30/05/2007

É da Veja o velho "ônus da prova"


Eu acredito (opinião do blog Jacarandá) que o Renan Calheiros, esta ferido de morte, não restará a ele muito mais tempo como presidente do Senado, mesmo com a inconsistência da denuncia da Veja, mesmo sendo a Veja uma publicação que não recebe credito, mesmo tendo ela que gerar agora as provas, mesmo assim, quem conhece como funciona estas relações entre poder, mídia e empreiteiras, sabe que se puxar uma linha vem o novelo todo. Se Renan tem rabo de palha chegou a hora de ver pegar fogo.


Segue abaixo um artigo de Luiz Weis, sobre o tema que esta publicado no site do Observatório da Imprensa.

Postado por Luiz Weis


Se procedem as dúvidas do repórter Guilherme Scarance, do Estado, na matéria “Falta esclarecer pagamentos de 2004 e 2005”, com uma bem-feita linha do tempo baseada na fala e nos documentos apresentados pelo senador Renan Calheiros, há um buraco de pelo menos R$ 200 mil nas relações financeiras do político alagoano com a jornalista Mônica Veloso.
Renan disse ontem que não tinha comprovantes dos pagamentos mensais que lhe teria feito entre janeiro de 2004, quando se constatou a sua gravidez, e novembro de 2005, mês anterior ao do reconhecimento da paternidade da filha nascida em agosto do mesmo ano.
A justificativa de Renan é assombrosa: “Por que ia haver [comprovantes de] depósitos se a relação não era oficial?”

Então, ficamos assim: a uma relação extraconjugal se segue uma relação extracontabilística.

A resposta leva água para o moinho da informação da Veja, não corroborada por documentos ou terceiros – além de quem soprou a história para a revista – de que esses R$ 200 mil foram pagos em dinheiro vivo pelo lobista Cláudio Gontijo, da empreiteira Mendes Júnior.

A acusação que pende sobre o senador é a de que o dinheiro era da empreiteira, onde todo mês um envelope esperava por Mônica.

Mas pode se imaginar também que o dinheiro vinha de eventuais “recursos não contabilizados”, na imortal expressão do tesoureiro petista Delúbio Soares, do senador que já foi muita coisa na vida política – por exemplo, membro da tropa de choque de Fernando Collor no Congresso.

De qualquer maneira, há uma zona de sombra na situação toda – e não apenas na do queijo suiço das alegações do senador.

Do ponto de vista político, por um lado, Renan ficou a descoberto, por falta de provas de que ajudou Mônica com dinheiro seu – e limpo.

Os seus colegas de “clube”, como o Senado é conhecido em Brasília, poderiam não cobrir o seu aparente déficit de idoneidade, apontado pela Veja.

Ou poderão cobrir, sim, por solidariedade corporativa, rabo preso ou lo que quieras, como dizem os argentinos. A ver no que dá a representação do PSOL ao Conselho de Ética da casa, que se instala hoje.

Do ponto de vista jornalístico, porém, a sombra é outra. Na ética da profissão, não basta matar a cobra. Tem de mostrar o pau. Nisso é a Veja que está a descoberto.

Como diz, na lata, o senador capixaba Renato Casagrande, do PSB, a reportagem ainda é “muito pouco para se manter uma acusação” de político recebendo dinheiro ilícito de uma empreiteira.
"A revista é que tem que provar que o dinheiro era da Mendes Júnior e não do próprio Renan."
Tem.

O ônus da prova é de quem acusa – ainda mais quando o acusador é um órgão de imprensa.

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