08/03/2008

O mimeógrafo do Coxa


Faz 29 anos. O presidente do sindicato dos metalúrgicos de São Bernardo e Diadema Luis Inácio Lula da Silva, melhor conhecido como Lula, amarga a pane do mimeógrafo que imprime O Ferrador, jornal da entidade, de grande influência sobre os espíritos locais. Lula me diz dos seus dissabores, e eu enxergo uma saída. Saí no encalço do Coxa. Ou seja, do meu amigo Eduardo Rocha Azevedo, então vice-presidente da Bolsa. E a ele me apresentei em um discurso, entre o sentimental e o demagógico: “Coxa, preciso de você, preciso de grana para comprar um mimeógrafo”. Incrédulo, Coxa ponderou:

“Mimeógrafo? Para quê? Para imprimir a Istoé e o Jornal da República?”.

Esclareci: “Não, é para o Lula, este cara merece apoio e ainda vai ser muito decisivo na história do Brasil”. Não foi preciso perorar. Nem sei se o Coxa tinha esta confiança toda nos meus vaticínios políticos. Certo é que logo disse: “Deixa comigo”. Bateu à porta do presidente da Bovespa, Fernando Nabuco, outro amigo, nadador de duas Olimpíadas, e ambos cuidaram de adquirir um mimeógrafo de grande porte e da mais recente geração. Há três anos, em uma festa da CartaCapital que contou com a presença de Lula, o presidente fez um discurso para lembrar aquele enredo remoto. Enganou-se quanto ao tamanho do mimeógrafo, falou em uma máquina off-set. Nem por isso, deixou de ficar comovido ao recordar aquele passado de resistência. Eu também fiquei. O exagero presidencial faz parte de amizades nunca exageradas.

Uma biografia do Coxa está nas livrarias, publicada pela Editora Contexto e escrita por Angela Ximenes. Trata-se da história de um empresário bem-sucedido , embora dotado de coragem bastante para enfrentar monstros autênticos em lugar de moinhos a vento. E em cujo currículo existe até o mimeógrafo portentoso que Lula chamou de off-set.


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