17/07/2007

Uma análise técnica do acidente


Vale a pena ler o que escreve Fernando Rodrigues, colunista da Folha, sobre o acidente. A direita babona adoraria que os defeitos na pistas fossem a causa da tragédia. Talvez não seja bem este o caso...


Avião tocou no ponto correto da pista e continuou em linha reta e alta velocidade

O comandante da FAB (Força Aérea Brasileira), Juniti Saito, recebeu informações dos funcionários da torre de controle do aeroporto de Congonhas atestando que o Airbus A-320 da TAM tocou a pista no local correto ao tentar aterrissar. Por alguma razão, disseram os funcionários, o avião continuou em alta velocidade. Esse dado terá de ser confirmado pela caixa-preta da aeronave.


Tocar o solo no local correto numa aterrissagem é o primeiro requisito para que a operação seja bem sucedida. Em seguida, o piloto deve empreender as ações necessárias para frear o equipamento. Ainda não se sabe a razão pela qual a velocidade não foi reduzida o tanto necessário.


Essa é a primeira informação técnica disponível, por enquanto, a respeito do acidente com o vôo 3054 da TAM no início da noite desta terça-feira (17.jul.2007) em Congonhas.


O fato de o avião ter continuado em alta velocidade depois de ter atingido o solo –informação pendente de ser oficialmente confirmada com dados da caixa-preta– praticamente descarta a hipótese de defeitos na pista de Congonhas. Quando o avião derrapa por deficiência da pista quase sempre ocorre uma mudança imediata na trajetória em solo. As informações preliminares dão conta de que o Airbus da TAM seguiu em linha reta quase até o final da pista, sem frear nem perder a direção.


Em algum momento da aterrissagem, o piloto ou alguém na cabine de comando falou algo que teria sido identificado pela torre de Congonhas como uma menção a "virar" a rota do avião. Mas ainda não está claro em que momento esse tipo de informação foi captada --se logo quando o avião tocou o solo, se na metade da pista ou no seu final, quando o Airbus acabou fazendo a curva e atingindo um edifício da TAM Express.


Por que isso teria acontecido? Não se sabe. Pode ter ocorrido algum defeito no aparelho que o impediu de frear (as turbinas não reverteram, os freios não funcionaram, enfim, várias possibilidades a serem estudadas e investigadas).


Espera-se que os dados da caixa-preta possam dirimir essas dúvidas.


Há grandes esperanças de a caixa-preta do avião ser encontrada intacta, pois nesse tipo de aparelho o equipamento fica conservado na cauda –a única parte que não foi totalmente consumida pelas chamas nas horas que se seguiram ao acidente.


O fogo demorou várias horas para ser debelado por causa de duas possíveis razões. Primeiro, o tanque do Airbus estava relativamente cheio (o avião seguiria viagem sem abastecer em São Paulo). A segunda possibilidade é a proximidade com o posto de gasolina, atingido na queda.


Quem esteve no local do acidente acredita que o número de vítimas em terra possa subir para casa de várias dezenas. No avião, são poucas ou quase nulas as possibilidades de alguém ter sobrevivido.

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