04/03/2008

O desafio amazônico


Um dos grandes desafios nacionais, para os próximos anos, será definir uma política para a Amazônia. Esta será uma das prioridades do Ministério Extraordinário de Assuntos Estratégicos da Presidência da República.O Ministro Roberto Mangabeira Unger está trabalhando sobretudo com governadores da região e organizações científicas.

Sua opinião – a mesma da Ministra do Meio Ambiente Marina Silva – é que ambientalismo sem projeto econômico consistente não é sério: é auto-destrutivo. A Amazônia não é um conjunto de árvores, mas grupos de pessoas. Se não houver oportunidades econômicas, se a atividade econômica for desgovernanda, acelerará o desmatamento. Aí a questão ambiental vira caso de política e não se resolverá nada.

Serão necessários dois projetos simultâneos:

1. Um projeto econômica para a area não desmatada, que responde por 86% dos biomas da região.

2. Um outro projeto para a Amazônia desmatada, com a possibilidade de um novo modelo econômico, nova associação do Estado com pequenos produtores.

Para que o segundo modelo não sufoque o primeiro, há a necessidade de um regime legal e regulatório que assegure que a floresta em pé vale mais do que a floresta desmatada.

É um desafio que passa pela solução dos problemas fundiários, por um grande zoneamento econômico e ecológico e pela organização de serviços ambientais desmatados.

Um dos desafio será aprimorar o manejo florestal (a exploração racional da floresta). Segundo Mangabeira, não existe tecnologia para floresta tropical. Além disso, não existe nenhum vínculo entre complexo industrial da Amazônia e o meio ambiente.

As duas atividades principais da região são a mineração do Pará e a Zona Franca de Manaus, sem nenhum vínculo com a economia circundante. A única relação da Zona Franca com a floresta é proporcionar emprego para 2 milhões de pessoas em Manaus, para que não entrem na floresta.

Segundo Mangabeira, faltam links entre complexo industrial, urbano e florestal.

Tudo não Amazônia é enigma e possibilidade, diz ele. Tome-se o caso dos transportes. O Brasil é vidrado em transporte rodoviário. Na Amazônia haverá a necessidade e oportunidade de inovar o paradigma, fortalecendo o hidroviário, o ferroviário e construindo multimodais.

A partir da Amazônia, esse paradigma poderá ser transplantando para todo o país. Ou seja, a Amazônia pode ser um local para experiências de vanguarda, com as solu/cs possíveis sendo adaptadas para o país como um todo.

O diagnóstico é relativamente simples e, como em todas as avaliações de Mangabeira, em linha com um pensamento moderno de inclusão social. O desafio é a maneira de caminhar de um modelo para outro.

Hoje em dia a Amazônia é uma das marcas mais valorizadas do planeta. Serve para lançar cosméticos, medicamentos naturais, perfumes, bijouterias. Mas como proceder à transição? Como abrir mão da herança de décadas de Zona Franca, com seus interesses encastelados?

Este será o grande desafio do Ministério. Uma coisa é definir conceitos modernos. Outra, é definir o novo modelo e as formas de implementação.


enviada por Luis Nassif

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