24/04/2007

O super Franklin Martins


A noite da última segunda-feira foi um momento memorável para a política brasileira. O programa "Roda Viva", da TV Cultura de São Paulo, moderado pelo jornalista Paulo Markun, entrevistou, ao vivo, o ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Franklin Martins. O ministro foi entrevistado por Alexandre Machado (comentarista de política da TV Cultura), Augusto Nunes (colunista do "Jornal do Brasil"), Eleonora de Lucena (editora-executiva da Folha), Helio Gurovitz (diretor de redação da revista "Época"), Josemar Gimenez (diretor de redação dos jornais "Correio Braziliense" e do "Estado de Minas"), Ricardo Gandour (diretor de conteúdo do grupo O Estado de S. Paulo) e Marcio Aith (editor-executivo de economia da "Veja").

Como se esperava, foi uma entrevista tensa, na qual, previsivelmente, os jornalistas da "Veja", do "Estadão", da "Folha", do "Jornal do Brasil", da "Época" e do "Correio Brasiliense / Estado de Minas" tentaram colocar o ministro em contradição e constrangê-lo abordando temas que consideraram "incômodos", tais como o do "mensalão", o da própria condição de Martins de ex-funcionário de uma Globo - que tanto ataca o governo - e, até, sobre o processo que ele move contra a revista Veja e seu colunista Diogo Mainardi.

Assisto o Roda Viva faz muitos anos. Quero dizer que nunca vi alguém do governo Lula se sair tão bem naquele programa, que é sempre muito difícil para um certo tipo de entrevistado no qual Martins se encaixa, ou seja, o tipo que é ligado ao PT ou, de alguma forma, ao governo federal petista.

Martins, em lugar de se colocar na defensiva, atacou. Já na primeira pergunta capciosa, a respondeu de bate-pronto, com clareza, tranqüilidade e, para espanto dos entrevistadores, não hesitou em citar o governo de São Paulo, de José Serra, numa emissora que ele controla e para jornalistas de meios de comunicação que dão apoio político incondicional ao PSDB paulista já faz mais de doze anos. Martins Tampouco pensou duas vezes antes de dizer, na cara dos jornalistas que o entrevistavam, que eles "sabem muito bem" que a sociedade perdeu grande parte da confiança na mídia por conta da exagerada campanha anti-Lula e PT que ela promoveu. Ficaram calados.

Um capítulo à parte no Roda Viva de ontem foi quando o clima esquentou entre Martins e o representante da Veja na entrevista, o tal Marcio Aith, que tentou iniciar um bate-boca com o ministro e até passar-lhe uma reprimenda. Martins não se alterou. Sereno, disse a Aith que falar, bater-boca, não adianta. Que a questão dele com a Veja e com Mainardi é na Justiça e que se estes questionam as decisões dela devem acioná-la por isso. Vale dizer que o descontrole emocional de Aith foi flagrante, sua falta de educação notória e as intenções dele e da bancada inteira de entrevistadores, não de entrevistarem, mas de encurralarem o ministro, ficaram absolutamente claras para quem teve olhos de ver.

Franklin Martins disse tudo o que eu queria ouvir. Para uma bancada de jornalistas de veículos os mais anti-Lula do país, o ministro criticou a cobertura da crise política pré-eleitoral e as TV comerciais, dizendo-as também influenciadas por interesses políticos tanto quanto a imprensa acusa, por antecipação, a TV Pública federal de vir a ser. E ainda constrangeu os jornalistas tucanos pondo o dedo na ferida deles, ou seja, falando de criticas deles ao governo Lula por este fazer coisas que o governo de São Paulo (leia-se de Covas, de Alckmin e de Serra) também fez e/ou faz.

Acompanho atentamente a política brasileira e mundial há pelo menos uns 30 anos e garanto a vocês que ainda ouvirão falar muito de Franklin Martins. Tenho certeza de que ele deixará seu nome inscrito na história política deste país. Aguardem para ver. Escrito por Eduardo Guimarães às 10h36

Nenhum comentário: