09/03/2008

NAS BANCAS, A GUERRA NUNCA ACABA: QUANDO O JORNALISMO É ATROPELADO PELA REALIDADE

A cegueira ideológica da revista veja, termina por fazer a publicação se descolar completamente da realidade semana após semana, a revista que chegou ontem as bancas trata de uma guerra que acabou antes de começar. Na ânsia de atacar Chaves e fazer o jogo de interesse americano na América do Sul promovendo uma guerra entre nações latinas, a revista semanal de esgoto, não viu a banda passar. O Luiz Carlos Azenha não perdoou.

Gerson


Se eu estivesse preocupado com popularidade ou audiência, me inscreveria em um concurso de miss. Abracei o jornalismo por curiosidade e acredito em alguns princípios que aprendi por osmose desde cedo, numa redação cheirando a chumbo e tinta, com o Valzinho, o "seo" Nadir, o doutor Nilson, o Danton Gamba e muitos outros colegas, na rua Primeiro de Agosto, em Bauru. As pessoas passam, os princípios ficam.

Hoje participei de boa parte de um encontro entre jornalistas e professores de Jornalismo em São Paulo. Havia três gerações na sala de reuniões. Mauro Santayanna estava lá, como integrante da "bancada da gravata". Um exemplo de integridade que me fez lembrar de muitos colegas com os quais compartilhei e compartilho essa profissão.

Adianto que estou escrevendo em um laptop, com uma conexão sem fio. Se o texto ficar pela metade vocês entenderão o motivo. O Brasil ainda é uma democracia em construção, pré-capitalista para a maior parte de seus habitantes. Por isso, acredito que há um gigantesco espaço comum para enfrentar alguns dos desafios do Jornalismo.

O maior deles é o de oferecer ao público uma alternativa à mídia partidarizada, que distorce, deturpa e omite informações em defesa de seus próprios interesses políticos e econômicos.

Eu acho que o Brasil precisa de mais democracia. Acho que é preciso jogar luz no obscuro cipoal de interesses que envolve as concessões de rádio e TV. Acho que é preciso incentivar as rádios, as TVs e os jornais comunitários. Acho que é preciso regionalizar a produção de conteúdo. Acho que é preciso aprofundar a crítica da mídia para muito além do Observatório da Imprensa. Acho que é preciso rever os gastos com propaganda de governos municipais, estaduais e do federal. Acho que existe um papel para o Estado, direta ou indiretamente, na implantação de uma rede nacional de internet rápida - adaptando para as circunstâncias brasileiras o que se fez no Japão ou na Coréia do Sul. Acho que não faz sentido manter com dinheiro público uma faculdade de Jornalismo como a Escola de Comunicações e Artes (ECA) se ela abdicar da tarefa de formar seus alunos e transferir esse encargo para a TV Globo, a Abril ou a Folha de S. Paulo. Que se transfira de vez a incumbência de formar jornalistas às grandes empresas, economizando dinheiro público para montar centros de inclusão digital, por exemplo, com monitores para ensinar novos usuários a pesquisar na internet.

Não acredito em esforço heróico, ególatra ou centralizado para fazer avançar essas idéias. Eu sei que mesmo entre os leitores deste site algumas das idéias que expus acima recebem apoio, outras não. Sei que vocês, por não serem jornalistas, têm opiniões e idéias diferentes ou divergentes. Só de lidar com vocês - cadê a Francine? - no dia-a-dia eu já sabia que nunca estive sozinho. A reunião de hoje deixou claro, até quanto pude enxergar, que há muito mais gente perplexa pelo que se faz passar por jornalismo.

Não é preciso palavras para "fotografar" esse descompasso entre realidade e ficção. Pode se dizer que a capa de Veja desta semana foi atropelada pela notícia.

UM DIA ANTES, NA REPÚBLICA DOMINICANA:

http://www.viomundo.com.br/

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