16/08/2007

Sobre a derrapagem da imprensa brasileira


Márcia Denser é uma escritora paulistana. Mestre em semiótica da PUC/SP.É a prova viva de que em São Paulo há vida inteligente. Li um seu artigo “costurando” escritos de vários autores sobre a o desastre da TAM.
De Gilson Caroni ela recorta três perguntas: 1) Como explicar a grave derrapagem da imprensa brasileira? 2) Foi um desligamento do “transponder” ético? 3) Ou foi um problema no reverso da turbina que instrumentalizou politicamente a dor das 200 famílias que choraram seus mortos?
Ela lembra que mesmo não dispondo de provas a imprensa não hesitou em inserir no acidente uma suposta crise gerencial do setor aéreo. Era preciso arranhar o governo federal. Mais uma vez a mídia transformou em novelão um drama real, pura banalização da vida, desrespeito aos mortos, falta de solidariedade às famílias. Havia um refrão das quase 350 mortes em dez meses repetido à exaustão.
Em seguida, ela cita Bernardo Kucinski que encontrou uma causa específica para vários acidentes, incluindo o da TAM, da GOL, do Concorde em 2000, dos petroleiros nos anos 70. A causa comum é a ganância por dinheiro. O mercado impõe operação em aeroportos sem muita margem de segurança. Pura voracidade, pura ganância.
“O desastre com o avião da Gol foi uma tragédia em que o acaso falou mais alto. Mesmo assim, houve influência de pelo menos um fator sistêmico: o regime de trabalho dos controladores de vôo, em número insuficiente para o mercado que cresceu rapidamente. Duas décadas de neoliberalismo impediram que Estado contratasse mais servidores, que fizesse concursos públicos. Seu mote era terceirizar e privatizar.
Esvaziar o aparelho de Estado. Enquanto isso, o transporte aéreo crescia e crescia”. Para Kucinski os desastres são causados pelo tripé negligência, ganância e neoliberalismo. Não há subcapitalismo que resista.
Há muita canalhice explorando desastres.

Um comentário:

Anônimo disse...

Bota também o texto dela no blog.