09/04/2008

PT pode cometer grave erro em Salvador



Obs. A nota foi escrita no dia 08, no dia 09 o PT de Salvador consumou o que Zé Dirceu chamou de grave erro.

Se consumar a decisão de lançar candidatura própria em Salvador...

Se consumar a decisão de lançar candidatura própria em Salvador e não apoiar a reeleição do prefeito João Henrique, do PMDB, o PT estará cometendo um erro, independente do resultado da disputa no primeiro turno. A imagem que passará é que o PT só faz alianças quando lhe interessa e não abre mão para aliados quando esses correm riscos e necessitam de apoio.

O PMDB baiano foi decisivo para a vitória do governador Jaques Wagner. Eleito pelo PDT, João Henrique filiou-se ao PMDB de comum acordo com o governador e com o PT. Os petistas participaram de seu governo nesses últimos dois anos. Qual é a razão para sair agora? Dirão que a eleição é em dois turnos e que o PT poderá apoiá-lo no segundo. Mas não é impossível que cheguem ao segundo os candidatos do DEM, Antonio Carlos Magalhães Neto e o tucano, Antônio Imbassay, o que evidentemente é um cenário que não interessa ao PT.

Nem vou trazer à baila os péssimos resultados dos candidatos do PT à prefeitura de Salvador nas recentes pesquisas, uma vez que com o prestígio do presidente Lula e com a própria força do petismo na capital baiana, o partido poderá alcançar votação maior. Mas é bom lembrar que o presidente não poderá participar diretamente da campanha, já que teremos mais de um candidato da base e que nas últimas eleições municipais em Salvador, em 2004, não fomos nem para o segundo turno.

Também não vou trazer à discussão as conseqüências nas grandes e médias cidades do interior, dessa ruptura na Capital. Agravará as relações com o PMDB no Estado e terá conseqüências nas disputas municipais onde poderíamos nos aliar - ao contrário, o PMDB pode se unir a nossos adversários no Estado e no país. A questão, então, é sobre o caráter do PT: o partido está mesmo disposto a fazer alianças ou só as faz quando interessa e elas lhe dão a vitória? É capaz de abrir mão de posições para consolidar alianças nacionais e construir com o PMDB, desde já, as bases para 2010?

O problema não é quem vencerá em Salvador e sim nossa política de alianças. É evidente que João Henrique pode perder as eleições dada a sua alta rejeição. Mas, também, tem cerca de 20% dos votos nas pesquisas, e com o apoio do PT, de Lula e do governador Jacques Wagner, poderá ir para o segundo turno sendo improvável que perca se contar com o apoio de todos os partidos anti-carlistas da Bahia. E preciso ressaltar o exemplo do governador fluminense, Sérgio Cabral, do PMDB: ele apóia o candidato do PT a prefeito do Rio, deputado Alessandro Mólon, mesmo este contando com 1% nas pesquisas.

Se fosse para prevalecer esse critério adotado em Salvador, em muitas cidades o PT não receberia o apoio de seus aliados. O que falta, então, é uma decisão estadual e nacional que leve em conta, não pesquisas eleitorais ou o desejo isolado daqueles que querem sair candidato pelo partido, mas os compromissos que assumimos com João Henrique e com o PMDB. Estes, na minha modesta opinião de militante petista, já seriam suficientes para manter a aliança, o apoio do PMDB ao governo do Estado, ao governo Lula e ao nosso lado na sucessão em 2010.


Zé Dirceu

Um comentário:

Anônimo disse...

O Zé Dirceu está mal informado sôbre o João Henrique!