20/04/2007

Jornalistas recebiam mensalinho na Câmara



Quando o presidente da Câmara dos Deputados, Arlindo Chinaglia (PT-SP), anunciou a mudança de local do comitê de imprensa dos jornalistas credenciados na Câmara, a chiadeira foi geral.
Abriram manchetes até no exterior (no espanhol El País falaram em "confinamento" da imprensa) contra esse atentado à liberdade de imprensa. Disseram que a mudança de local visava prejudicar o trabalho dos jornalistas. Que coisa.



A Câmara oferece há pelo menos 15 anos uma espécie de "plano de saúde" gratuito para os jornalistas credenciados a fazer a cobertura noticiosa da Casa. Eles têm à disposição cerca de 20 das principais especialidades médicas, além de exames clínicos, benesse que é estendida aos seus dependentes e a pais e mães, caso eles não tenham "economia própria".Só em 2006, jornalistas ou seus familiares usufruíram de 1.874 consultas ambulatoriais, uma média de sete por dia útil.


Levando-se em conta que dificilmente uma consulta particular em Brasília sai por menos de R$ 100, a conta ficou em ao menos R$ 187 mil no ano passado.(...) O atendimento médico gratuito não é a única benesse oferecida pela Câmara a jornalistas ao longo dos anos. Na década passada, era comum a Casa bancar viagens internacionais de repórteres para que eles acompanhassem deputados ou participassem de eventos. Além das passagens, a Câmara pagava uma diária de US$ 200.

Por que, durante todo esse tempo, essa jabazada não foi denunciada?
Jornalistas e repórteres que sempre se encheram de indignação para apontar seus dedos e acusações udenistas jamais escreveram uma linha ou disseram uma palavra sobre o assunto.
Sonegaram dos leitores, telespectadores, ouvintes, que recebiam seu mensalinho da Câmara na forma de um plano de saúde que se estendia aos familiares.

Quero ver agora se vão vazar nomes, como sempre acontece quando não se trata de jornalistas.

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