29/04/2008

O preço da credibilidade


Foi divulgada hoje mais uma pesquisa de opinião mostrando outro aumento da popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Trata-se da série histórica de pesquisas afins que a Confederação Nacional dos Transportes encomenda periodicamente ao instituto Sensus há anos.
À esta altura, quem se informa pela internet já conhece os números e tomou conhecimento das opiniões tanto de que a espantosa aprovação de Lula se deve ao bom governo que está fazendo quanto de que o povo é manipulado pelo presidente da República para pensar que seu governo é bom.
Sobre a segunda teoria, o diretor da CNT, Clésio Andrade, deu a seguinte declaração:
"O bom desempenho do governo Lula pode ser atribuído ao crescimento da economia, geração de empregos e programas sociais implantados pela Presidência da República. [Mas] há também a boa movimentação do presidente, seu discurso popular com a divulgação do PAC. O presidente consegue capitalizar bem suas políticas. Dá a sensação de um governo eficiente (...) Também consegue realizar uma movimentação política positiva em termos da divulgação de suas ações. O seu marketing é bem trabalhado".
A afirmação do diretor da CNT cai como uma luva para os donos de grandes meios de comunicação, pois eles pensam exatamente como Clésio Andrade. Mas a questão é: eles acreditam no que dizem?
Eu gostaria muito de receber comentários de quem pensa como Andrade, como os Frias, como os Mesquita, como os Marinho ou como os Civita, todos congêneres opinativos do diretor da CNT. Gostaria de conversar com quem tenha como defender a teoria de que Lula engana a maioria absoluta de brasileiros de todas as classes sociais, fazendo-os pensar que seu governo é bom quando, na verdade, é um governo ruim e que o pouco que consegue se deve a que funciona no "piloto automático", ou seja, na rota traçada pela oposição tucano-pefelista quando ela estava no poder.
Aliás, quem defende essa teoria perdeu recentemente um de seus principais argumentos, o de que o governo detém tal aprovação graças aos menos instruídos e informados, beneficiários do Bolsa Família. E isso porque todas as pesquisas vêm mostrando que até entre os mais ricos e escolarizados a aprovação ao governo Lula e ao seu titular, além de majoritária, vem aumentando, ou seja, o público da grande imprensa a vem ignorando cada vez mais, ao passo que ela, cada vez mais, vem aumentando seus ataques ao governo Lula. Mas ao menos, diante dos fatos, teve que parar com aquela história de que Lula comprava sua aprovação com o Bolsa Família.
Mas a pesquisa também traz um outro dado, espantoso: a aprovação majoritária de 50,4% da população brasileira a um terceiro mandato para Lula. Esse dado conflita com afirmação de pesquisa Datafolha publicada em 2 de dezembro de 2007 na primeira página do Jornal Folha de São Paulo, de que 65% do eleitorado rejeitava um terceiro mandato para o presidente.


Mas me digam: como é possível que, dos exíguos 31% que o Datafolha disse que apoiavam a re-reeleição de Lula, em quatro meses tenham aumentado tanto de número, para mais da metade do eleitorado? O que foi que aconteceu nesses 147 dias que fez tanta gente mudar de opinião? Aliás, por que, apesar de a grande imprensa vir fazendo intensa campanha contra o terceiro mandato, brasileiros de todas as classes sociais caminharam no sentido oposto? E, por último, será que era verdade da Folha que 65% não queriam o terceiro mandato?



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