A elegante nota abaixo, escrita pelo sempre elegante Mino Carta, me encheu de saudades e recordações juvenis, assim como Mino, Bergman me marcou muito mais que Antonioni, em particular o extraordinário Morangos Silvestres, que assisti no velho cinema de artes da Bahia, na biblioteca dos Barris em Salvador.
Se me permitem a observação, Bergman marcou-me muito mais que Antonioni. Que, diga-se, conheci no Festival de Saint Vincent em 1957, convescote cinematográfico menor, que fui cobrir como repórter. Ele tinha 44 anos e eu 23. Pareceu-me tímido e, ao mesmo tempo, muito cortês e nem um pouco exibido. Mas até então só dirigira um filme de sucesso de critica, de publico nem tanto, Il Grido, com Steve Cochrane, belo ator hollywoodiano falecido ainda jovem. Os demais filmes de Antonioni não atingiram a zona situada entre os miolos e a alma. L’Avventura, La Notte, Il Deserto Rosso, Blow Up, Zabriskie Point. Sempre os percebi como obra de um engenheiro (de fato, era formado em engenharia) que virou esteta do silêncio. Ao assistir alguns, peguei no sono. Bergman não. Não direi que todos os filmes dele mexeram profundamente comigo, mas vários figuram na minha lista dos melhores, sobretudo dois: Morangos Silvestres e O Sétimo Selo. Outro filme de Bergman assisti no Festival de Veneza de 1959, também ali era repórter, O Rosto. Perdeu o Leão de Ouro para La Grande Guerra, de Monicelli, e para Il Generale Della Rovere, de Rossellini, que dividiram o prêmio. Não me queixaria, porém, se ganhasse Bergman. Um grande, no meu entendimento, um poeta da inquietação humana, da vida e da morte, da problemática relação entre o homem e a natureza. Da ausência de Deus, ou da omissão.
enviada por mino
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