de desenvolvimento. Em maio, enquanto a indústria de transformação do Brasil cresceu 4,9% na comparação com igual mês do ano anterior, a indústria russa registrou expansão de 9,4%, a indústria argentina avançou 6,4% e a tailandesa 6,3%.

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