31/07/2007

A pesquisa Datafolha


Segue para nossos leitores internautas artigo assinado por Luis Nassif em seu blog (http://luisnassif.blig.ig.com.br/). Nassif destrói a teoria de Merval Pareira (o globo), que entre outros da grande mídia tentam “explicar” a recente pesquisa do Datafolha que mais uma vez revelou a inabalável popularidade de Lula.

Em linhas gerais, os articulistas da grande mídia vêm desde a reeleição de Lula, tentando dividir o Brasil em dois, o sul desenvolvido econômica e culturalmente contra o nordeste atrasado, os ricos bem informados contra o pobre analfa, a classe alta e média independente contra os dependentes da bolsa família e por ai vai por linhas tortuosas, tentam assim fazer os leitores crer que Lula é eleito por um tipo inferior de brasileiro, o brasileiro pobre, analfa e nordestino.

Veja o que diz Nassif.

A pesquisa Datafolha


Em sua coluna de hoje em “O Globo”, Merval Pereira avança em conclusões sobre a pesquisa Datafolha. Insiste em atribuir a manutenção da popularidade de Lula ao Bolsa Família, confirmando o que diz nosso Weden, sobre a dificuldade da mídia em identificar essa nova classe média.
Segundo a pesquisa, quanto mais baixa a renda, maior a aprovação a Lula. Merval conclui que: “Se o pessimismo com o Lula e seu governo só faz crescer entre os de maior instrução e maior renda, não se trata apenas de uma contraposição entre ricos e pobres, mas sim entre os que têm visão crítica mais aguçada, não embaçada por programas assistencialistas”.
O que ele faz é uma comparação entre a maior aprovação (nas classes de renda mais baixa) e a menor (nas classes de renda mais elevadas). É um sofisma. Se se for analisar cada faixa, per si, os dados não indicam desaprovação maciça nem nas classes de renda mais alta.
As opiniões vêm divididas em três faixas: ruim/péssimo, regular, e boa/ótimo. O primeiro grupo obviamente desaprova totalmente o governo; o último aprova. O do meio não aprova, mas não considera o governo responsável pelas desgraças do mundo.
Quando se pega o extrato maior de renda (quem ganha mais de 10 salários mínimos), há um equilíbrio entre 32% de bom/ótimo, 32% de ruim/péssimo e 36% de regular. Rigorosamente empatado.

Mas no segmento de 5 a 10 SMs (não beneficiários da Bolsa Família), o índice de bom/ótimo é 20 pontos maior do que de ruim/péssimo (39 a 19). Isso é classe média.
Se se levar em conta o conceito de Merval - de que os 11,2% de universitários têm senso crítico mais apurado que os demais -, se verá que, nessa faixa, o índice bom/ótimo fica 9 pontos acima do ruim/péssimo (33 a 24). Como é que ficamos?
Comparando com extratos de renda, vê-se aí um maior percentual de pessoas com nível superior e com faixa de renda inferior – clara demonstração de falta de oportunidades no mercado de trabalho. Mesmo assim, a aprovação a Lula é maior do que a desaprovação. Na faixa dos que tem curso médio (dificilmente beneficiários do Bolsa Família), a aprovação a Lula supera em 30 pontos a desaprovação (44 a 14).
O que isso tudo comprova?
1. De fato, há uma empatia total entre Lula e as classes de menor renda e menor instrução.
2. Essa empatia não está diretamente ligada aos beneficiários do Bolsa Família. Pode-se concluir, talvez, que a Bolsa Família tenha deixado, mesmo entre os não beneficiários, a sensação de preocupação social do governo. Mas é mais provável que o carisma da Lula faça a diferença.
3. Há aprovação à Lula também entre as pessoas de maior escolaridade. Há equilíbrio entre as de maior renda. Ou seja, até no segmento mais exposto à cobertura da mídia, os que condenam taxativamente Lula representam apenas 1/3 do universo pesquisado. E entre os de nível superior (mais propensos a serem consumidores de jornais) a aprovação a Lula é maior do que a desaprovação.
4. A aprovação à Lula, entre os mais escolarizados, pode significar uma visão crítica que vai além das explicações de Merval. Talvez nem considerem o governo bom, mas apenas melhor do que as alternativas apresentadas.


http://luisnassif.blig.ig.com.br/

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