24/04/2007

Jornalismo marrom, malandragens e desinformações.


A manchete da Folha de S. Paulo desta terça-feira é bem malandrinha, para dizer o mínimo: "Lula é recordista em publicidade".


Quando o pobre leitor, já horrorizado com o presidente perdulário, que teria gasto mais de R$ 1 bilhão para a sua própria promoção no ano passado, lê a reportagem (e não é todo mundo que passa da leitura dos títulos), obtém algumas informações esclarecedoras: 75% dos gastos de publicidade em 2006 não são propriamente do governo federal, mas das empresas estatais, que entre outras coisas, têm de concorrer no mercado (Banco do Brasil, Petrobrás, Caixa Econômica Federal e tantas outras empresas).


O bravo matutino da Barão de Limeira poderia ter informado, apenas para dar uma boa base de comparação, quanto gastam Bradesco e Itaú com publicidade por ano. É com eles, por exemplo, que o Banco do Brasil tem de competir...A primeira constatação, portanto, é a de que Lula não gastou R$ 1 bilhão em publicidade, mas apenas 25% deste total. Seria muito mais interessante comparar as gestões FHC e Lula tomando como base os gastos apenas do governo federal propriamente dito (administração direta), excluindo as estatais. A razão é simples: sob Lula, as estatais foram responsáveis por um percentual maior da publicidade total do que sob Fernando Henrique Cardoso.


Em outras palavras, o tucano Cardoso gastava muito mais em "auto-promoção" do que Lula. Mas isto, que pena, a Folha não explica.Levando em consideração, portanto, o aumento da parcela das estatais no bolo total, o jornal não estaria errado se levasse para a sua manchete o título: "Gasto com publicidade do governo cai na gestão Lula".


Em termos proporcionais, é exatamente isto que ocorreu, basta usar uma calculadora e os dados divulgados pela própria Folha: sob FHC, os governo federal, excluindo estatais, gastou R$ 354 milhões em 98; R$ 251 mi em 1999; R$ 328 mi em 2000; R$ 339 mi em 2001; e R$ 281 mi em 2002. Lula assumiu e os gastos caíram para R$ 172 mi em 2003, subindo para R$ 260 mi em 2004; para R$ 272 mi em 2005 e caindo para R$ 240 mi em 2006!


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