03/03/2008

Economia já vive ciclo de expansão sustentável


"A economia brasileira é, agora, um foguete que venceu as forças gravitacionais e atravessou a atmosfera".

Durante mais de duas décadas, a economia brasileira viveu de pequenos surtos de crescimento, apelidados de "vôos de galinha". Os principais economistas sempre bateram na tecla de que o país precisava entrar em um ciclo de expansão sustentável. Há várias evidências de que a economia já vive esse momento esperado há anos, caracterizado por um ciclo virtuoso que traz, dentro de si, maior capacidade de se auto-alimentar.

O que ocorre numa tradicional empresa do setor têxtil como a Meias Lupo, por exemplo, resume bem o perfil de crescimento que tomou conta das indústrias do país, sejam elas pequenas ou grandes. No mês passado, aproveitando o dólar barato, a Lupo instalou 130 novas máquinas italianas. No ano passado, contratou 500 empregados e outros 230 estão chegando agora. Esse comportamento é o retrato do atual ciclo, muito diferente do de 2004. "Ele é mais empregador, mais importador e mais investidor", diz o economista Júlio Sérgio Gomes de Almeida, com base em estudo corporativo do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), do qual é consultor.

O resultado da combinação de mais emprego e investimento, explica Júlio Sérgio Gomes de Almeida, consultor do Iedi, é que o crescimento da indústria exigiu, proporcionalmente, menor utilização da capacidade instalada - e o setor acumulou potencial para continuar crescendo. Em 2004, a indústria de transformação encerrou o ano com uma produção 8,5% maior. Para dar conta do recado, elevou em 2,7 pontos percentuais o uso de seus recursos. Em 2007, a alta de 6% na produção foi obtida com um uso da capacidade 1,8 ponto percentual maior.

Entre as razões para o melhor resultado estão a geração de empregos e o maior consumo de máquinas. Em 2004, cada 1 ponto percentual de aumento da produção exigiu a contratação de 59,4 mil novos funcionários. Em 2007, essa relação cresceu para 65,8 mil admissões. "Um crescimento com mais geração de vagas formais também representa um aumento na capacidade de reprodução do crescimento", observa Almeida. E com maior formalidade, crescem a massa salarial, o crédito e a própria arrecadação do setor público, ajudando a criar um ciclo positivo, acrescenta o consultor do Iedi.

Além da maior formalização, o ciclo de 2007 traz uma expansão mais acelerada da capacidade instalada. O consumo de máquinas aumentou o dobro da produção - entre fabricação local e importação, ele cresceu 13% diante da alta de 6% na produção total. Em 2004, a indústria produziu 8,5% mais, ritmo que demandou um consumo de máquinas 9,1% maior.

Para o financista Luiz Carlos Mendonça de Barros, foi a solidez das contas externas que deu ao país o passaporte para inaugurar essa nova etapa sustentável. Por falta de reservas em moeda estrangeira, nos ciclos passados os "vôos de galinha" em geral terminavam numa crise cambial.

"A economia brasileira é, agora, um foguete que venceu as forças gravitacionais e atravessou a atmosfera", ilustra Mendonça de Barros. "O forte crescimento do consumo no Brasil e a redução da volatilidade macroeconômica são fatores positivos para o investimento e este ciclo parece ser longo e mais confiável que no passado".

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