31/05/2007

Ligações dos PFs afastados, a Octopus e a Navalha


Bob Fernandes

A ministra do Superior Tribunal de Justiça Eliana Calmon determinou a suspensão, por 60 dias, dos delegados Zulmar Pimentel - diretor-executivo e segundo homem da Polícia Federal -, Paulo Bezerra - atual secretário de Segurança Pública da Bahia - e César Nunes, superintendente da PF no mesmo estado. Na repercussão do ato, como se vê em quase todo esse rumoroso episódio da navalhada, a mistura de alhos com bugalhos. Terminam todos no mesmo recipiente, onde tudo é embrulhado e atirado ao sedento grande público, sem que se saiba quem exatamente é, ou foi, o quê.

O caso e seus personagens.

A começar por cima.

Zulmar Pimentel é conhecido, mesmo entre adversários, como homem que tem "asco" à corrupção, e tem participado ativamente do planejamento e comando das centenas de operações da PF que já fizeram mais de cinco mil presos nos últimos anos. Zulmar é também conhecido como policial de grande disciplina na corporação e por ser homem de vida e posses modestas.
Paulo Bezerra e César Nunes, assim como outros dois delegados já afastados - e aposentados no ano passado -, João Batista Paiva Santana e Rubem Patury, se envolveram, de uma forma ou de outra, com personagens da tentacular Gautama. Personagens que não estão citados na fita em cartaz, Navalha, mas personagens da mesma Gautama.

Agora mais embaixo.

Patury, que foi superintendente em Tocantins e depois em Sergipe, permitiu que algum gautameiro pagasse uma despesa de R$ 7 mil - preço do coquetel de sua posse como superintentente em Sergipe. Patury dançou, portanto, por conta de setinho.

João Batista, superintendente no Ceará, caiu na rede e na grampearia anti-Gautama em razão de passagens aéreas para a família no trajeto Bahia-Ceará. Mais um que capotou por mixaria na baixa gautamaria.

Segundo as investigações, Paulo Bezerra e César Nunes teriam se enredado por dois motivos: de um lado, tinham relações sociais com gautameiros. De outro, sem que se tenha notícia de envolvimento maior e mais grave, são citados em conversas gautâmicas.

A dupla, em suma, é acusada de obstaculizar a operação que antecede a Navalha, a Octopus, que mesmo depois de abortada por conta de vazamentos manteve como operação-mãe a Navalha. Todas filhas do sêmen de Zuleido e do ventre da Gautama.

Em tempo: beneficiado por um habeas corpus concedido pelo ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, Zuleido saiu da cadeia nesta terça-feira, depois de 12 dias de prisão.

A Octopus, prejudicada por vazamentos, tinha na mira (leia aqui) o ex-presidente do Esporte Clube Bahia, Marcelo Guimarães, dono de uma empresa de segurança e outras cositas más, assim como Gervásio Oliveira, este, por sua vez, proprietário da Faculdade de Tecnologia e Ciência (FTC). Além dos dois, eram vasculhados outros do mesmo naipe.

A ministra determinou à Polícia Federal o afastamento dos três delegados, Zulmar, Bezerra e Nunes. Como Bezerra é secretário de Segurança Pública da Bahia e assim está afastado da PF, a determinação terá que ser encaminhada ao governador do Estado, Jaques Wagner.

Patury e João Batista, por conta do setinho e das passagens aéreas; Paulo Bezerra e César Nunes, por suspeita de vazamento de informações e/ou interferência nas investigações da Octopus, ascendente da Navalha. São casos distintos do de Zulmar.

O diretor-executivo da PF voou para Fortaleza para comunicar ao superintendente, João Batista, que este estava sendo exonerado. Entendem colegas que Zulmar Pimentel cumpriu uma praxe, e que sua ação não deve ser confundida com vazamento de informações para a interrupção de uma operação.

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