07/04/2007

O apagão da verdade

O Artigo abaixo pode ser lido também no site www.r2cpress.com.br

Assinado por um dos executivos mais importante da industria turística nacional, o artigo abaixo, mostra bem a visão do setor empresarial sobre o tal “apagão aéreo”.
O que fica claro é o papel triste e comprometido da grande mídia nacional. Mas preocupada em tentar derrubar o governo Lula que de fato noticiar a verdade.



Por: Alexandre Zubaran*


Conveniou-se chamar de “apagão aéreo” a crise iniciada após a trombada do Boeing com o Legaci. Como se não bastasse a dimensão da catástrofe e a dor das famílias, temos assistido de tudo um pouco: análises descabidas, uso político da crise, oportunismo, desrespeito, despreparo e um festival de absurdos. A grande mídia demonstrou uma extraordinária capacidade em noticiar os acontecimentos dentro de um contexto que excluiu as causas reais. Mas o que mudou depois desta fatalidade que originou todos os fatos que temos acompanhado, sentido na pele e até no bolso?
Além de escancarar os problemas que já enfrentávamos antes do acidente, como a carência de pessoal, a saturação de Congonhas e a péssima prestação de serviços ao passageiro, ainda convivemos com a deficiência histórica de infra-estrutura aeroportuária, causada por mais de 20 anos de abandono (que acabou reduzindo a expressividade dos recentes investimentos nos aeroportos de quase todo o país), com o excesso de chuvas, as falhas de sistema e até cachorro na pista!
A verdade é que a versão de que o sistema estava podre e ruim não resiste ao óbvio. Um sistema complexo como este não implode da noite para o dia. O mais provável é que esteja sendo explodido. A gestão do espaço aéreo nacional era considerada equivalente às melhores do mundo e, apesar da quebra da Varig e do expressivo crescimento do número de passageiros, a frota de aviões despencou e os brasileiros confiavam em sua aviação comercial.
Temos assistido mesmo é o “apagão da verdade”. Nove controladores que estavam no dia do acidente foram afastados e nada menos do que 27 controladores apresentaram atestado médico. A partir daí, uma série de novidades e panes estranhas vieram à tona. Diz-se que os controladores estão “seguindo a regra”, mas a verdade é que, antes do acidente, administravam o espaço aéreo como se faz no mundo todo. Temos que reconhecer que eles têm todo o direito de fazer reivindicações, mas não dessa forma. Talvez eles nem tenham noção dos danos ao país e do quanto já macularam a imagem do controle aéreo brasileiro internacionalmente.
O único fato positivo deste último caos foi a verdade oculta revelada. É claro que ao Governo não restava outro caminho. A hierarquia Militar já estava mais do que comprometida e agir rapidamente era mais importante do que preservar a autoridade da Aeronáutica. Estancar a crise era o certo a fazer. Mas agora vamos combinar que já passou da hora de colocar um fim neste movimento.
É preciso pagar salários compatíveis com os padrões internacionais e aplicar todos os recursos necessários para prestar os serviços que a sociedade espera. Partindo do pressuposto de que as providências para o aumento do efetivo de controladores já foram tomadas, faz-se também necessário transferir de Congonhas para Guarulhos todos os vôos de longa duração possíveis para a sua capacidade e investir rapidamente na estruturação de um terceiro terminal. A mim, o que parece mais obvio é o investimento no aeroporto de Viracopos.

*Presidente da Resorts Brasil e Diretor-Presidente da Costa do Sauípe

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